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E nada vai dete-la até chegar ao seu objetivo!
Revenge - Parte 2 de 4 - O terceiro rosto
por Tebhata Spekman
18:47h
Ela coloca uma pequena escuta no ouvido, havia preparado o ambiente durante a tarde com alguns microfones. Senta a beira da mureta do telhado, começa a contemplar as estrelas...
Estrelas?! No meio de uma cidade agitada como essa? Era a coisa mais rara de ser vista! Só poderia ser um presságio, assim abriu um leve sorriso. E ficou ali, observando alguns poucos pontos prateados no céu. Essa era a parte mais entendiante, esperar o momento certo para entrar em ação.
“E se ele hoje não aparecer?” _ sacode a cabeça pensando no quão é burra, era apenas uma espera comum, fazia parte do “serviço”. Definitivamente naquela noite ela não estava bem.
O transito estava horrível, lento como sempre, mas estavam se divertindo tanto! A música alta, um bom e velho rock n’ roll, ela erguia os braços no carro e balançava no ritmo, cabeça, braços... a voz no tom mais alto que poderia alcançar...
Dava um olhar maroto, infantil para o motorista, um senhor, para lá de seus 60 e tantos anos que a-do-ra-va ver a filha caçula dando seu “show” particular.
_ Te busco que horas? – eles trocam um olhar enquanto ela repara que ele dá “batucadinhas” com os dedos no volante enquanto cantarola a canção, por estas pequenas e outras tantas coisas o amava tanto.
_ Não devo levar mais do que 2 horas para completar a prova! – o carro para em frente ao destino – me deseja boa sorte?
_ Não precisa, minha filha... – ele sorri de forma sincera e pisca o olho direito –Tá no papo!
_Tá no papo, grande besteira... – novamente entregue a lembranças nem repara que sua escuta acusa movimentos – Droga!
Com um movimento para trás levanta rapidamente e coloca o gancho preso no beiral do edifício. Olha para baixo e observa os 28 andares que seria sua “queda”.
_Para quem tinha medo de altura, subiu na vida garota! – diz para si mesma enquanto confere se está com todo o seu “equipamento de trabalho”. Pistolas, sais, adaga... – Tudo pronto?
E joga no ar, brincando nas suas mãos, algumas bolinhas “surpresa” que logo guarda em um bolso em seu cinto, ajusta a roupa preta, verifica as botas e sorri para si mesma pensando...
_É hora do show! – seu pai grita pedindo para que ela entre no palco, enquanto pela enésima vez estava travada – Vamos lá, filha, você vai ser a melhor! Ninguém supera você!
E assim foi, a apresentação no Teatro Municipal, casa lotada, e ela, a melhor violinista da orquestra, solista, a crítica era só elogios,e por isso, estava tendo naquela noite uma recepção em sua homenagem!
_Você foi divina hoje! – seu pai chegou de forma serena e colocando um pequeno colar com um pingente de ouro em seu pescoço – minha garotinha, a melhor! Quero que conheça um companheiro meu... – ele estende a mão para o lado mostrando um homem magro, alto,de óculos e fumando um charuto que ao estender a mão para cumprimentá-la ela notou uma estranha tatuagem que lembrava um estranho cubo na sua mão.
_Para com isso pai... – sem graça ela estende a mão para cumprimentar – Senhor?
- Sarro, Doutor Sarro – ele leva a mão da jovem aos lábios – Tocou divinamente seu violino esta noite.
-Minha filha é meu dom mais precioso. Querida, Sarro é um renomado dentista, creio que ainda vamos passar muito tempo juntos... Agora, porque não vai ter seu momento de glória e desfilar sua beleza e dar orgulho ao seu velho pai? – os dois não conseguiam disfarçar o riso, e enquanto ele terminava de falar ela era puxada de um canto ao outro do salão.
Já passava das zero horas, quando ao conversar com o prefeito e a primeira dama ela trocou um olhar com o pai. Ele estava tomando uma taça de vinho branco ao lado do mesmo doutor que havia sido apresentada, quando a olhou de forma estranha. Olhos esbugalhados, rosto ficando vermelho, sentindo falta de ar, suor...
Tudo então começou a ficar lento demais.
Ela corre deixando a sua taça cair no chão a tempo de pegar o pai nos braços... A ultima coisa além disto que se lembrou foi ver o homem que acompanhava seu pai cochichar algo no ouvido de um outro... Ela nunca esqueceu esse terceiro rosto, o homem que falara com Sarro.
A sirene da ambulância chegando enquanto mantinha o corpo perto de si, o suor dele misturado as lágrimas os olhos fechados dela em meio aos olhos inertes e abertos dele...
Tudo lento... ou rápido demais...Quem poderia dizer?
Não notará que já estava pendurada na lateral do prédio, passando com uma das mãos sobre o pingente em seu pescoço, a outra segurando firme a corda. Uma última vez olha para baixo e tem noção da altura em que se encontra. Começa então a descida, um andar, dois andares, três...
_Três, oito, um! Trezentos e oitenta e um... – fala já um pouco impaciente para o rapaz incompetente que estava a sua frente, magrelo, branco da cor do jaleco e um óculos fundo de garrafa.
_Ah, esse paciente, sim! – depois da décima terceira tentativa ele sorri para ela – o laudo já saiu. Tome... – entrega uma pasta com o número “381” em sua capa e ajusta o maldito óculos – desculpe a demora...
Foi uma jornada longa, do advogado ao perito, voltando ao advogado, indo a perícia, consultando um médico especialista, mais uns “n” especialistas...
Para chegar a conclusão do primeiro laudo:
_Seu pai foi morto por envenenamento! – o detetive encarregado pelo caso a fita sem o mínimo tato – Alguém estava afim de apagar o coronel por algum motivo. – ele acende um cigarro e vira o corpo para se acomodar melhor a cadeira – Mas vou te dar um conselho: Não valhe a pena você se envolver no assunto, gata! Se ele morreu, era porque queriam ele morto!
Ele lhe explicou durante algumas horas no que seu pai estava envolvido, era um militar muito integro. Um militar que descobriu uma farsa grande envolvendo um dos chefes da máfia de contrabando de armas. Ele a convenceu de que este tinha sido o fim menos doloroso para a família. E que o seu pai sabia de todos os riscos, e feito de tudo para poupa-la.
Ela reconta pelas janelas quantos andares já desceu, sim, estava na altura do vigéssimo segundo andar, ela tenta se agarrar nas frestas que o edifício possuía. Se estica, tentando ignorar seu medo de altura e consegue, finalmente estava na sacada que dava a janela do escritório do maldito.
E assim ela permanece, abaixada apenas observando o homem que desgraçou a sua vida.
continua...
+ comentários + 6 comentários
Uau
soberbo...
a maneira com conduz as lembranças, nos faz participar de cada momento...
parabéns, sócia...
muito rápido tebh!!! mwhaha! li num piscar de olhos, caramba! Sarro apareceu, mwhaha! lá vem cross!! demora pra postar a parte 3 não, viu? parabéns!!!!
O que dizer além de perfeito?
Real mente essa história nos leva pelos labirintos que formam a vida da Revenge, de forma que parece a nós, leitores, que ela já é uma antiga conhecida, que ficamos cada vez mais ansiosos para saber tudo!
Meus parabéns!!
Um abração e até mais!
Passado e futuro se combinam como o claro e o escuro em suas linhas, amore. Adoro essa sua fic. Beijo.
Vou fazer que nem o senhor pai de Revenge... um sorriso pra ti Tebh de forma sincera e piscar o meu olho direito e dizer Tá no papo!
rsrsrrss.. muito bom adorei e irei acompanhar sim e meus parabens és uma artista talentosa e multifacetada muito bom isso Tebh beijo
Tebh, Revenge tá simplesmente fantástico!
As voltas no tempo revelando o passado da nossa querida assassina, que chegando cada vez mais perto do objetivo dela, são simplesmente de mais! O modo como você conduz o texto deixa a todos presos a ele! Ótimo!!
Parabéns, Tebh!!
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