Cronicas Heroicas #1. Caçadores de Herois.

As crônicas heroicas irão expandir o Universo Antares, com one-shots especiais, que contarão origens de novos personagens ou histórias novas dos já existentes.
Nessa primeira edição será revelado como surgiu o programa de maior sucesso da atualidade.
Os Caçadores de Heróis.

Observação Importante: Muitos dos detalhes dessa história estão ligados a outros títulos do UA já apresentados em histórias como os observadores, Lábaro e Teatral, portanto quem ler essas histórias antes poderá aproveitar melhor a leitura dessa edição.

Tudo começou com dois amigos, Augusto e José, que tinham uma câmera digital nas mãos, mas nenhuma ideia na cabeça.

- Precisamos bolar algo que as televisões paguem com suas almas para botar no ar Zé... Mas o que será que ainda não foi feito?

- E eu sei lá cara... - Zé ainda brincava com seu novo “brinquedo” imaginando como convencer uma garota, na qual estava de olho fazia tempo, a fazerem um vídeo mais íntimo, quando seu amigo parou de repente, fazendo com que eles acabassem trombando. - Porra Augusto... Prá que parar assim? Quase derrubo a câmera e...

Ele parou de falar quando percebeu para onde seu amigo estava olhando.

Pouco acima da cabeça deles um homem, ao menos parecia com um, estava realizando saltos acrobáticos, indo na direção de um terreno baldio.

O que mais chamou a atenção dos amigos foi que o homem parecia vestir um uniforme de super-heroi.

- Zé! Começa a filmar isso!

- Já tô na sua frente... - Dizendo isso ele realmente se adiantou, seguindo todos os movimentos do estranho uniformizado, até que ele sumir por detrás do muro do terreno. - E agora?

- O que você acha? Bora lá...

Os dois gravaram então uma luta entre o estranho e algumas pessoas, provavelmente bandidos, a julgar pelas armas dos mesmos e quando estes pareciam derrotados, um tiro acertou o ombro do atacante, fazendo-o cair.

Os bandidos conversaram com um recém-chegado, colocaram o estranho no porta-malas e depois mataram um dos homens. As palavras “infiltrado” e “policial” chegaram até os amigos, que continuavam a gravar tudo.

De repente todos entraram e carros, começando a se afastar do terreno e mais do que depressa, os amigos correram até a moto de Augusto e começaram a seguir os bandidos.

- Cara... Isso é loucura!!! Se esses tipos pegam a gente...

- Larga mão de ser bundão Zé! Essa gravação é nossa porta de entrada para o sucesso! E vê se encolhe essa barriga pô!

Poucos minutos depois eles estavam escondidos, gravando o que parecia uma transação entre vários bandidos.

De repente, para delírio de Augusto, o estranho pareceu retornar dos mortos, ressurgindo encima de um carro e saltando na direção dos bandidos, derrotando a todos, não sem sofrer novos ferimentos.

Quando ele estava terminando de acertar o que parecia o chefão, sirenes de polícia começaram a ser ouvidas, o que fez o estranho e os amigos fugirem daquele local.

No dia seguinte eles viram as manchetes de alguns jornais acusando o Teatral da morte de um policial infiltrado.

O estranho que Augusto e José haviam gravado agora tinha um nome.

Um nome e uma reputação que poderiam ser limpos pelas gravações dos dois amigos.

- E agora Zé, o que vamos fazer?

- Cara... Não sei não... Eu... Será que a gente não vai se encrencar? Com os bandidos eu quero dizer...

- Pois é... Mas puxa... Imagina como a gente se tornaria famoso com essa gravação...

- Augusto... De que adianta ser famoso e morrer por causa disso?

Um argumento válido que fez com que os dois acabassem por guardar aquela gravação e deixar de lado as ideias e pretensões de fazer um programa.

Pelo menos até o dia em que o mundo veio a conhecer o herói estadunidense que se apresentou como Potentman.

Foi quando a inspiração tomou a mente de Augusto.

Logo após a declaração do presidente dos EUA, o aspirante a repórter começou a ouvir notícias de um superhumano que tinha atacado um famoso castelo, fruto das atitudes ilícitas de um político e que talvez esse mesmo super humano estaria ajudando a pessoas durante as terríveis chuvas e enchentes, que marcaram o começo do ano em São Paulo.

Desse modo eles conseguiram gravar o momento em que o Lábaro enfrentou a dupla Felicidade e Alegria, editaram, Augusto gravou a apresentação do programa que pretendiam vender para alguma grande emissora e então começaram a oferecê-lo.

O canal History do Brasil foi quem acabou investindo na ideia e então poucas semanas depois ia ao ar o episódio piloto de Caçadores de Heróis.

XXX

Primeiro episódio.

“Olá a todos, sou Augusto, meu amigo é o Zé e estamos aqui para levar todos vocês numa viagem à procura da verdade sobre os eventos que estão literalmente sacudindo o planeta.” os dois amigos não pareciam totalmente à vontade, mas Augusto tinha um pouco mais de desenvoltura que seu amigo, tomando para si o papel principal do programa “Heróis. Super-Heróis. Nós iremos seguir toda e qualquer evidência da existência desses míticos seres, que parecem ter decidido sair das revistas em quadrinhos direto para nosso mundo. E vocês vão junto conosco... Sejam bem vindos ao... Caçadores de Heróis!!”

Um sucesso absoluto.

Feito ao vivo, como uma experiência do canal e apoiada por uma extensa campanha viral anterior, a audiência foi imensa, mesmo se tratando sobre um herói do Brasil.

As cenas das ações do herói conhecido como Lábaro se tornaram a sensação do momento, sendo comentadas até a exaustão pelas pessoas que viram o programa.

“As imagens foram levadas para alguns especialistas de imagens, que deixam um alerta para nosso herói:
Se tivesse sido usada uma câmera profissional, seria possível ver mais detalhes de seu rosto...”

Isso ajudou ainda mais os produtores do programa, que ofereciam dinheiro por vídeos de heróis em ação, o que agitou ainda mais a audiência.

Aqueles que não viram o programa, logo baixaram da internet, se juntando aos demais nas discussões, tanto na vida real, como também em vários sites e fóruns, aumentando assim a nova moda que estava surgindo, mas que realmente precisou de um pontapé inicial para deslanchar.

“Muitas vidas foram salvas naquele dia e esse herói brasileiro, que segundo minhas fontes se chama Lábaro, mostrou que até mesmo no nosso país é possível alguém se importar o suficiente para não ficar parado, enquanto o próximo necessita de ajuda...

Estejam aqui na semana que vem, quando estivermos de volta com mais detalhes sobre outro herói!!

Somente aqui... No Caçadores de Heróis!!”

- Você viu? - Logo após o fim do programa, Rodrigo correu para seu quarto, pegou seu celular e ligou para seu amigo João. - Ficamos famosos!!

- Mesmo assim eu acho que as modificações ainda são necessárias...

- Mas cara! Agora que aparecemos na televisão... Não podemos mudar o uniforme!!

- Aparecemos? Eu que fui gravado Rodrigo... E percebi que a máscara que você bolou não esconde nada do meu rosto... Viu o que disseram lá?

- Ah, sim... Mas... Poxa... Não é como se você tivesse uma identidade secreta...

- Esse corpo está estranho Rodrigo, muitas vezes eu me lembro das imagens dele sendo morto... Pelo que eu vi, ele foi encurralado por um assassino, mandado por um traficante, mas mesmo assim as imagens vem e vão... Não sei nem mesmo quando ou se poderei ir para outro corpo... Eu tentei esses dias e não consegui... E tem mais...

- O que?

- O coração voltou a bater...

Rodrigo levou a mão à cabeça, percebendo que talvez a situação do Lábaro, em breve, se complicaria.

XXX

No segundo episódio, que seria gravado e não ao vivo, Augusto e Zé conseguiram viajar até os Estados Unidos, com direito a uma terceira integrante na equipe, Simone. A princípio seria apenas uma intérprete, mas depois se tornaria a terceira apresentadora. Para esse programa reuniram muito material sobre Potentman.

“O presidente Obama pegou o mundo de surpresa quando, naquele dia anunciou o primeiro super-herói do mundo.” Augusto estava diante da Casa Branca, vestindo uma das camisetas com o rosto do herói estadunidense.

“Mesmo com uma crescente controvérsia, com direito a vários vídeos vindos da China que tentam contrariar os americanos...” já Zé parecia mais à vontade, esticando olhares significativos para Simone.

O restante do programa foi recheado com vários depoimentos, imagens variadas do Potentman em ação e muitas tentativas de conseguir uma entrevista.

Eles ficaram mais de uma semana nos Estados Unidos, gravando o programa

Apesar de não conseguirem sua primeira entrevista, os apresentadores mantiveram o ibope do primeiro programa, acabando por conseguir fechar uma primeira temporada com cerca de doze capítulos.

- Mas precisamos encontrar outras coisas pessoal... – No meio de uma festa, comemorando o novo sucesso, Rogério, o diretor geral, fez uma reunião rápida com sua equipe. - Precisaremos descolar muito material para os próximos programas... Talvez uma heroína... Ouvi falar de uma que caça estupradores e outra que é super forte... De repente podemos tentar descobrir alguns podres... Mas estou contando com vocês e suas idéias... No próximo mês os dois primeiros programas serão repetidos em horários diferentes para analisarmos o ibope...

Após a “chuva” de informações, antes que Augusto, Zé e Simone sequer conseguissem pensar em algo, Rogério se levantou, abriu a porta e já saía por ela.

- Agora desfrutem a festa!

Naquela noite Augusto não conseguia dormir e então foi até a sala de sua casa, ligando o computador e revendo as gravações sobre o Teatral.

Ele ficou horas avaliando as imagens, vez ou outra procurando artigos sobre o vigilante e percebendo que ele ainda era acusado pelas mortes daquele dia.

“Hum...” Ele escondeu a pasta num lugar que considerou protegida, deixou o arquivo oculto e salvou uma cópia num pendrive, indo até um armário e guardando-o dentro de uma caixa de sapatos.

- Quem sabe um dia? Vai que a audiência cai e eu preciso de uma bomba como essa? – Ele parecia precisar de uma desculpa para si mesmo. - Além do que, aqueles bandidos podiam vir atrás de mim, não é?

Após isso ele conseguiu dormir calmamente, com um largo sorriso no rosto.

Fim.