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Excalibur 2099 capítulo 04 - O Plano perfeito.


Excalibur 2099 capítulo 04 - O Plano perfeito.
Por Alex Nery e João Norberto

Bahijah sentia uma dor aguda vinda de seus pulsos, constantemente feridos pelas cordas que o prendiam, mas não era a dor em si que mais o incomodava.

Era o absurdo da situação.

“Cordas!! Em pleno 2099!!” Os pensamentos do jovem rebelde se enchiam de ódio ao lembrar de como os Espectros mantinham o povo em uma nova idade média “Só faltam as tochas e as forcas...”.

Ele ouvira histórias dos outros continentes dominados, de como a tecnologia era muito mais avançada e comprovou essa informação quando seu grupo de rebeldes começou a roubar tecnologia das outras raças alienígenas, principalmente armas, para serem usadas contra os Espectros.

Apesar de todo seu esforço, eles não tinham avançado mais do que antes de ele começar a liderar a célula rebelde da Inglaterra.

E agora estava ali.

Junto com os demais membros capturados, durante a fracassada tentativa de ataque ao comboio Shia'r, Bahijah seguia para seu destino, a cabeça erguida em sinal de desafio para os Espectros.

Desse modo ele pôde perceber bem como era a base dos alienígenas.

As paredes tinham grossas crostas de algo que lembrava pele humana, de onde brotavam imensas manchas de algo que lembrava musgo, mas de cor avermelhada, o teto estava todo negro, sem que fosse possível perceber se ele estava a metros ou a centímetros das cabeças, o chão era escorregadio, como se coberto com uma pasta, por onde pequenas criaturas, lembrando ratos, corriam pelos pés dos prisioneiros, dando eventuais mordidas nos mesmos.

O pior era o fedor.

Algo que lembrava uma mistura de ovos podres com excrementos humanos, o que fazia os olhos arderem e lacrimejarem, dificultando até mesmo andar, fazendo com que alguns caíssem e não se levantasse mais.

Esses eram deixados para trás, servindo de comida para os “ratos”.

“Eu não serei tão fraco...” Eram os pensamentos que faziam o prisioneiro manter a postura desafiadora “Não vou baixar a cabeça prá esses desgraçados...”.

E assim ele permaneceu, mas mesmo o mais corajoso dos homens sentiria um pavor percorrer a espinha ao deparar pela primeira vez com o Fosso.

Sobre algo que lembrava uma cratera, cujas paredes se elevavam alguns metros do chão, um circulo de luz iluminava um imenso salão, que Bahijah reconhecera das vezes em que vira o processo de banimento, muitas vezes presenciando amigos e companheiros serem lançados do Fosso.

E agora era sua hora.

- Hoje haverá muita comemoração meus irmãos!!! - Um dos alienígenas tomava a liderança da cerimônia, erguendo seus tentáculos e em seguida segurando o rosto do líder rebelde. - Finalmente capturamos esse pequeno saco de carne que ousou erguer a mão contra seus soberanos... Por suas ações muitos irmãos foram mortos...

Guinchos estridentes partiam dos demais Espectros, sons impregnados de ódio e repulsa que pareciam atingir a todos no continente. Mulheres grávidas perdiam seus filhos, moribundos finalmente morriam e muitos ficavam ainda mais loucos.

- Qual seria o castigo ideal, eu lhes pergunto? Retalhar o corpo desses assassinos? - A turba alienígena se agitava em novos guinchos. - Não... Isso seria pouco para eles e a dor que nos causaram!!!

Bahijah mantinha o rosto erguido, seus planos o haviam levado até aquele momento e ele passaria por tudo o que fosse necessário para cumpri-los.

- O destino dele e de seus asseclas não será outro senão... O Fosso sem Fim!!!!

Um a um os humanos foram empurrados, desaparecendo assim que seus corpos tocavam o portal, sendo imediatamente transportados para o Limbo.

Bahijah foi o último e ele lançou um olhar desafiador para o Espectro líder, que o esbofeteou com o tentáculo antes de agarrá-lo e jogá-lo no Fosso.

O jovem humano sentiu como se de repente milhares de pequenas agulhas perfurassem toda a extensão de sua pele, causando uma dor lancinante, que ameaçava enlouquecê-lo à medida em que ele parecia estar caindo por um imenso buraco.

“Merda...” seus pensamentos ainda se mantinham coesos, mas ele temia que não por muito tempo “É verdade mesmo lance de ver a sua vida enquanto se está prestes a morrer...”.

E então seus pensamentos voltaram ao passado distante, quando Bahijah teve seu mundo destruído pela primeira vez.

Quando seus pais morreram.


XXX

A nave era apertada demais, cabiam exatamente o piloto, o casal e o filho adolescente deles, ainda assim a família se espremia muito, tentando ficar o mais confortável que podia.

- Logo estaremos nos Estados Unidos Bahijah... Não é emocionante?

- Não sei a diferença... - Nesse momento o menino se esforçava para deixar bem claro sua posição quanto à decisão dos pais. - Não importa para onde formos, seremos humanos em qualquer lugar do mundo...

Naquele tempo nascer humano era quase como nascer sem mãos e pés a quase um século atrás, praticamente um defeito genético, afinal de contas os humanos agora só eram os dominados em um mundo comandado por outras raças.

Ainda assim os pais de Bahijah ainda tinham fé na intervenção de seu Deus, de que ele acabaria por libertar seus filhos da terrível situação em que se encontravam.

- Nos Estados Unidos teremos chance de recomeçar... - O pai agora falava sem encarar sua esposa ou seu filho, era como se ele tentasse convencer mais a ele do que aos demais. - Lá os humanos são melhor tratados... Alguns até são tratados como iguais pelos Skrulls...

- Ouvi dizer que lá alguns aliens estão casando com humanos... - A mãe sentiu um arrepio percorrer seu corpo, deixando claro o nojo que tal ideia lhe provocava. - Um absurdo isso...

- Até parece... Os aliens não estão nem aí prá gente...

- Pelo menos, lá estaremos a salvo da violência dos Baddons...

Dizendo isso o pai de Bahijah levou a mão ao que restara de sua perna, amputada após ter simplesmente esbarrado num dos violentos e enormes alienígenas reptilianos.

Muitos outros humanos morriam por motivos ainda mais fúteis em Badoonariar, o bloco de dominação Badoon, onde antes era a região conhecida como Europa ocidental.

Escravagistas por natureza, o Baddon eram aqueles que mais desprezavam os humanos, pelo menos era o que a família de Bahijah achava, uma vez que não tinham tido contato com nenhum outro alienígena.

O jovem descobriria que existiam seres ainda piores.

O pai dele havia conhecido um piloto que, pelo preço certo, levaria sua família para fora de Badoonariar pelo preço certo.

Os olhares e sorrisos lascivos do piloto para a mãe de Bahijah, bem como a vergonha que ela parecia estar sentindo, deixavam bem claro qual havia sido o pagamento.

- Não existe um lugar seguro para os humanos...

A frase do jovem caiu pesadamente sobre todos os ocupantes da nave e o silêncio que se seguiu, deixando todos os presentes a sós com seus pensamentos, acabou sendo breve, pois logo o piloto soltou um grito de terror.

Diante da nave surgira algo de que eles haviam apenas ouvido rumores:uma imensa criatura alada que em alguns aspectos lembrava dinossauros alados, o que já disparava um “gatilho” de medo na mente dos ocupantes da nave.

Esse “gatilho” somado ao fato de que o monstro tinha a totalidade da pele em cores escuras, com o preto sendo predominante, foram mais do que suficiente para minar as habilidades do piloto, que mal conseguiu mover os controles, se tornando assim uma presa fácil.

O primeiro golpe da criatura abriu um rasgo na lateral da fuselagem, por onde começou a vazar um líquido amarelado, sendo confirmado pelo piloto como combustível, o que o forçaria a tentar um pouco forçado.

No instante seguinte os planos do piloto foram modificados, pois a criatura voltara e após uma sucessão de ataques, arrancou as duas asas na nave.

Agora não haveria chance de um pouco, mas simplesmente uma queda fatal.

Fatal para quase todos os ocupantes da nave.

Quase todos.

Bahijah mal conseguiu se arrastar para fora do que restara da nave, seu corpo apresentava muitos ferimentos e o sangue jorrava farto. A última imagem que ele viu foi a da criatura se aproximando e antes de perder a consciência ele podia jurar que tinha ouvido a voz de um anjo que gritava “Ele não será seu”.

Depois só escuridão.

Os dias seguintes de Bahijah foram marcados por clarões de consciência seguidos de uma série de desmaios, em que ele mal podia perceber onde estava ou mesmo se havia alguém junto a ele.

Algumas vezes um brilho dourado parecia ferir seus olhos antes de ele os fechar em outro desmaio.

Quando finalmente ficou forte o suficiente para despertar por completo, o jovem finalmente conheceu quem o havia salvado, mas a surpresa foi maior que a gratidão, ao perceber que estava diante do que restara de um robô.
As formas e curvas eram femininas e o metal tinha um tom dourado que, mesmo envelhecido e recoberto de manchas de ferrugem, ainda reluzia nas raras oportunidades em que ambos andavam sob o Sol.

A criatura metálica fez tudo ao seu alcance para que o jovem se recuperasse e após várias semanas, começou a treiná-lo na arte da sobrevivência numa terra tomada pelos Espectros.

“Por que você está fazendo isso?” Bahijah perguntou certo dia “Pois preciso de você para recuperar meu coração...” foi a enigmática resposta.

“E afinal de contas, qual é o seu nome?” Com o passar do tempo as dúvidas iam crescendo “Nomes são algo poderoso, eu lhe direi quando chegar o momento correto...” assim também cresciam as esquivas dela.

Após mais de dois anos, quando sua companheira foi ficando cada vez mais lenta, ela finalmente disse que o dia das revelações chegara.

“Meu nome, jovem Bahijah, é Starshine eu sou, ou fui, parte dos Cavaleiros Espaciais de Gálador, e inimiga ferrenha dos malditos Espectros.”

Ela revelou todos os segredos da raça guerreira que era inimiga mortal dos Espectros e cujo mundo foi destruído pela coalizão alienígena antes de rumarem para a Terra, como uma condição imposta pelos Espectros para que eles aderissem.

Os Cavaleiros Espaciais foram os últimos Galadorianos vivos e perseguiram seus inimigos durante anos, numa cruzada por vingança que teve um final trágico.

Todos os Caveleiros foram mortos e suas armaduras foram tomadas como prêmio pelos Espectros.

Exceto por dois deles.

Starshine escapara de seu destino, se mantendo escondida na Terra, escolhendo justamente a área ocupada pelos Espectros para ficar o mais perto que podia do outro Cavaleiro que sobrevivera.

Rom.

Ele fora o maior de todos. O mais poderoso, mais honrado, mais devotado.

O de destino mais trágico.

Ele possuía uma das únicas armas capazes de eliminar um Espectro sem, no entanto, causar mortes.

O Neutralizador.

Algo despertou na cabeça de Bahijah, após receber aquela informação e e então ele surpreendeu sua salvadora, com um interesse em sua história que não tinha apresentado até então.

Naquele momento um plano havia sido traçado.

Bahijah, sendo orientado por Starshine, encontrou pessoas que, assim como eles, queriam dar um fim ao domínio Espectro, começando assim um princípio de rebelião que serviria de cobertura para que ele fizesse seus primeiros movimentos.

Aproveitando as visitas regulares de grupos vindos dos demais blocos de dominação mundial, visando acordos comerciais com os Espectros ou troca de informação sobre a magia terrestre, os humanos estavam reunindo um arsenal, todos composto por armas roubadas das demais raças.

Durante um tempo isso parecia o suficiente para os colegas de Bahijah, mas após meses realizando esse tipo de ação, seus comandados começaram a questionar qual era o verdadeiro objetivo de seu líder.

Antes que Bahijah tivesse que criar alguma desculpa o destino conspirou a seu favor, ao colocar o jovem Alex em seu caminho.

Exatamente quem ele precisava.

Aos poucos Bahijah se tornou o melhor amigo de Alex, ao ponto de ter certeza de que o rapaz aceitaria se tornar um simbolo do povo oprimido, ao mesmo tempo em que faria de tudo para salvá-lo, caso fosse necessário.

Afinal de contas a parte principal do plano consistia em ser capturado.

A oportunidade perfeita surgiu quando Bahijah foi informado do comboio Shia’r.

Ele mesmo cuidou de “vazar” a informação do ataque dos rebeldes, mesmo sabendo que vários de seus colegas seriam capturados, ele sabia que Alex escaparia e encontraria seu esconderijo.

Agora era torcer para que o amigo realmente tentasse salvá-lo.



XXX

A enxurrada de lembranças, provocada pela entrada no Fosso, terminou no exato momento em que uma verdadeira explosão de dor o atingiu no ombro esquerdo.

Quando Bahijah finalmente abriu os olhos, o que só foi possível depois de várias piscadas, ele percebeu horrorizado o que havia lhe causado a dor.

Eram os restos mortais de um de seus companheiros rebeldes que, por um motivo que ele desconhecia, fora lançado no fosso depois dele, mas parecia ter chegado a um tempo antes.

- O tempo é estranho no limbo... – Só ao ouvir a frase sibilar Bahijah percebeu o Espectro que acabava de erguer a cabeça de uma das pernas do humano morto, algo que lembrava sangue escorria do capuz do alienígena. – Esse pedaço de carne deve ter entrado no fosso depois de você, mas já havia chegado horas antes... Mas não se preocupe, pois sua vez vai chegar...

Assim que as palavras chegaram aos ouvidos do jovem, ele percebeu que um grupo de mais de dez Espectros parecia brotar de uma das paredes, ou o que parecia ser as paredes daquele local.

Bahijah não conseguia se mover direito. Era como se seu corpo não seguisse corretamente seus pensamentos, movendo um braço errado, ou não conseguindo nem respirar direito.

- Está difícil não é alimento? – Outro Espectro, ou o mesmo de antes, o jovem não sabia dizer, se aproximou, agindo como se conseguisse ler os pensamentos do humano através de sua fisionomia. – Não consegue se mover bem, o corpo não responde ao mais simples dos comandos... Muitos de vocês chegam aqui sem sentidos ou mesmo mortos... Você deve ser um pouco mais forte e talvez mais suculento...

O desespero atingiu seu limite quando imensas presas pareciam crescer para fora do capuz, que mantinha o restante da cabeça do alien escondida, indo perigosamente na direção do pescoço do rapaz.

- Na... Não... – Até falar era uma agonia.

- Vejam como ele implora e... Nããããããooooo!!!!

Bahijah conseguiu ver apenas com o canto dos olhos quando uma luz escarlate preencheu o local onde ele estava e seus ouvidos sangraram quando os gritos e maldições que os Espectros ecoaram, mas em poucos instantes tudo silenciou.

Os Espectros haviam morrido. Todos eles.

Pelas mãos daquele que antigamente preferia exilar do que matar.

- Morram vermes! – Uma voz que soou metalizada chegou aos ouvidos feridos do rapaz. – Que vocês morram centenas de vezes pelo que fizeram a Gálador!

Após isso silêncio novamente e os olhos de Bahijah ficaram perdidos focando o nada que parecia ser o teto que estava diante dele.

Pronto para morrer finalmente.

Nesse momento uma sombra surgiu diante dele e novamente ele ouviu aquela mesma estranha voz:

- Hum... Um humano vivo? Realmente algo que nunca imaginei ver no Limbo...

E finalmente Bahijah se entregou de vez às bênçãos da inconsciência.

- Beba e se sentirá melhor...

O jovem fez o que lhe foi ordenado, as palavras de alguém que ele ainda não conseguia distinguir as feições não eram gentis, mas tinham sim o tom de ordens.

Ao sentir o líquido grosso e quente descer por sua garganta Bahijah não pôde se conter e vomitou o que não tinha no estômago.

- Minhas desculpas... Não sabia o que poderia ou não oferecer a um humano... Considerando que me “alimento” apenas das energias residuais do Limbo, não sei como manter alguém como você vivo por aqui...

O jovem conseguiu, a muito custo, mover a cabeça para a sua esquerda, a direção de onde parecia vir a voz e foi então que finalmente o viu.

Ele tinha pelo menos uns três metros de altura, sua armadura branca reluzia até mesmo naquela estranha dimensão e permitia a Bahijah ver sua imagem refletida naquele estanho metal.

No lugar dos olhos brilhavam duas luzes avermelhadas que o deixavam ainda mais se expressão, mas quando ele falava, mesmo com a voz mecanizada, suas emoções eram perfeitamente externadas.

- Peço desculpa também pela minha falta de educação... Não me apresentei direito e provavelmente um humano como você deve estranhar minha forma... Eu sou...

- Rom... - O que deveria ter sido um grito acabou saindo como um débil sussurro. - Rom... O Cavaleiro Est...

- Então me conhece? Imagino que deva ter conhecido minha companheira e eterna amada, Starshine... - Um movimento positivo da cabeça de Bahijah foi a única resposta que Rom obteve. - Ela está viva então! E provavelmente conseguiu dar continuidade aos nossos planos para vencer os Espectros... isso é excelente...

O jovem humano tosse violentamente, cuspindo generosa porção de um sangue enegrecido no que parecia ser o chão do local.

- No Limbo muitas das leis, que regem a dimensão de onde viemos, estão violentamente distorcidas... - Enquanto se explicava, Rom tentava desastradamente cuidar do jovem enfermo. - Os Espectros se ajustam quase que imediatamente, dada sua natureza transmórfica, eu mesmo levei o que pareceram anos até conseguir me mover. Só não fui destruído pois as armaduras dos Cavaleiros Espaciais foram projetadas para serem virtualmente indestrutíveis.

Ao perceber que o humano desmaiara outra vez, Rom cessou de falar e se aproximou de uma abertura, localizada numa das paredes do abrigo que ele erguera para ambos, pois seus sensores haviam captado movimento.

Os Espectros se aproximavam e dessa vez eram centenas.

O Cavaleiro Espacial ergue sua arma, o Neutralizador e imediatamente um brilho avermelhado era refletido por sua armadura.

“Pelo visto finalmente teremos nossa batalha final...” os pensamentos de Rom rapidamente voltavam para os séculos de aprisionamento, onde a cada dia após conseguir voltar a se mover, eram marcados por longas batalhas contra seus inimigos “Pelo menos com a chegada desse humano tenho um motivo a mais para essa luta... Portanto se preparem seus malditos”.

Dizendo isso ele deu mais uma olhada na direção de Bahijah, firmou o Neutralizador mais uma vez e saiu do abrigo.

Pouco depois o jovem humano voltava a acordar, devido ao que parecia o som de uma terrível batalha acontecendo ali perto. Sentindo o corpo um pouco mais acostumado à tortura do Limbo, ele arriscou se levantar e após algumas tentativas, finalmente conseguiu dar alguns passos, até se escorar perto da abertura onde Rom estivera.

O que ele viu, no entanto ficaria gravado para sempre em sua memória.

O horizonte estava quase que todo repleto de Espectros, não se via o chão por sob seus pés e grandes manchas escuras também preenchiam os céus, quando os alienígenas se aproximavam na forma de Asas Negras.

O horror de tal visão ameaçava fazer com que Bahijah voltasse a desmaiar, mas logo uma rajada de energia escarlate pareceu varrer os céus, desintegrando as formações de ataque aéreo dos Espectros e fazendo com que o jovem tentasse focalizar sua visão em um pequeno ponto prateado rodeado pelos alienígenas.

Era Rom.

O Cavaleiro Espacial lutava com uma selvageria mesclada a uma técnica que Bahijah jamais poderia imaginar, combinando ataques físicos com disparos certeiros do Neutralizador.

Um Espectro saltou nas costas de Rom e este, após fazer um movimento brusco com seu tronco, enterrou seu punho na cabeça do inimigo, usando o corpo deste como uma arma, girando-o por cima da cabeça, limpando assim um espaço ao seu redor.

Quase que instantaneamente novos inimigos saltaram sobre ele.

O Neutralizador parecia ter o ar ao seu redor deformado, tamanho era o calor emitido pela arma por conta do uso excessivo, mas Rom continuava a mover a arma na direção dos inimigos, que deixavam apenas um pó esbranquiçado como restos.

Bahijah lembrou das histórias de Starshine, sobre a arma de seu companheiro, que não matava, mas apenas mandava os Espectros para o Limbo.

“Pelo visto... As regras mudaram...” o pensamento foi acompanhando por novo jarro de vômito, repleto das manchas escuras de sangue “Pau... Desse jeito não vou durar muito... Preciso dele aqui...”

Sem imaginar como estava seu protegido Rom continuava a atacar os Espectros, ainda assim eles continuavam seu ataque, como ondas que quebram sem parar contra um rochedo.

Um Espectro começou a disparar rajadas de magia contra o Cavaleiro Espacial, mas acabou apenas acertando alguns companheiros que tentavam atacá-lo pelas costas. Essa era uma vantagem da qual Rom tentava se aproveitar ao máximo, pois quando os inimigos percebessem poderiam se afastar e tentar ataques à distância.

Mais algumas rajadas e então Rom percebeu que sua placa peitoral começava a emitir um brilho avermelhado, o que fez com que o Cavaleiro alçasse voo, se postando de costas para algo que lembrava um enorme paredão de um estranho material amarelo.

Bahijah continuou observando quando Rom começou a abrir a placa peitoral de sua armadura, mas logo o jovem humano teve de se lançar ao chão do abrigo, pois o ar foi preenchido com um brilho igual ao do Neutralizador.

Quando o jovem finalmente conseguiu se erguer não conseguiu evitar a surpresa ao constatar que todos os Espectros haviam sido mortos.

Apoiado no paredão, Rom se mantinha imóvel. Era como se ele tivesse usado toda sua energia. O lugar onde brilhavam seus olhos agora estava todo negro.

“Não...” Lágrimas começavam a surgir nos olhos de Bahijah “Não quando eu estava tão perto...”

O desespero era tão grande que o jovem não percebeu o som dos jatos do Cavaleiro se aproximando, só erguendo o rosto quando ouviu a voz de Rom:

- Humano... - Bahijah podia perceber a dor do outro mesmo através da voz mecanizada. - Nós dois estamos morrendo... Mas podemos evitar isso... A um custo...

- Qualquer... - O jovem precisou se controlar para não exibir o maior sorriso que sua boca seria capaz de mostrar. - Faço... Cof... Qualquer coisa...

- Que assim seja!

A placa peitoral se abriu novamente e Bahijah ergueu os braços, numa tentativa instintiva de se proteger, mas o que aconteceu foi algo totalmente inesperado.

Ao longo do tronco do Cavaleiro Espacial uma espécie de fissura começou a surgir, abrindo-o totalmente, mostrando que existia apenas circuitos e uma espécie de energia lá dentro.

Assim que o jovem humano estendeu suas mãos, como uma criança que pede colo aos pais, ele sentiu que algo o puxava na direção da armadura, transformando seu corpo em energia.

Segundos depois da transferência a fissura se fechou lentamente e o corpo que fora de Rom permaneceu parado por longo minutos, até que dois brilhos azuis surgiram no lugar dos olhos vermelhos do Cavaleiro Espacial.

Ele ergueu então as mãos, olhando para as mesmas como se fosse a primeiras vez que as via, fez o mesmo com o restante do corpo para logo em seguida estender sua mão e pegar o Neutralizador, que jazia abandonado ali perto.

A cabeça da armadura se voltou para o estranho céu do Limbo e depois para um portal, igual ao que Bahijah atravessara para chegar até ali, que surgia à sua direita e quando ele falou foi a voz do humano que soou metálica:

- Finalmente...

Continua...
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+ comentários + 1 comentários

20 de julho de 2010 às 04:39

poisé, fique cheio de ponto de interrogação, mwhahaha!

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