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Ultimate UNF: Superboy #1


A adolescência é uma fase dificil para muitos jovens. Imagine com superpoderes. Venha conhecer um inédito homem de aço.


..

Superboy #1: Um outro amanhecer

Por Pedro Caldeira


Smallville


Briga! Briga! Briga!


Os gritos ecoavam pelo refeitório. Nenhum aluno mais estava sentado. Todos faziam um círculo para ver, e incentivar, uma confusão.


De um lado, Bob, atual melhor jogador de basquete do colégio. 1.93m. negro. Cabelos no estilo black power. Cara enfezada.


Do outro, Clark. 1.83m. corpo definido. Cabelos para cima. Camisa curta e cueca à mostra. Sorridente.


Briga! Briga! Briga!


Bob monta uma guarda herdada do treinamento de boxe com o tio. Pouco eficiente.


Com a palma da mão esquerda aberta, Clark o empurra.


Foi o suficiente.


Bob voou metros até se chocar contra o balcão, e receber bandejas e comidas.


O silêncio reinou no ambiente.


- Você é um marica, Bob.


Ao fundo, o descontentamento pela veloz luta.


- Senhor Kent!


A voz do diretor estremecia os pilares do ambiente e os membros inferiores dos alunos.


- Detenção. AGORA!


***


Sentado, relaxado. Pernas abertas, mãos segurando o Ray Ban aviador de armação dourada e lentes esverdeadas. Vez ou outra uma mão levantava mais os cabelos, ajeitando-os.


- Senhor Kent... o que há com você? Nos últimos anos qualquer piada se torna ofensa... briga... e, como consequência, um aluno na enfermaria.


- Pode ser coisa da puberdade, senhor.


Um olhar de reprovação dado pelo superior.


- Quando seus pais explicaram que você não era um garoto normal, ao virem matriculá-lo, aceitei, justamente por respeitar as diferenças e apostamos que a convivência com pessoas – pausa – normais, digamos, seria de extrema importância.


Clark continua mexendo no Ray Ban.


- Você está suspenso. De noite irei até o rancho conversar com seus pais.


- Ok. Prefere café ou chá?


- Kent...


- Ou talvez cerveja? O senhor curte, né? Te vi saindo do BHNight, trocando as pernas...


O diretor ajeita a gravata.


- Espero que também participe da conversa em família.


- Posso ir pra casa?


***


Rancho Kent


Um raio corta a plantação até a casa-sede. Um novo desenho surge no milharal.


- Cheguei, Martha.


- "Cheguei, mãe", você quis dizer.


- Você entendeu.


- O diretor me ligou; ele vem jantar aqui.


- Tou sabendo.


- Você deixou um colega na CTI, Clark.


- Ele me ofendeu.


- Por isso brigou com ele? Meu filho...


- Eu não sou seu filho. – interrompe.


- É sim!


- Você entendeu...


- Clark...


- Sem sermões.


- Com sermões. Meu filho... quando eu e seu pai resolvemos assumir você, sabíamos que seria difícil a sua adaptação. Decidimos correr o risco quando descobrimos do que você é capaz.


- Eu já disse que ele...


- Fique calado. Eu estou falando.


Clark senta na cadeira, resmungando, e joga a mochila sobre a mesa.


- Filho... essa sua força... seus poderes... tudo isso foi um presente dado por Deus. Você tem que saber usá-los.


- Deus? De onde eu vim não existe Deus, Martha.


- Mãe.


- Não tenho culpa de ter poderes. De ser bonito. De ser o melhor.


- Se controle...


- Não venha com aquele papo de com grandes poderes vem grandes responsabilidades.


- Se controle, Clark. Ao menos em consideração a mim e a seu pai.


- Vocês não são meus...


- Você entendeu – interrompe Martha – Agora suba, tome banho e venha comer.


***


O tempo custou a passar enquanto Clark ouvia – entediado – a conversa entre seus pais e o diretor.


Ele bocejava, mostrava irritação. Nada adiantava.


- Clark – disse Jonathan – Vá lá para fora. Pegue o trator porque amanhã bem cedo vamos ter que arrumar o estrago que você fez na plantação.


Sem dizer uma palavra, ele sumiu. Em questões de segundos já carregava – nos ombros – a máquina e a deixava perto do milharal. Voltou para casa-sede na mesma velocidade, a tempo de ouvir:


- Não podemos tolerar isso, senhora Kent. Os pais dos alunos querem uma punição enérgica, exemplar.


- Por favor, diretor, eu imploro. Expulsá-lo só vai deixá-lo mais confuso. Ele precisa de apoio.


- Entendo, mas essa não é primeira vez, senhora.


- Só mais uma chance.


- Amanhã vai haver a final do intercolegial de basquete e, graças a Clark, o nosso cestinha está fora.


- Quer dizer que vai fazer com que meu filho jogue?


- Não. Ele está fora do time. Não apenas por não sabermos como a Federação de Basquete se posicionaria por termos um... digamos... estrangeiro na equipe. Clark precisa ouvir "não". Precisa perder coisas de que goste para poder compreender que ele não é rei.


- Diretor – pela primeira vez na noite, Jonathan se manifestara – eu concordo com tudo que foi dito. Puna-o, mas não o expulse. Não o prive do contato com jovens como ele... com a idade dele. Ele vai amadurecer em breve.


- Farei isso por consideração a vocês, mas insisto: Clark não merece ter vocês como pais. Agora, com licença... e obrigado pelo jantar.


O diretor sai, deixando Martha e Jonathan tensos.


- Pode descer, filho. Sabemos que está no telhado, ouvindo a conversa.


A lufada de vento revela a entrada ao recinto.


- Não precisamos dizer mais nada, não é? Vá dormir.


Dia seguinte


Final do Intercolegial de Basquete.


Ginásio lotado. Torcidas empolgadas. Belas jovens fazem coreografias e animam os presentes.


Vai! Vai! Vai!


Clark entra e procura um lugar para sentar. Encontra. Vai esbarrando nas pessoas até ser chamado de mal-educado.


- É você, sua... Lana?!


Não houve respiração.


- Você...


- Não fale comigo, Clark.


- O que eu fiz?


- Nada! Esse é o problema. Você NUNCA faz nada!


- Ah, qualé? Ele começou!


- Eu pensei que você fosse diferente.


- Mas eu sou.


- Diferente no melhor sentido possível. Você é mimado!


- Lana, peraí!


- Não ouse falar comigo, Clark.


- Mas e nosso primeiro encontro? É hoje!


- Nunca vai existir um primeiro encontro. – dá as costas e começa a andar.


- Problema seu! Tem um monte de gatinha querendo sair com o super aqui!


"Ela nem olhou pra trás..."


Enfim, sentou na arquibancada.


A olhares tortos.


Todos cantavam.


Logo, se afastavam.


- Vai, rebanho! Ao menos assim eu tenho mais espaço! Quero ficar me esfregando em vocês não!


Começa o segundo quarto.


O time da casa vai ganhando por uma leve vantagem.


- Esse timeco aí joga melhor sem Bob, aquele otário!


Vaias. Até os jogadores – das duas equipes – pararam o jogo e gritaram ofensas.


O corpo de Clark planou e ele saiu, sorrindo.


Lá fora comeu um cachorro-quente. Bebeu refrigerante. Arrotou alto. Protegeu os olhos com os óculos. Se encostou numa árvore.


- Satisfeito, senhor Kent.?


- Ih, diretor, cai fora. Tou fazendo nada de errado não.


- Ainda não, né?


- Hum?


- Quer um conselho, jovem? Volte para casa. Hoje você não será bem-vindo aqui.


- Acha que posso estragar esse joguinho; essa única diversão que vocês têm?


- Escute um homem mais velho.


- Olha...


"Eu não gostei de suas insinuações lá em casa ontem..."


- Sim?


- Boa sorte! – e levanta vôo.


Terceiro quarto.


Time da casa perdendo. Torcida alucinada,


Explosão.


Fumaça.


Fogo.


Gritos.


Corrida.


Gente caindo, sendo derrubada, pisoteada. As portas de emergência estavam travadas.


Os apelos de socorro.


Os mesmos escutados por Clark, que sentava no nada.


- Que chamem os bombeiros! – gritou do céu.


Seu sorriso...


...foi...


...sumindo.


As sobrancelhas se arquearam. A testa franziu.


- Merda!


Novamente o rastro seguia até o ginásio.


O choque foi tão grande que uma parede desabou. Todos fugiram por lá e os que não estavam conscientes, foram empilhados e carregados por Clark.


Felizmente não houve graves feridos ou mortos.


Felizmente Clark estava perto.


Bombeiros e polícia agiam, cada um no seu trabalho, seja de debelar as chamas, seja investigar a causa do incêndio.


- Olha ele ali!


- Seu imbecil! Como teve coragem de fazer isso?


- É o quê? - responde, indignado.


- É! Você ficou irritado e quis matar a gente!


- Cês tão loucos? Eu salvei vocês! Ingratos! Devia ter deixado todo mundo morrer! Ao menos o mundo ficaria com menos manés! – e alçou vôo.


O diretor passou a explicar que dessa vez Clark havia realmente sido o herói...


Rancho Kent


Cara enfezada.


- Vem comer, filho.


- Tou sem fome. Vou pro galpão.


A porta, fechada com força.


- Quer que eu vá falar com ele, Martha?


- Não. Quando ele vai pro galpão é porque vai pensar. E isso é bom.


- Deve ter acontecido algo grave, então?


- A gravidade do problema é proporcional ao tempo em que ele fica lá.


- Deixe comida para ele e vamos ver televisão.


Lá no galpão, no meio dos equipamentos de musculação, apenas de cueca boxer branca, ele olhava o céu.


Viu o sol baixando. As primeiras estrelas apontando. A lua cheia.


Ouviu o galo cantando.


Ele continuava na mesma posição.


Olhando o céu, de cueca...

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+ comentários + 6 comentários

9 de junho de 2010 às 13:27

Gostei desse Clark também. Esse capítulo me lembrou muito dos primeiros dois episódios de Smallville, mas com um Clark menos... digamos... bundão xD...

Muito legal, Caldeira...

9 de junho de 2010 às 15:36

Caceta! Que Clark insuportável!! Chato, mimado e metido a besta!
Adorei odiar o garoto! Tomara que ele sofra muito ainda!
Realmente uma versão inovadora e instigante do mito do Super!!
Meus parabéns cara! Mandou muuuuito bem!

10 de junho de 2010 às 06:21

Valeu, galera, pelos comentários. Eu nunca fui leitor do Super, sempre achei ele forte demais e puritano demais. Apesar de ter recebido amor educação, não acredito que seja fácil ser um bonzinho, passar a vida escondendo que tem poderes... Vamos ver o que esse moleque ainda vai aprontar. Boas próximas leituras para todos!

13 de junho de 2010 às 13:36

Aê, Caldeira! Muito legal esse começo... o Clark é um cara muito sem noção... tem de aprender uma ou outra lição de vida ainda... não queremos um super escoteiro, mas pelo menos alguém mais responsável... quando ele cometer uma cagada homérica, aí ele vai entender um pouco melhor a vida...vamos seguir lendo essa fic!!

17 de julho de 2010 às 12:23

Depois da pressão que você fez comecei a ler suas fics xD
Me impressionei com essa versão do Super, bem mais "realista". Um jovem com superpoderes com certeza ia querer aparecer... o estilo da narrativa combinou bastante. Boa sorte e que venham mais capítulos!

28 de julho de 2010 às 18:49

valeu, caras! tou postando outro texto, aproveitem!!

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