O treino de uma nova heroína.
A investigação sobre os laboratórios genéticos avança.
E chega a hora de reunir os amigos para a invasão.
“Eu não podia querer pessoas melhores ao meu lado. Por isso resolvi ligar para eles, antes da invasão.”
- Vai chamar ele primeiro né?
“Ao meu lado está Rick Tyler, o Homem-Hora. O pai dele salvou a vida do meu, quando juntou a tecnologia das pílulas Miraclo com a energia que o Starman controlava, criando assim o Capitão América. Ele está em minha casa a algum tempo, ajudando no treinamento da Mari, mas algo me diz que tá rolando algo mais aqui...”
Num apartamento no Soho um celular tocou com a música “Everting I do. Ido It for you”.
- E aí Bucky! O que cê manda?
“Clint Barton, o Gavião Arqueiro. Sabe aquele lance de flecha acertando o alvo e depois sendo partida ao meio com uma segunda? É a “brincadeira” favorita dele e do seu pai. Clint sempre se gaba de conseguir cortar as asas de uma mosca durante o voo.”
Nós três nos conhecemos nas reuniões anuais da Sociedade da Justiça, nos identificando de cara e resolvemos nos tornar heróis na mesma época, logo após os atentados de 11 de Setembro.
Além deles eu vou chamar minha irmã, ou melhor, meia-irmã, Dinah Lance, a segunda Canário Negro. Ela é apenas dois anos mais velha que eu, mas acha que isso é o suficiente para me tratar como um moleque, sempre que nos encontramos. Ainda assim não há pessoa em quem eu confie mais durante uma luta.”
- Pode deixar... Maninho... Lá vou eu salvar seu rabo de novo...
“E completando nossa equipe está Mari, que escolheu se chamar de Víxen e tem motivos de sobra para estar conosco, mesmo levando-se em conta o pouco tempo que tivemos para seu treinamento.
Confesso que nunca conheci alguém com tanta garra e vontade de fazer algo... Sua sede de vingança foi um fator decisivo para que ela não desistisse nem diante dos piores obstáculos...
E Deus sabe como isso será vital para a missão que está diante de nós...
Mas vendo ela hoje, aguardando meus telefonemas ao lado do Rick e experimentando o uniforme que ela mesma fez, não consigo evitar de lembrar da noite em que nos conhecemos de verdade.
Quando a gente quase matou um ao outro...”
- Hã... Moça? Alô? Tem alguém aí?
Apesar das palavras de James, Mari continuava a avançar, engatinhando pela cama como se fosse uma fera indo atrás da presa.
O que não estava longe da verdade.
- Olha moça... Sei que deve estar abalada e tudo o mais, mas não acho que... – Agora ela começava a ronronar, umedecendo sensualmente os lábios, ao mesmo tempo em que passava seus dedos lentamente pelo próprio corpo. – Eu...
A frase foi interrompida quando, de repente, a mulher tomou os lábios de James num longo beijo.
Ele chegou a corresponder, mas quando as mãos dela começaram a procurar sua calça, foi como se ele despertasse para o fato de que a mulher, provavelmente, estava tendo algum ataque pós-traumático.
- Moça... Escuta aqui... – Ele a segurou gentilmente pelos ombros, afastando-a um pouco, tentando recuperar o próprio fôlego. – Precisamos conversar.
Um grande erro.
O rosto dela se transformou numa máscara de mágoa e raiva.
- Não... Me... Querrrr...
- Não é isso... Eu... Olha...
As palavras não adiantaram e James mal conseguiu empurrar a garota a tempo, já que ela desferia um golpe com suas garras, acabando por acertar apenas a cama, depois que o rapaz conseguira saltar para o outro lado do quarto.
- Para com isso agora! – Por um momento a garota ficou olhando para James, provavelmente espantada com a autoridade na voz dele. Foi o suficiente para ele baixar a guarda. – Isso... Se acalma...
- E-eu... – Os olhos deixaram de ser felinos e as garras iam se retraindo, pouco a pouco, deixando-a com um aspecto mais humano. – O-o que está acontecendo... Eu... Arrrggghhh...
Ela abaixou a cabeça levando as duas mãos a ela, aparentando estar com muita dor e James viu que as garras iam voltando, o que acabou preparando-o para o que aconteceu.
Sem aviso algum a mulher saltou sobre seu salvador, tentando acertá-lo mais uma vez, sendo contida com cuidado por James, que não queria feri-la, mas que precisava cuidar de si também.
- Droga... Para mulher!!! PARA!!!
A voz novamente pareceu ter algum efeito sobre ela e outra vez Mari parecia voltar ao normal.
-N-não... Isso não sou eu... Eu...
James então fez algo inesperado até para ele: Abraçou a garota e começou a sussurrar em seu ouvido.
- Calma... Respira fundo... Se concentra em quem você é... Deixa essa fera adormecer... Você é quem está no comando, não a fera... Isso... Relaxa...
- Quem é você? – finalmente Mari parecia ter assumido o controle. – Obrigada...
- Hum... Que tal um café?
Minutos depois os dois estavam na cozinha da “casa real”, um sentado diante do outro, com apenas um pequeno balcão separando-os.
- O novo Capitão América? Filho do original?
- Exato... Comecei a agir pouco depois do 11 de Setembro...
- Bem que eu percebi que você parecia diferente do original... – Ao ver a surpresa no rosto de seu anfitrião, a garota continuou. – Eu sempre adorei os heróis, desde que me conheço por gente... O pessoal pode falar mal à vontade da Sociedade da Justiça, mas sei que, no fim, as intenções dos heróis eram nobres... Apenas lutaram na guerra errada...
James se pegou gostando imediatamente da garota, hoje em ia era raro alguém que não ofendesse os heróis que voltaram do Vietnã e então deixou que ela desabafasse, contando sobre sua vida, seus sonhos, o trabalho de modelo, até perder tudo ao ser capturada.
- Nessa época eu tinha apenas uns “flashs”, uns borrões de imagens do que estava acontecendo ao meu redor...
- Entendo... Escuta Mari, já que eu despertei de vez e finalmente descobri quem é você, eu vou ver as gravações que fiz no laboratório, tentar descobrir alguma pista... Você quer... Hã... Ligar para alguém? Talvez... Seus pais?
Silêncio.
- Eu... – Mari parecia estar com uma grande dificuldade em encontrar as palavras, não querendo parecer fraca, pois em seu íntimo ela gritava que jamais seria uma vítima outra vez. – O que eu iria dizer? Alô mamãe, papai... Eu tô viva e bem... Ganhei uns poderes estranhos que não sei controlar... Não... Tudo bem... Eu só posso matar vocês num acesso de... Fúria... E... E...
- Calma... – O Capitão, se levantou, passou o braço por cima do balcão e colocou a mão no ombro dela. – Mantenha o foco... Não deixe a fera te dominar...
- Ufa... – Mais calma, Mari continuou a falar. – Obrigada de novo, mas me diz... Que “truque Jedi” é esse?
- Nada demais... Pelo menos prá mim... Foi algo que meu pai me ensinou... – Ele daria a história por encerrada, mas percebeu o brilho de interesse nos olhos de Mari. – Bem... Perto do final da guerra meu pai queria mais manter os soldados vivos do que enfrentar os Vietcongues, mas naquela situação todos estavam com os nervos à flor da pele, principalmente à noite... Meu pai então reunia todos os homens que conseguia e usava essas palavras para conseguir acalmá-los... É quase como as mães colocando os filhos para dormir... Sei que parece coisa boba, mas dá certo... Tenho um amigo que é ainda melhor que eu nisso... Posso chamá-lo se quiser.
- Puxa... Eu gostaria muito.
James foi até a sala e assim que pegou o celular, pretendendo ligar para o tal amigo, o som da abertura de “Friends” tocou, mostrando que ele havia recebido uma nova mensagem.
“Imagens recebidas. Começando a análise, mas ocupado... Posso demorar um pouco. Batman.”
- Hum... – James permaneceu com o celular na mão, pensando nos próximos passos e quando ele se virou, Mari estava parada ali perto. – Era outro... Amigo.
- James... – A garota parecia realmente desconfortável e ainda muito desorientada – Será que eu consigo voltar ao normal?
- Eu realmente não sei Mari... Posso tentar entrar em contato com alguns amigos...
- Outros heróis?
- É... Alguns deles são cientistas... Devem conseguir... Eu acho...
- Mas se não conseguirem eu... Eu vou ficar assim para sempre, né?
- Não vou mentir Mari... Essa possibilidade existe.
James se calou, enquanto Mari abaixava a cabeça, ele esperava que ela chorasse, ou talvez até tivesse outro ataque de fúria, mas, para surpresa dele, ela ergueu a cabeça, um sorriso estampado no rosto.
- Me ensina a ser uma heroína então?
O olhar de espanto de James durou alguns minutos, Mas logo ele ligou para seu amigo, Rick Tyler, mais conhecido como Homem-Hora e pediu para que ele viesse à “casa real” o mais rápido possível.
- Olá para vocês!! - Assim que ele chegou, trazendo uma bandeja de cafés da Starbucks, James o colocou a par dos últimos acontecimentos. - Caramba garota! Você tem ter muita força para passar por tudo isso e anda querer virar uma heroína!
Mari sentiu-se envergonhada e enquanto ela e Rick desciam até o ginásio, conversando animadamente, James se voltou totalmente à investigação sobre os laboratórios e quem poderia estar por trás dos mesmos, o que o ocuparia durante vários dias.
Isso sem deixar seu trabalho de paramédico de lado.
Pouco a pouco foram descobrindo as capacidades de Mari, um poder de mimetismo que permitia a ela absorver capacidades animais, além de algumas que ela já tinha gravado em seu DNA.
Estavam tão concentrados no treino e nas investigações, que nem pensaram em enviar amostras de sangue da garota para algum dos amigos cientistas de James e a cada dia ficava mais difícil dela encontrar coragem para ligar para seus pais.
Mais de quinze dias haviam se passado e Rick se surpreendia cada vez mais com a incrível gana de Mari, a vontade que ela exibia em aprender tudo o que podia, algo que o próprio rapaz levou quase uma vida inteira.
Ela era muito entusiasmada, um tanto quanto distraída para alguns detalhes, mas em combate era, literalmente, uma fera, mas agora era Mari quem dominava o animal que tinha dentro dela, deixando apenas um lampejo sair, o suficiente apenas para enfrentar seus inimigos em pé de igualdade.
Certa manhã o celular de James tocou novamente “I’ll Be There For You”.
Assim que leu a mensagem, enquanto Mari se aproximava secando o cabelo após um banho e Rick vinha da cozinha com uma garrafa de refrigerante, James ergueu o rosto e, enquanto discava o número do primeiro de dois telefonemas que iria dar, falou para os amigos:
- Se preparem. Chegou a hora.
Continua.
+ comentários + 6 comentários
Muito bom, João... o grupinho vem se formando... quero ver o potencial desse seu Homem Hora.... sempre curti o Rex a o Rick... acho o personagem fanta´stico... Quanto á Mari...eheheh.... eu pensei que o Bucky havia faturado ela...mas não..ehehehehe Muito bom o texto!!
Parabéns João, continue sempre seguindo esse nível, porque está muito bom ! Abraços
comentar seria redundante. parabéns!!!
Hahahahahaha Valeu Caldeira!!
Valeu Matrix! Que bom que você gostou! Fiz esse capítulo com a SJA em mente mesmo! E aguarde o que eu ainda vou fazer...hehehe
Brigado mesmo pelos comentários e desculpe pela demora em respondê-los!
Um abração e até mais!!
Salve, João.
E não é que o Capitas pulou fora mesmo? Hahahahaha... Desistiu de pegar a Mari!!! Tô abismado.
"O pessoal pode falar mal à vontade da Sociedade da Justiça, mas sei que, no fim, as intenções dos heróis eram nobres... Apenas lutaram na guerra errada..."
Esse trecho ficou muito bom, já fazendo relação com o passado, com a primeira geração de heróis surgida nos anos da Guerra Fria.
Capítulo curto, mas esclarecedor. Texto mto bom como sempre.
Abraço.
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