Publicado Originalmente em Janeiro de 2007
Agradecimentos especiais a Fernando Neeser de Aragão, do site Crônicas da Ciméria, http://cronicasdacimeria.blogspot.com/, pela ajuda inestimável que está me dando.
Saiba, ó Príncipe, que entre os anos quando os oceanos tragaram a Atlântida e as reluzentes cidades, e os anos quando se levantaram os Filhos de Aryas, houve uma era inimaginável, repleta de reinos esplendorosos que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o firmamento. Nemédia; Ophir; Brithúnia; Hiperbórea; Zamora, com suas lindas mulheres de negras cabeleiras e torres de mistérios e aranhas; Zíngara, com sua cavalaria; Koth, que fazia fronteira com as terras pastoris de Shem; Stygia, com suas tumbas protegidas pelas sombras; Hirkânia, cujos cavaleiros ostentavam aço, seda e ouro. Não obstante, o mais orgulhoso de todos era Aquilônia, que dominava supremo no delirante oeste. Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão, um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da terra. Nas veias de Conan corria o sangue da antiga Atlântida, engolida dezenas de milhares de anos antes de sua época pelos mares. Ele nasceu num clã que reivindicava uma região a noroeste da Ciméria. Seu avô foi membro de uma tribo do sul que havia fugido de seu próprio povo por causa de um feudo de sangue e, depois de uma longa migração, refugiou-se entre os povos do norte. O próprio Conan nasceu num campo de batalha, durante uma luta entre sua tribo e uma horda de vanires. Não há registros de quando o jovem cimério teve o primeiro contato com a civilização, mas já era um lutador conhecido ao redor das fogueiras do Conselho antes de ter visto quinze invernos. Naquele ano, os cimérios esqueceram seus feudos e se uniram para repelir os gunderlandeses, que haviam forçado sua passagem pela fronteira da Aquilônia, construindo o posto fronteiriço de Venarium e colonizando os pântanos do sul da Ciméria. Conan era um membro da horda uivante, sedenta de sangue, que surgiu das colinas do norte, arremeteu-se com espada e tocha contra a fortaleza e empurrou os aquilônios para além de suas próprias fronteiras. Por ocasião do saque de Venarium, sem ter atingido ainda sua estatura de adulto, Conan já tinha
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- Prova? – responde Conan na mesma moeda – Ah sim. A prova da maioridade. Pena que não vai ser o passeio do ano passado. Pelo jeito esse ano eles querem homens de verdade.
Longamente.
Fecha o punho da mão direita.
Tenta sorrir com o canto da boca.
Olha para um lado.
Olha para outro.
Fixa o olhar novamente em Conan.
Conan está relaxado. Mãos abertas ao lado do corpo.
Muito rápida foi a agressão. Korval atingiu em cheio a lateral esquerda do rosto de Conan, confiante que pensa um soco bastaria para derrubar o oponente.
Ledo engano.
Quando Korval se recompõe do ataque que fez, leva um susto. Conan está de pé a sua frente, com o rosto virado para o lado.
Conan fica ereto.
Olha fixamente para Korval.
- Acho que agora é minha vez.
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A Era Moriana de Conan, o Bárbaro
Conan, o Bárbaro
Maioridade: O Rito
Publicado Originalmente em Janeiro de 2007.
Conan criado por Robert Ervin Howard
E melhorado por Marcelo Moro
E dá um potente soco em Korval que chega a tirar seus pés do chão, o arremessando dois metros para trás. No mesmo instante o amigo de Korval que estava à direita se adianta, levando um chute de Conan na boca do estômago e curvando-se na hora. Conan empurra o corpo dele em direção ao outro, derrubando os dois, ficando cara a cara com o último. Quando este investe contra Conan, ele agarra o braço do oponente o torce, fazendo com que ele se abaixe, e que faz Conan dar um murro na lateral da face, perto da orelha, o desacordando. Korval está tentando levantar, quando Conan dá um chute na cara dele, o mandando ainda mais dois metros para trás. Antes de cair no chão ele já está desacordado.
- Vocês dois tem certeza que querem continuar? Não é melhor recolherem Korval e sumirem da minha frente?
Os jovens se entreolham e saem correndo, abandonados os dois companheiros desmaiados no chão.
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Vendhya
Khorala
Num bosque perdido perto das montanhas havia uma cabana.
Dentro dessa cabana havia um homem e uma mulher.
Esse homem estava vestido com uma túnica preta.
A mulher não vestia nada.
O homem estava de pé, perto da lareira que crepitava com o fogo.
A mulher estava deitada em cima da mesa.
Amarrada.
Nua.
Na túnica do homem havia um emblema, de um cavaleiro num corcel de fogo.
No peito nu da mulher, havia o mesmo emblema, talhado com ferro e fogo.
Pela água o conclamo.
Pela terra o conclamo.
Pelo vento o conclamo.
- Aceite minha oferenda, Devorador. Dê-me poderes para derrotar meus inimigos. Que eles tremam ante minha presença, e que ela seja sentida antes do meu corpo.
- Essa oferenda é pura de corpo e alma. Virgem imaculada por homem nenhum. Menina de pensamentos puros e virginais.
- Aceite sua alma para dispor como quiser.
Conforme o homem ia recitando o encantamento, com uma faca que brilhava pelas chamas devido ao calor, ia entalhando sinais no corpo da jovem já desfalecida pela dor. Aos poucos a luminosidade de dentro da cabana ia esmaecendo, dando lugar à escuridão, mesmo com o fogo da lareira a todo vapor.
O Devorador está chegando.
Quando da negritude total do lugar, ele enfia a faca em chamas na vagina da mulher e a rasga até seu peito.
- Venha meu senhor.
E de dentro dela surge uma névoa preta, e de dentro da névoa um esqueleto, que agarra o homem pelo pescoço, e faz com que a névoa entre no seu corpo pela boca.
O homem levanta.
Mais alto que antes.
Com um grande capacete com chifres.
Com a face escurecida, negra.
Com sua veste preta, mortal.
O Devorador (2) está no mundo dos vivos.
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Ciméria
O grande dia chegou.
Diversos jovens estão postados perto da grande arena.
Conan está entre eles.
Primeiro.
Ele não quer que falem que ficou atrás para pegar o bicho cansado. Ele queria descansado. Fresco e furioso pela noite enjaulado.
Um ancião se levanta e todos na aldeia se calam.
- Temos a nossa frente crianças. Crianças que depois de hoje sairão daqui homens. Alguns sairão homens. Alguns não sairão. Para seus pais é o dia de alegria ou decepção. Para a aldeia, é o dia que teremos guerreiros ou covardes.
O ancião senta em seu lugar, e Conan e conduzido ao centro da arena. Rion está do outro lado, com a trava do portão em mãos.
- Pequenino, basta derrubar o bicho.
Quando Rion tira a trava, um demônio negro e chifrudo sai lá de dentro. 900kgs de músculo e chifre avançam em sua direção. O animal sai com a cabeça baixa, arrastam a ponta dos chifres no chão, levantando poeira, e investe em direção a Conan, que salta para o lado deixando o animal passar ao seu lado. No final da investida, ele levanta a cabeça, procurando Conan e berrando, enlouquecido.
Quando o animal se aproxima de Conan, ele investe contra a cabeça, passando entre os chifres e agarrando o bicho pelo pescoço, com a cabeça em seu peito.
O animal ergue a cabeça uma... duas vezes, tentando desvencilhar o peso ali incrustado.a cada tentativa de erguer a cabeça, já impulsiona o corpo para trás e dá chutes no ar. Na terceira vez escapa os dedos de Conan e ele é arremessado longe, caindo de lado e rolando para escapar das patas do animal.
O animal se agiganta diante de Conan. Olhos injetados de sangue, e com todo seu fôlego bufando, parece soltar fogo pelas ventas. A cada batida do casco no chão, o ribombar ecoa pelo local, tamanho é o silêncio que permeia o ambiente. A sua frente Conan não vê um animal, mas a morte na sua mais feroz forma.
Novamente, o animal investe e Conan pula ao lado do bicho, abraçando seu pescoço como um torniquete, agarrando a própria mão do outro lado do pescoço, e apertando ao máximo, para tirar o fôlego do bicho. A luta é árdua. O animal continua berrando e se contorcendo, mas Conan não larga. Quando ele sente que o bicho afrouxou por um segundo, ele tira a mão direita, e agarra no chifre dele, torcendo sua cabeça para trás e para o lado, até ouvir o estalar, que ainda dura um minuto. Um minuto segurando nos chifre do animal que ultrapassa seu peso em 10 vezes.
A platéia está calada, quando Conan larga o animal e dá dois passos para o lado. Com isso, ele enxerga algo estranho. Ele vê uma fina lâmina de maneira traspassada nos testículos do animal.
Na mesma hora ele olha para Rion, que também nota o artefato, colocado estrategicamente para causar dor e loucura no animal. Ambos olham para a jaula, e ao seu lado, Korval.
Conan entende na hora o que aconteceu, mas decide que ali não era a hora para resolver isso. Mais tarde. Era hora de aprender a ter paciência.
Com o animal morto, os outros jovens acharam que não teria mais o rito, e se acalmaram, pois o demônio chifrudo, com aqueles cascos que poderiam partir um homem ao meio estava morto. Mas Rion mandou trazer outros, um pouco menores, mas quase tão perigosos quanto o primeiro.
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Noite na Ciméria
Após festividades da maioridade, os que ainda conseguem andar estão indo para suas casas. Korval está ali. Não tinha bebido nada. Ele tinha visto o olhar de Conan a tarde.
Sabia que ele escolheria uma oportunidade de se vingar.
Quando ele está indo para casa, um vulto ameaçador aparece do meio das casas.
- Chegou sua hora, Korval.
Os dois se atracam. Ambos sabiam que somente um ia sair vivo dali.
Korval era quase tão forte quanto Conan, mas igualmente feroz. Poderosos socos eram desferidos no ar, com alguns atingindo seus alvos.
Mas Conan era um estrategista, a cada vez que Korval levantava o braço para atacar, ele ia por baixo do braço atacar seu tórax e estômago, o deixando sem ar.
Quando seu rival finalmente cede, o guerreiro de bronze pega sua cabeça, e somente num tranco, a vira, quebrando seu pescoço que ecoa no silêncio da noite.
Largando o corpo ao chão, Conan pega sua espada e a capa que deixara ao lado e parte, saindo da aldeia sem olhar para trás.
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(1) Devorador de Almas.
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+ comentários + 2 comentários
Gostei bastante cara... Só achei muito curtinho, mas mesmo assim a luta contra o touro foi bem legal, assim como a invocação do Devorador... Deu muita dó da moça.
Meus parabéns e até mais!
ah, meu filho... eu sei como fazer. ainda mais se tiver uma mulher gostosa no meio. mwhahaha! me amarrei no texto, meu tio, também. parabéns, moro!
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