Num dia aparentemente comum, os funcionários da Contabilidade Almeida, localizada na cidade de Nossa Senhora de Santa Fé, seguem suas rotinas, mas isso está prestes a ser interrompido de uma maneira inusitada, quando os mortos começam a andar e a atacar os vivos.
Essa é a Frequencia Z.
Essa é a Frequencia Z.
Cidade de Nossa Senhora de Santa Fé, 8:25 da manhã.
“E lá vamos nós para mais um dia emocionante da minha vida...”
Com o irônico pensamento, José Benedito dobrou a esquina que levava até o escritório de contabilidade onde ele trabalhava de faxineiro, o único serviço fixo que ele conseguiu após o tempo em que esteve preso.
“Trinta e três anos hoje... A idade que Jesus tinha quando morreu... Será que eu vou ter mais sorte que ele?”
Antes de subir até o segundo andar, do predinho de apenas três, ele sempre parava na pequena padaria que ocupava o térreo, para tomar seu café da manhã e trocar uns olhares com a gracinha da atendente.
Sayuri, uma bela japonesa de apenas dezoito anos, tentava manter sempre o espírito alegre, enquanto tinha que atender alguns bêbados, que logo cedo pediam rabos de galo ou uma “branquinha”, ou ouvir a reclamação de alguns funcionários dos comércios ali de perto.
- Minha filha tá doente... Pior que tive que deixar ela sozinha... Não posso mais perder nenhum dia de trabalho...
- Você é uma gracinha sabia? Se eu te levo prá casa...
- Ai... Mais um dia... Tomara que passe logo né?
Mesmo com as ordens de seu Geraldo, o dono da pequena padaria, que não precisava de mais que dois funcionários, para que a garota sempre tratasse os clientes bem, chegava horas que tudo que a garota queria era agarrar a cabeça e sair de lá gritando.
O ponto alto das manhãs era quando José chegava.
Sayuri sempre pensava, com certo prazer, no que seus pais diriam caso vissem como ela dispensava atenção a alguém como ele, pobre, negro, ex-detento, um simples faxineiro.
- Esse homem não serve para você Sayuri Satoshi... - Seria, com certeza, a frase com que seu pai começaria outro sermão, o maior motivo pelo qual ela resolveu sair de casa e tentar se virar sozinha.
Os pais queriam uma filha médica de todo jeito, mas Sayuri nunca gostou da ideia de ter uma vida em suas mãos, logo depois quiseram que ela fosse advogada, mas ela nunca gostou tanto de livros técnicos.
Sua paixão eram os mangas, animes e os bares de karaokê. Seu sonho era se tornar cantora, viajar para o japão e ficar famosa criando músicas para aberturas de animes, mesmo com alguns amigos dizendo que ela não era tão afinada.
Em meio a um respiro no movimento daquela manhã, algo que era raro e até estranho, ela pegou um guardanapo e começou a rascunhar como seria a roupa que ela iria usar no concurso de cosplay do próximo final de semana.
- Você tem jeito prá desenho japinha... - A chegada repentina de José a assustou, fazendo com que a caneta Bic acabasse fazendo um risco transversal pelo desenho. - Opa! Mal aí...
- Não... Tudo bem... Hã... - Sentindo seu rosto corando, a garota procurou se recuperar o mais rápido que podia. - O de sempre?
- Claro... Um café tão pretinho quanto eu e um pão passado na chapa... Por favor...
Um sorriso da garota fez o coração de José bater mais rápido e ele olhou para o relógio, vendo que tinha ainda dez minutos antes de subir para o escritório, bater seu cartão e começar a limpeza.
- Isso... Vai mais rápido Roberto... Assim... aaaahhhhh....
- Nossa... Que tesão... Você é demais Cela... aaarrrr...
No escritório de contabilidade do Almeida, o dono Roberto Almeida, fazia uma “hora extra” com sua funcionária, Marcela de Souza, que pretendia, com aquilo, saciar sua vontade incontrolável por sexo e ainda conseguir um aumento.
Por isso ela aguentava ser chamada por aquele apelido que ela odiava.
- Ai Cela... - Roberto aumentava ainda mais seus movimentos, sentindo a bunda da mulher batendo com força em seu abdômen, enquanto ele agarrava com força num dos seios dela, mantendo sua mão direita apoiada numa das mesas. - Cacete... Tô quase... Mais um pouco...
- Vai logo... Aaaahhhh... Já já o Zé chega...
“Saco... Como mete mal... Ai Aninha... As coisas que a mamãe tem que fazer...” Enquanto continuava sua encenação, Marcela já mantinha a mente longe, pensando na filha, que nascera com síndrome de down, o que simplesmente dobrou o gasto que teria com uma criança “normal”.
Foi o que o pai de Aninha jogou na cara de Marcela antes de avisar que não assumiria a paternidade, se mudando para outra cidade um mês antes do nascimento.
Mesmo com o nascimento de sua filha, Marcela não teve seu apetite sexual diminuído, mas agora ele era também uma desculpa para tentar conseguir mais dinheiro para cuidar de Aninha.
- Aaaaahhh!!! Tô gozando!!!
Por causa de tudo isso, mesmo sentindo um crescente incômodo, conforme Roberto apertava ainda mais seu seio, ou enquanto o pequeno pênis mal lhe fazia cócegas, ela precisava fingir um orgasmo, pois sabia que assim conseguiria alcançar seus objetivos.
- Bom dia seu Manoel!! - José acabara de terminar o café, e já estava com o último pedaço de pão na boca, quando o dono do prédio entrava na padaria.
- Olá Zé Benê!!! Ora pois se este dia não está lindo ó pá!
O faxineiro odiava apelidos, mas aprendera que com seu nome isso era inevitável, ao menos já não arranjava confusão cada vez que alguém o chamada assim.
- Tá mesmo! - Após enfiar o último pedaço de pão na boca, José começou a revirar os bolsos para pegar o dinheiro, que estendeu na direção de Sayuri. - Pronto japinha... - Apesar de tudo, ele costumava dar apelidos. - ode ficar com o troco...
Uma piscadinha, pois sabia que o troco não passaria de uma moeda de cinco centavos e então, após consultar o relógio e ver que já era quase nove da manhã, ele se colocou a subir as escadas do prédio, entrando no escritório pouco depois de Roberto e Marcela terem terminado de transar.
Apesar de já estarem vestidos, o cheiro no escritório e os rostos dos dois deixava bem claro o que acontecera.
José sabia que não deveria fazer nenhum comentário, Roberto sempre o lembrava de como era um grande favor ter aceitado-o como faxineiro, por isso ele deu apenas bom dia aos dois, bateu seu cartão e foi logo se trocar, pegando uma vassoura e começando seu serviço.
Já era nove da manhã em ponto.
O inferno chegou até eles apenas uma hora após terem começado a trabalhar.
José já havia varrido, passado um pano no chão e se preparava para a pior parte do dia, pedir licença aos demais para limpar suas mesas.
Roberto, que mais ficava na internet, em sites pornôs, do que trabalhando sempre fazia a mesma piada “Tem que limpar justo agora? Tá certo... Não vou me meter no SEU trabalho” ele adorava frisar a inferioridade no trabalho do faxineiro.
Já com Marcela era um pouco diferente. A bela ruiva fazia questão de roçar um dos seios no braço de José, enquanto saía da mesa com um “ok” saído dos lábios com até terceiras intenções facilmente detectáveis.
Apesar de tudo ele sabia que precisava começar pela mesa do chefe e foi caminhando lentamente até ele, procurando evitar o olhar arrogante de Roberto, colocando um pouco de lustra móveis numa flanela branca.
Ao longe eles ouviram o som de pneus derrapando, mas não deram maior importância, muitas vezes as pessoas precisavam frear seus carros por causa de uma lombada, quase invisível pela ação do tempo.
E nada faria Roberto perder sua piada.
- Poxa zé! Tem que limpar justo...
Para um alívio momentâneo de José, a piada de seu chefe foi interrompida pelo som da porta do escritório sendo violentamente aberta e em seguida fechada com igual força.
Quando todos se voltaram para a entrada ficaram estarrecidos.
Sayuri, a garota da padaria estava encostada na porta, que acabara de trancar, arfando como se tivesse subido os lances de escada correndo com todas as suas forças, dos olhos desciam verdadeiros rios de lágrimas, mas não foi isso que assustou os demais.
Ela tinha a blusa ensopada de sangue e na mão uma imensa faca, de onde também escorria o líquido escarlate.
- Eu... Meus Deus... Meu Deus...
E então ela caiu ajoelhada, deixando José, Roberto e Marcela atônitos, sem saber o que fazer.
XXX
Alguns minutos atrás.
Sayuri havia terminado de lavar alguns copos e ia começar a arrumá-los, quando percebeu que Seu Geraldo acabara de deixar o caixa, algo que nunca significava coisa boa.
Ela olhou para a entrada da padaria e percebeu o que, à primeira vista, parecia somente mais um bêbado parado na entrada, com o corpo balançando estranhamente. Era como se ele estivesse para cair a qualquer momento.
Parecia problema e o chefe da garota sempre sabia o que fazer nessas horas.
Seu Geraldo era um grandalhão, doce com quem o conhecia, mas que sabia aproveitar seu tamanho para afastar prováveis valentões, que surgiam de tempos em tempos.
- O que você quer aqui amigo? Se não for comprar algo é melhor sair fora... - O outro apenas soltava gemidos e grunhidos incompreensíveis. O corpo ainda gingando de forma estranha. - Não vai querer confusão não é?
Normalmente aquela ameaça, somada ao tamanho de Geraldo bastava, mas por via das dúvidas Sayuri pegou uma faca de cozinha e começou a se aproximar lentamente por trás de seu chefe, pronta para defendê-lo se fosse necessário.
- Ei, calma Sayuri... - Ao perceber a aproximação da empregada, Geraldo tratou de acalmá-la, tirando a atenção do estranho homem à sua frente por um instante. - Não se preocupe que vai ficar tudo bem e... AAAAAAHHHHH!!!!!
Sem aviso nenhum Geraldo teve seu pescoço mordido pelo recém-chegado, que precisou saltar para alcançá-lo, fazendo o sangue esguichar, acabando por acertar o peito de Sayuri, que em pânico gritou e usou a faca de cozinha para acertar o agressor.
Após várias facadas ela conseguiu finalmente tirá-lo de cima de Geraldo, mas esse já estava dando os últimos suspiros, ainda tentando se agarrar à vida, mas a mordida fora certeira em sua jugular e poucos minutos depois ele jazia morto.
O agressor também parecia estar morto e enquanto a garota tentava fazer as mãos pararem de tremer e imaginava como poderia explicar aquilo para a polícia o impossível aconteceu.
Pela porta da padaria mais três pessoas começavam a entrar, duas mulheres e um homem, mas esses, ao contrário do primeiro, apresentavam ferimentos terríveis.
A mulher não tinha um braço, um dos homens estava com boa parte do intestino pendurado para fora do corpo e o último vinha arrastando uma perna que parecia presa ao seu corpo por apenas um fio de carne.
Nenhum deles deveria estar sequer de pé, quanto mais andando daquele jeito.
Sayuri só despertou quando olhou para baixo e viu horrorizada que o corpo de Seu Geraldo começava a se mover, os olhos haviam ficado leitosos, mas ainda assim ele estendia uma mão na direção da perna dela.
Com um grito de terror ela correu pela saída da padaria que dava para a escada do prédio, subindo-a com toda velocidade que conseguia e só parando quando entrou no escritório de contabilidade e trancou a porta atrás de si.
XXX
- Droga Japinha... Conta prá gente o que aconteceu...
- Pára de falar com ela assim! - Roberto tentava assumir o controle da situação. - Pega logo a chave Zé! E Macela! Já chamou a polícia?
- Ninguém atende! Só dá ramal ocupado...
- Merda! Deixa eu resolver isso...
Ele avançou para pegar a chave, mas Sayuri se defendeu com a faca, quase cortando a mão do outro.
- Merda! Ora sua vaca... Eu vou...
José se levantou e segurou o chefe, sabendo que iria arriscar o emprego fazendo aquilo, mas ele queria acreditar que a garota tinha motivos para fazer aquilo.
Motivos que ficaram claros em seguida.
Um grito pavoroso chamou a atenção de todos, que procuraram se afastar da porta trancada, cada um procurando abrigo atrás de uma mesa ou de uma prateleira e observando atentamente através dos vidros temperados que Roberto havia mandado insufilmar a poucas semanas.
Ele queria mais privacidade enquanto estava transando com Marcela.
- Socorro!!! - Todos reconheceram a voz de seu Manoel, o dono do prédio, pouco antes de ele aparecer, com ferimentos em boa parte do rosto e braços e uma mão com três dedos a menos, correndo pelo corredor à frente do escritório. - Me ajudem!!! Socorro!!!
Todos estavam paralisados, ninguém moveu um dedo e quando começavam a cogitar a possibilidade se se erguer, voltaram a se esconder quando um grupo estranho de pessoas, todos exibindo horrendos ferimentos, alcançaram seu Manoel e o derrubaram no chão.
Os gritos do dono do prédio se estenderam por longos minutos, mas logo silenciaram, fazendo com que todos que estavam dentro do escritório mantivessem até suas respirações suspensas.
Poucos minutos depois os atacantes se ergueram, todos com as bocas manchadas de sangue e voltaram pelo caminho que tinham feito até ali, mas o pior é que seu Manoel também se levantou em seguida, os olhos leitosos, a mandíbula pendia de sua cabeça e um dos braços já não existia mais.
Ele ficou com seu rosto voltado para dentro do escritório, acabou batendo a cabeça algumas vezes contra o vidro escurecido, o que aumentou ainda mais o terror daqueles que assistiam àquele dantesco espetáculo.
Pouco a pouco ele se virou e seguiu seus atacantes, deixando para trás quatro pessoas apavoradas, que só voltaram a se mexer após ouvir o som de pneus derrapando mais uma vez, mas agora muito mais perto, seguido do característico som de metal sendo golpeado por algo.
Roberto se arrastou até uma janela, tentando não mostrar muito de seu rosto, mas sendo o suficiente para ver a rua logo abaixo.
Ele voltou a se abaixar num instante, os olhos arregalados de terror.
Os demais resolveram imitá-lo e o cenário que viram era como um pesadelo.
Na rua vários carros estavam batidos, tombados ou até mesmo em chamas, pessoas corriam para todo lado, enquanto eram perseguidas por grupos dos mesmos loucos que atacaram o Seu Manuel.
Loucos, já que não era possível que fossem outra coisa, por mais que soasse absurdo, afinal eles não estavam num filme, era a vida real e na vida real coisas como zumbis não existiam.
Era uma certeza que logo teriam de abandonar.
XXX
Já era quase meio dia e os quatro mal tinham trocado uma só palavra, quando o celular de Marcela tocou com a música tema do desenho “Backgardigans”, fazendo-a sobressaltar e murmurar um “meu Deus” quase inaudível, enquanto atendia.
- Aninha... Meu anjo... Sim... Isso mesmo meu amor... Fica aí... Tá... Isso mesmo... Mamãe já vai... Te amo minha linda...
Ela desligou e, com os olhos cheios de lágrimas se voltou para os outros.
- Nem a pau eu saio daqui... Nem ferrando! A rua tá lotada desses doidos...
- Mas... A minha filhinha... A Aninha não pode... E-eu...
E então ela começou a chorar copiosamente.
Sayuri se aproximou, abraçando-a e tentando fazer com que ela parasse, temendo que o som atraísse outro daqueles monstros.
- Não podemos mesmo ficar aqui... Duvido que a polícia apareça tão cedo...
- E por que Zé? - Roberto não iria parar tão cedo de agredir seus companheiros. O Medo faz as pessoas, muitas vezes, terem seus piores traços de personalidade acentuados. - Ah! Esqueci que você é um especialista em polícia...
- Dá uma olhada lá fora Roberto. - Apesar de querer saltar no pescoço do outro, José sabia que precisava se controlar, sozinho seria muito mais difícil se salvar. - Olha a zona que tá na rua, você acha que é algo só aqui no bairro? Tem uma coluna de fumaça saindo de um monte de lugar da cidade... Essa merda, sei lá o que pode ser, deve ter se espalhado... Precisamos sair daqui e achar um lugar mais seguro, onde podemos esperar que as coisas voltem ao normal...
- E por que não aqui? Duvido que algum desses doidos entrem pela nossa porta e...
- E você pretende comer o que? Eu trouxe uma marmita, mas mal dá para mim...
Silêncio.
- Então... - Agora Roberto se sentia derrotado. - O que vamos fazer?
Marcela começava a limpar as lágrimas, o nariz fazendo o característico som de fungadas.
Sayuri ainda abraçava a outra mulher, os olhos um pouco desfocados, provavelmente pensando no ocorrido na padaria.
José percebeu após alguns instantes de silêncio que todos o observavam.
- Opa... Que que foi?
- Você tem alguma ideia?
- Eu... Bem... - Pego totalmente de surpresa, o faxineiro ficou desconcertado por um instante, mas então olhou para todos ao redor, se fixando mais em Sayuri. - Certo... Antes de mais nada precisaremos de um carro... Podemos Sair pela Navegante... Acho que é uma das saídas mais próximas daqui...
- Antes temos que pegar a minha filha. - Finalmente Marcela parecia despertar de seu desespero. - Sem ela eu não vou e...
- Dane-se você Cela... Eu quero viver e o plano do Zé parece bom... Acho que no meu citroën C4 a gente pode ter alguma chance.
- Vai se foder seu filha da puta!!!
Foi preciso que José e Sayuri segurassem Marcela antes que ela conseguisse enterrar as unhas nos olhos do seu chefe.
- Calma cacete! Se continuar a gritar vai atrair aqueles desgraçados.
Aquilo foi o suficiente para que todos se acalmassem.
- Vamos fazer o seguinte, damos um jeito de descer, pegamos seu carro Roberto, passamos na escola da filha da Marcela e saímos pela ponte.. que tal e... Filha da puta!!
José tentou segurá-lo, mas Roberto foi mais rápido, ao se levantar, abrir a porta do escritório e correr para a escada, deixando os demais atordoados e só tendo a escolha de voltarem a se trancar.
- Merda... E agora?
José permanecia em silêncio, remoendo a raiva pelo chefe, que aumentou quando ouviu o som de um carro saindo correndo na rua abaixo.
- Precisamos de outro carro...
- Que tal aquele? - Sayuri se aproximou de José e após uma rápida olhada, apontou para um carro forte, aqueles tipicamente usados para recolher dinheiro de lojas, parado do outro lado da rua. - Esse ia ser bom né?
Um sorriso surgiu no rosto de José e ele quase agarrou a bela oriental num beijo, só não o fez por causa da presença de Marcela e então ele se levantou, foi até o armário onde guardavam os materiais de limpeza e logo depois voltou com dois cabos de madeira.
- Aquele mão de vaca fazia questão de ter só uma vassoura e um rodo... - Ele então estendeu os cabos para as duas mulheres. - Vou tentar me virar com outra coisa que eu achar...
- Pode ficar com um deles... - Sayuri apenas ergueu uma das mãos, recusando a arma improvisada. - Da minha faca eu não solto...
- Certo... Estão prontas? - José se colocou diante das duas mulheres, o cabo nas mãos dando um pouco mais de coragem e então, após abrir a porta do escritório, o trio começou a avançar na direção da escada.
Todos mantinham silêncio, mas em seus íntimos torciam para poder chegar até a rua tão rápido quanto Roberto fizera.
Infelizmente, a poucos metros do primeiro degrau, eles viram horrorizados que seu Manuel, ou o que fora um dia o dono do prédio, vinha na direção deles. Diante daquela cena, vendo um conhecido andando com um braço a menos e várias marcas de mordidas pelo corpo uma palavra assaltou a mente dos três.
Zumbi.
A criatura abriu a boca num horrível esgar, soltando um grunhido incompreensível, como se estivesse sentindo muita dor, antes de começar a se mover na direção deles.
- Se-seu Ma-Manuel... - A coragem de José ia pouco a pouco arrefecendo. - Se-se afasta... E-eu...
A única resposta foi mais um grunhido.
E um avanço, como o de um cão atacando.
José foi pego de surpresa e caiu de costas no chão, que estava sujo e úmido por causa do sangue, com aquilo que era o seu Manoel por cima dele, tentando mordê-lo desesperadamente.
- AAAAHHHHH!!!! Sai de cima!!! – Sem qualquer aviso José recebeu uma golfada de sangue sobre seus olhos, ao mesmo tempo em que o corpo do monstro pareceu perder força, permitindo que o faxineiro conseguisse se erguer. – Mas que mer...
Foi quando ele viu o cabo da faca de Sayuri para fora do crânio do monstro.
Ele mexeu no corpo com um pé e ficou aliviado ao ver que a criatura realmente parara de se mover, logo em seguida ele retirou a faca e devolveu à garota sempre com um olho naquele que fora o Seu Manoel.
Sem trocarem nenhuma palavra todos empunharam suas armas e começaram a descer as escadas. Alguns minutos depois estavam na entrada do prédio, logo ao lado da padaria, olhando para todos os lados.
Muitas pessoas estavam caídas e grupos de zumbis disputavam por pedaços dos vivos, como se fossem animais sobre uma caça recém abatida, pela rua vários carros estavam caídos, ou destruídos, um já estava em chamas, com algo que lembrava um corpo humano ao volante, sendo lentamente consumido.
Conforme viram que nenhum dos monstros estava andando pela rua, resolveram que era hora de arriscar, saindo correndo o mais silenciosamente que podiam na direção do carro forte.
Ao alcançar o veículo, rapidamente constataram que estava vazio, com uma grande poça de sangue do lado do motorista, que foi ocupado por José, já sentindo a sujeira das costas aumentar ainda mais.
Sayuri foi a segunda a entrar no veículo, seguida de perto por Marcela que, tão logo fechou a porta atrás de si, olhou pela janela, sendo surpreendida por um dos zumbis.
- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!
Alheio ao que provocara, o monstro tentava alcançar as pessoas de dentro do veículo, batendo a cabeça e passando os dentes pelo vidro, provocando um som tenebroso.
Ao menos estavam seguros, com certeza ali dentro as criaturas não poderiam machucá-los e então José, após procurar inutilmente pelas chaves, começou a tentar fazer uma ligação direta.
Os minutos passavam, Marcela e Sayuri mantinham as cabeças baixas, ao perceberem as gotas de suor que brotavam da pele do faxineiro, sendo incapazes também de olhar para fora, para todo o horror que estava a apenas um vidro de distância.
Para alívio de todos o som do motor começou a roncar, indicando que José finalmente havia conseguido, mas ao mesmo tempo eles perceberam que alguns dos zumbis que estavam “ocupados”, se alimentando, voltaram suas cabeças para o carro, começando a se arrastar na direção deste.
- José... - Sayuri tocou de leve o braço do motorista e ele entendeu que precisavam sair dali o mais rápido que podiam.
O carro começou a se mover, não sem antes fazer com que os ocupantes tivessem um sobressalto, ao passar por cima de algo que, só perceberam depois, ao olhar pelo retrovisor, fora um corpo.
Eles subiram a rua até chegar à esquina do Hospital Misericórdia e então viraram à direita, chegando até a acreditar que aquela situação talvez tivesse ocorrido apenas no bairro do escritório, mas assim que se aproximaram do quarteirão de um shopping, começaram a ter uma noção do inferno onde estavam.
A rua onde pretendiam virar estava tomada por centenas de zumbis, seria impossível, mesmo com o carro forte, passar por ali sem acabar preso em meio aos monstros e algo chamou a atenção deles.
Um citroën preto jazia cercado pelos zumbis e foi possível ver o que restara do motorista.
Roberto tinha tomado a decisão errada, provavelmente tentando entrar com tupo por aquela rua, batendo num poste, sendo salvo pelo air-bag, mas ficando indefeso para os monstros que infestavam aquela rua.
Por isso rapidamente José começou a desviar, entrando na rua que levaria até o Museu, pretendendo seguir algum caminho que estivesse mais deserto.
Sons de tiros chamaram a atenção deles, percebendo que adiante, bem perto de um cinema, um grupo de homens atacava alucinadamente alguns grupos esparsos de zumbis.
- Grande, era tudo o que a gente precisava... Um grupo de doidos metidos a Rambo...- Dizendo isso José entrou numa outra rua, essa com um número de zumbis que não oferecia tanto perigo, muitos sendo atropelados, mas outros permanecendo fora do caminho. - Acho que por aqui não vamos ter tantos problemas.
Por mais meia hora eles seguiram pelas ruas daquele bairro, desviando quando possível de alguns zumbis, passando por cima de outros, os três espantados em como haviam conseguido se adaptar rapidamente à situação.
Talvez por saberem que a vida de uma criança estava em jogo.
- Puxa... Aninha estava tão feliz... Hoje eu ia levá-la para um show da banda Delete, que ela adora...
Assim que se aproximaram da escola perceberam que, em algumas casas, janelas tinham suas cortina fechadas de forma brusca, como que numa tentativa de disfarçar que havia gente ali dentro.
No mínimo pessoas sem coragem para sair ou sem um motivo forte o suficiente.
- Chegamos. - José falou de forma seca, percebendo alguns grupos de zumbis cambaleando pela rua na frente da entrada, mas nada impossível de se passar. - Onde ela está?
- Vai descer sozinho? Tá louco?
- Nem japinha... Mas os monstrengos estão bem longe e a porta da escola tá aberta... Se eu for sozinho eu pego a Aninha, que já me conhece, e corro com ela prá cá... Mais fácil do que se for nós três... Entendeu? Mas antes...
Ele saiu do carro com muito cuidado, foi até a traseira e testou as portas, verificando que as mesmas abriam facilmente por dentro, o que seria necessário quando o número do grupo subisse um pouco mais, com a possibilidade de alguém ir lá atrás.
Feito isso ele foi até o lado onde Marcela estava, Sayuri havia ficado no lugar do motorista caso surgisse uma emergência, e após ela indicar o local onde Aninha deveria estar escondida, ele apertou o cabo da vassoura e começou a correr.
Conforme avançava ele procurava evitar os zumbis, mas acertava as cabeças daqueles que acabavam em seu caminho, conseguindo finalmente entrar na escola.
Os corredores estavam repletos de manchas de sangue, com restos de corpos jogados por todo lado, o cheiro revirou o estomago de José, que agradecia a Deus o fato de não ter almoçado.
Após meia hora ele chegou até um banheiro feminino que, segundo Marcela estava desativado, mas que fora o “local seguro” que ela havia combinado com sua filha para que esta se escondesse caso alguém pretendesse fazer mal a ela.
- Aninha? - Ele colocou a cabeça dentro do banheiro, tendo o cuidado de deixar parte do corpo para fora, no caso de ter que sair correndo. - Vamos lá meu anjo... Eu sou o Zé... Lembra? Sua Mãe mandou eu te buscar... Vamos logo embora...
Para o crescente desespero de José, a menina não aparecia e além dele não querer entrar e arriscar ficar preso ali dentro, ele podia jurar que estava ouvindo alguns grunhidos ficarem cada vez mais próximos.
- Vamos minha lindinha... - O suor escorria pelo rosto dele, a tensão fazendo-o olhar para fora várias vezes e quando ele olhou novamente para dentro do banheiro, o susto de ver Aninha ali parada quase o fez gritar. - Nossa... Ufa... Oi Aninha... Tudo bem? Tá machucada? Tá tudo bem mesmo?
Ela respondia sim e não para as várias perguntas e de repente os grunhidos ficaram totalmente audíveis, fazendo com que a criança se jogasse no colo dele ao mesmo tempo em que um grupo de crianças zumbis surgia de um corredor adjacente.
José realmente não queria descobrir se era capaz de arrebentar a cabeça de uma criança que aparentava ter menos de dez anos, por isso segurou firme Aninha em seus braços e saiu correndo pelo caminho que fizera para chegar ali.
- Liga o Carro!!! - Para alivio de Marcela, José surgia por entre as portas da escola com sua filha nos braços, correndo na direção do carro forte. - Vamos! Vamos!!!
Assim que se aproximou, José entregou Aninha para sua mãe, que a abraçou tão forte que quase esganou a menina, enquanto elas iam para a parte de trás do veículo.
José então voltou para a frente, tomou o volante, enquanto Sayuri pulava para o banco do motorista, ligou o carro e, conforme alguns zumbis finalmente se aproximava, ele saiu com o carro, atropelando alguns que estavam pelo caminho.
- Prá onde agora?
- Vamos tentar chegar até a Navegante, como havíamos planejado e...
A frase morreu na garganta de José, pois assim que dobraram uma esquina, que dava acesso à ponte que pretendiam usar, arregalaram os olhos.
Um enorme amontoado de zumbis ocupava uma imensa área da rua que levava para onde pretendiam chegar.
- Merda! E agora José? - O outro ficou em silêncio, atordoado, enquanto Sayuri tentava despertá-lo. - José? E agora? O que vamos fazer?
- Eu... E-eu... Não sei... Precisamos achar outra saída, mas se as demais pontes e estradas estiverem assim...
- E o aeroporto? Talvez consigamos um avião...
- Você acha que o pessoal mais rico já não deve ter enchido o aeroporto? Não... Tem que ter algum outro jeito...
- Que tal o porto? - Era Marcela quem falava, através de uma janelinha que ligava a cabine do motorista com o baú do carro forte. - Eu tive um namorado que me ensinou a velejar... De repente...
Sem mais nenhuma palavra, após uma troca de olhares entre Sayuri e José, este deu a volta com o carro passando pelos caminhos que haviam feito até ali, evitando outra vez os loucos e as grandes aglomerações de zumbis.
Quando chegaram até o bairro da Moda, o sol estava começando a se por.
- Melhor acharmos um local para passar a noite, não quero encontrar com esses monstros no escuro.
- Olha lá José... Aquela loja de roupas foi montada numa daquelas casas chiques... Uma vez minha mãe me levou lá... Tem até quartos montados e uma pequena lanchonete... As portas estão abertas...
- Perfeito.
XXX
A limpeza da loja durou menos que uma hora, por causa dos preços absurdos não havia muita gente lá dentro no momento em que a infestação começara, por isso foi relativamente fácil para José e Sayuri derrubarem e se livrar dos poucos zumbis que estavam lá.
Marcela mantinha-se agarrada com Aninha.
Eles acabaram comendo alguns salgados da lanchonete, uma janta nada pesada, pois estavam preocupados em racionar a comida, caso não conseguissem sair dali pela manhã e então cada um deles escolheu um quarto para passarem a noite.
José estava deitado, havia se livrado das roupas imundas e ficou feliz após descobrir que havia até um banheiro completo na loja. Ele ainda escutava Marcela conversando com sua filha, tentando explicar por que não iriam para o show do Delete, quando ouviu a porta se abrir.
Sayuri entrou, trancou a porta atrás de si e começou a caminhar na direção do outro, deixando uma peça de roupa para trás a cada passo.
Quando chegou na cama, estava completamente nua, expondo um corpo cujas formas variavam entre uma menina e uma mulher, os seios num tamanho médio, as pernas bem torneadas, a região pubiana sem qualquer pelo.
José já estava completamente excitado, desde o momento em que ela entrara, e sem nenhuma cerimônia levantou os lençóis, deixando que a garota arregalasse os olhos com o que via.
No instante seguinte a garota estava encaixada sobre o corpo dele, com movimentos selvagens, subindo e descendo, arrancando gemidos que os dois mal conseguiam conter, em respeito à mãe e filha que estavam no quarto ao lado.
José ergueu seu tronco, levantou Sayuri com carinho, colocou-a de quatro e penetrou-a novamente, o que fez com que a garota terminasse por morder os lençóis, numa tentativa clara de não gritar de prazer.
Após o orgasmo, a garota finalmente se entregou ao cansaço, ressonando tranquilamente sobre um dos braços de José que, ainda sem conseguir dormir e com todo cuidado, se desvencilhou de Sayuri, vestiu apenas uma calça de moletom, sem deixar de reparar que precisaria trabalhar mais de mês para comprar algo tão caro e desceu até a lanchonete, pretendendo tomar um café.
Sem que ele percebesse, assim que passou pelo quarto de Marcela e Aninha, a porta foi lentamente aberta.
Após tomar uma lata de chá gelado, ele pensou que o café não iria ajudá-lo a dormir, José teve um sobressalto quando se virou para a saída da lanchonete.
Bloqueando a porta estava Marcela.
Ela vestia apenas um roupão de seda, que logo deslizou pelo seu corpo, deixando clara suas intenções, ainda mais quando ela se aproximou, andando languidamente, umedecendo os lábios com a língua e terminando por se ajoelhar na frente de José.
Ele fechou os olhos e, como o amanhã era ainda mais incerto, José não resistiu quando sentiu a calça sendo abaixada.
Em poucos minutos ele e Marcela transavam com a mesma intensidade que ele havia apresentando quando estava com Sayuri.
Mais tarde ele entrou no quarto e encontrou a garota acordada, os lençóis cobrindo o corpo nu, um sorriso enviesado no rosto.
- Sayuri... Eu... - Ele sentou-se ao lado dela na cama, várias desculpas na ponta da língua, mas ela o calou colocando um dedo em sua boca.
- O mundo mudou José... Podemos nos enganar sobre isso, achando que tudo vai voltar ao normal, mas lá no fundo... - Ela interrompeu a frase, deixando algumas lágrimas caírem, antes de continuar. - Não me importo se você quiser ficar ou não com a Marcela, mas pelo menos hoje à noite... Dorme comigo...
Eles então passaram a noite inteira abraçados.
Na manhã do dia seguinte já estavam prontos para partir.
Novamente Marcela e Aninha iriam na parte de trás do Carro forte, onde era mais seguro para a garota e então, após comerem o suficiente para se manter sem fome por horas, saíram da loja.
Nesse momento já atropelaram, ao menos, uns três zumbis que não se moviam, apenas se balançavam de um lado para o outro.
Eles subiam a rua, procurando evitar ao máximo grandes concentrações de zumbis e José olhou com saudade e tristeza para uma pizzaria onde ele gostava de comer, vendo-a com as portas escancaradas e várias manchas de sangue espalhadas pelas paredes próximas.
Eles tentaram avançar pela rua do parque Prof. Matheus Ubirajara, mas viram mais uma grande agrupamento de zumbis, retornando pela mesma rua e avançando até chegarem na região próxima da estação de trem.
Uma vez lá conseguiram, com pouco esforço, analisar as possíveis rotas até o porto, mas para desânimo de todos, as principais vias de acesso estavam tomadas pelos zumbis.
Para piorar a salvação parecia realmente perto, pois eles já conseguiam ver grupos do exercito que pareciam ter tomado o porto e estavam ajudando aos sobreviventes a embarcar.
- Vamos ter de ir a pé daqui... - José estacionara o carro numa avenida, pouco depois da estação e longe o suficiente de um numeroso grupo de zumbis, por onde seria morte certa se tentassem atravessar. - Se conseguirmos correr e evitar, ou derrubar os desgraçados que chegarem perto, poderemos ser vistos pelo exército e talvez eles nos ajudem.
- Ou não... - Sayuri não parecia nada contente em sair do conforto do carro para se arriscar contra os monstros.
- Ou não... Disse bem...
Marcela ouvia José concordando com a outra garota e abraçou ainda mais forte sua filha, temendo que eles acabassem presos dentro daquele carro para sempre, ou até morrerem de fome.
- Quero que minha filha sobreviva... Vamos tentar...
- Seria bom se a gente conseguisse distrair esses monstros...
- Tenho uma ideia... - Sayuir exibia um enorme sorriso enquanto explicava seu planos para os demais.
Minutos depois o som do motor do carro forte atraiu a atenção de alguns zumbis que estavam próximos e logo o veículo começou a rodar em alta velocidade, indo na direção da multidão de zumbis que bloqueava o caminhos dos sobreviventes.
Corpos foram destruídos conforme o carro avançava, com o acelerador preso e sem ninguém ali dentro, acabando por capotar quando o número de zumbis era tamanho que aqueles que ficavam pelo chão acabaram fazendo as rodas deslizarem.
Enquanto isso Marcela empunhava o cabo de vassoura com duas mãos, acertando sem dó na cabeça dos monstros que tentavam barrar seu caminho, enquanto Sayuri acertava os olhos daqueles que se aproximavam demais, retirando a faca de seus crânios conforme eles paravam de se mover.
José mantinha outros monstros afastados, acertando-os com o cabo do rodo, empunhado-o com uma mão, enquanto com a outra mantinha Aninha em seu colo, desse modo não corriam o risco da menina cair ou atrasá-los.
Eles finalmente atravessaram as pistas, começando a correr por uma área gramada que estava ao lado de uma rua que antecedia a chegada ao porto, onde era possível ver alguns soldados que cuidavam da segurança do local.
- Ei!!! - José agora não tentava mais ser silencioso. - Nos ajudem!!!
- Socorro!!! - Marcela e Sayuri gritavam quase em uníssono, procurando chamar a atenção dos soldados.
Quando faltavam poucos metros para chegarem, finalmente conseguiram chamar a atenção de três soldados, que destravaram suas armas e começaram a cobrir o avanço dos sobreviventes, até que esses conseguiram entrar no perímetro em segurança.
Mal tiveram tempo de respirar, foram logo subjugados pelos militares, sofreram uma rigorosa e humilhante revista, para que fosse certificado que nenhum deles apresentava ferimentos ou mordidas, passaram por exames de sangue, para garantir que não estavam infectados e horas depois, finalmente conseguiram se reunir, enquanto eram levados para um navio onde haviam outros sobreviventes.
- E agora José? - Ambas as garotas andavam abraçadas ao ex-faxineiro, Aninha vindo logo ao lado, sob um dos braços de Marcela, mas era Sayuri quem perguntava. - O que será que vai acontecer?
- Não faço ideia... - José lembrava dos conhecidos que eles viram se tornar aqueles monstros, além de finalmente conseguir pensar na mãe e nos irmãos, se perguntando o que poderia ter acontecido com eles. - Mas pelo menos estamos vivos... Por enquanto é o que basta...
Ao longe eles podiam ver as multidões de zumbis se arrastando e a única certeza era de que nada seria como antes novamente.
Fim.
“E lá vamos nós para mais um dia emocionante da minha vida...”
Com o irônico pensamento, José Benedito dobrou a esquina que levava até o escritório de contabilidade onde ele trabalhava de faxineiro, o único serviço fixo que ele conseguiu após o tempo em que esteve preso.
“Trinta e três anos hoje... A idade que Jesus tinha quando morreu... Será que eu vou ter mais sorte que ele?”
Antes de subir até o segundo andar, do predinho de apenas três, ele sempre parava na pequena padaria que ocupava o térreo, para tomar seu café da manhã e trocar uns olhares com a gracinha da atendente.
Sayuri, uma bela japonesa de apenas dezoito anos, tentava manter sempre o espírito alegre, enquanto tinha que atender alguns bêbados, que logo cedo pediam rabos de galo ou uma “branquinha”, ou ouvir a reclamação de alguns funcionários dos comércios ali de perto.
- Minha filha tá doente... Pior que tive que deixar ela sozinha... Não posso mais perder nenhum dia de trabalho...
- Você é uma gracinha sabia? Se eu te levo prá casa...
- Ai... Mais um dia... Tomara que passe logo né?
Mesmo com as ordens de seu Geraldo, o dono da pequena padaria, que não precisava de mais que dois funcionários, para que a garota sempre tratasse os clientes bem, chegava horas que tudo que a garota queria era agarrar a cabeça e sair de lá gritando.
O ponto alto das manhãs era quando José chegava.
Sayuri sempre pensava, com certo prazer, no que seus pais diriam caso vissem como ela dispensava atenção a alguém como ele, pobre, negro, ex-detento, um simples faxineiro.
- Esse homem não serve para você Sayuri Satoshi... - Seria, com certeza, a frase com que seu pai começaria outro sermão, o maior motivo pelo qual ela resolveu sair de casa e tentar se virar sozinha.
Os pais queriam uma filha médica de todo jeito, mas Sayuri nunca gostou da ideia de ter uma vida em suas mãos, logo depois quiseram que ela fosse advogada, mas ela nunca gostou tanto de livros técnicos.
Sua paixão eram os mangas, animes e os bares de karaokê. Seu sonho era se tornar cantora, viajar para o japão e ficar famosa criando músicas para aberturas de animes, mesmo com alguns amigos dizendo que ela não era tão afinada.
Em meio a um respiro no movimento daquela manhã, algo que era raro e até estranho, ela pegou um guardanapo e começou a rascunhar como seria a roupa que ela iria usar no concurso de cosplay do próximo final de semana.
- Você tem jeito prá desenho japinha... - A chegada repentina de José a assustou, fazendo com que a caneta Bic acabasse fazendo um risco transversal pelo desenho. - Opa! Mal aí...
- Não... Tudo bem... Hã... - Sentindo seu rosto corando, a garota procurou se recuperar o mais rápido que podia. - O de sempre?
- Claro... Um café tão pretinho quanto eu e um pão passado na chapa... Por favor...
Um sorriso da garota fez o coração de José bater mais rápido e ele olhou para o relógio, vendo que tinha ainda dez minutos antes de subir para o escritório, bater seu cartão e começar a limpeza.
- Isso... Vai mais rápido Roberto... Assim... aaaahhhhh....
- Nossa... Que tesão... Você é demais Cela... aaarrrr...
No escritório de contabilidade do Almeida, o dono Roberto Almeida, fazia uma “hora extra” com sua funcionária, Marcela de Souza, que pretendia, com aquilo, saciar sua vontade incontrolável por sexo e ainda conseguir um aumento.
Por isso ela aguentava ser chamada por aquele apelido que ela odiava.
- Ai Cela... - Roberto aumentava ainda mais seus movimentos, sentindo a bunda da mulher batendo com força em seu abdômen, enquanto ele agarrava com força num dos seios dela, mantendo sua mão direita apoiada numa das mesas. - Cacete... Tô quase... Mais um pouco...
- Vai logo... Aaaahhhh... Já já o Zé chega...
“Saco... Como mete mal... Ai Aninha... As coisas que a mamãe tem que fazer...” Enquanto continuava sua encenação, Marcela já mantinha a mente longe, pensando na filha, que nascera com síndrome de down, o que simplesmente dobrou o gasto que teria com uma criança “normal”.
Foi o que o pai de Aninha jogou na cara de Marcela antes de avisar que não assumiria a paternidade, se mudando para outra cidade um mês antes do nascimento.
Mesmo com o nascimento de sua filha, Marcela não teve seu apetite sexual diminuído, mas agora ele era também uma desculpa para tentar conseguir mais dinheiro para cuidar de Aninha.
- Aaaaahhh!!! Tô gozando!!!
Por causa de tudo isso, mesmo sentindo um crescente incômodo, conforme Roberto apertava ainda mais seu seio, ou enquanto o pequeno pênis mal lhe fazia cócegas, ela precisava fingir um orgasmo, pois sabia que assim conseguiria alcançar seus objetivos.
- Bom dia seu Manoel!! - José acabara de terminar o café, e já estava com o último pedaço de pão na boca, quando o dono do prédio entrava na padaria.
- Olá Zé Benê!!! Ora pois se este dia não está lindo ó pá!
O faxineiro odiava apelidos, mas aprendera que com seu nome isso era inevitável, ao menos já não arranjava confusão cada vez que alguém o chamada assim.
- Tá mesmo! - Após enfiar o último pedaço de pão na boca, José começou a revirar os bolsos para pegar o dinheiro, que estendeu na direção de Sayuri. - Pronto japinha... - Apesar de tudo, ele costumava dar apelidos. - ode ficar com o troco...
Uma piscadinha, pois sabia que o troco não passaria de uma moeda de cinco centavos e então, após consultar o relógio e ver que já era quase nove da manhã, ele se colocou a subir as escadas do prédio, entrando no escritório pouco depois de Roberto e Marcela terem terminado de transar.
Apesar de já estarem vestidos, o cheiro no escritório e os rostos dos dois deixava bem claro o que acontecera.
José sabia que não deveria fazer nenhum comentário, Roberto sempre o lembrava de como era um grande favor ter aceitado-o como faxineiro, por isso ele deu apenas bom dia aos dois, bateu seu cartão e foi logo se trocar, pegando uma vassoura e começando seu serviço.
Já era nove da manhã em ponto.
O inferno chegou até eles apenas uma hora após terem começado a trabalhar.
José já havia varrido, passado um pano no chão e se preparava para a pior parte do dia, pedir licença aos demais para limpar suas mesas.
Roberto, que mais ficava na internet, em sites pornôs, do que trabalhando sempre fazia a mesma piada “Tem que limpar justo agora? Tá certo... Não vou me meter no SEU trabalho” ele adorava frisar a inferioridade no trabalho do faxineiro.
Já com Marcela era um pouco diferente. A bela ruiva fazia questão de roçar um dos seios no braço de José, enquanto saía da mesa com um “ok” saído dos lábios com até terceiras intenções facilmente detectáveis.
Apesar de tudo ele sabia que precisava começar pela mesa do chefe e foi caminhando lentamente até ele, procurando evitar o olhar arrogante de Roberto, colocando um pouco de lustra móveis numa flanela branca.
Ao longe eles ouviram o som de pneus derrapando, mas não deram maior importância, muitas vezes as pessoas precisavam frear seus carros por causa de uma lombada, quase invisível pela ação do tempo.
E nada faria Roberto perder sua piada.
- Poxa zé! Tem que limpar justo...
Para um alívio momentâneo de José, a piada de seu chefe foi interrompida pelo som da porta do escritório sendo violentamente aberta e em seguida fechada com igual força.
Quando todos se voltaram para a entrada ficaram estarrecidos.
Sayuri, a garota da padaria estava encostada na porta, que acabara de trancar, arfando como se tivesse subido os lances de escada correndo com todas as suas forças, dos olhos desciam verdadeiros rios de lágrimas, mas não foi isso que assustou os demais.
Ela tinha a blusa ensopada de sangue e na mão uma imensa faca, de onde também escorria o líquido escarlate.
- Eu... Meus Deus... Meu Deus...
E então ela caiu ajoelhada, deixando José, Roberto e Marcela atônitos, sem saber o que fazer.
XXX
Alguns minutos atrás.
Sayuri havia terminado de lavar alguns copos e ia começar a arrumá-los, quando percebeu que Seu Geraldo acabara de deixar o caixa, algo que nunca significava coisa boa.
Ela olhou para a entrada da padaria e percebeu o que, à primeira vista, parecia somente mais um bêbado parado na entrada, com o corpo balançando estranhamente. Era como se ele estivesse para cair a qualquer momento.
Parecia problema e o chefe da garota sempre sabia o que fazer nessas horas.
Seu Geraldo era um grandalhão, doce com quem o conhecia, mas que sabia aproveitar seu tamanho para afastar prováveis valentões, que surgiam de tempos em tempos.
- O que você quer aqui amigo? Se não for comprar algo é melhor sair fora... - O outro apenas soltava gemidos e grunhidos incompreensíveis. O corpo ainda gingando de forma estranha. - Não vai querer confusão não é?
Normalmente aquela ameaça, somada ao tamanho de Geraldo bastava, mas por via das dúvidas Sayuri pegou uma faca de cozinha e começou a se aproximar lentamente por trás de seu chefe, pronta para defendê-lo se fosse necessário.
- Ei, calma Sayuri... - Ao perceber a aproximação da empregada, Geraldo tratou de acalmá-la, tirando a atenção do estranho homem à sua frente por um instante. - Não se preocupe que vai ficar tudo bem e... AAAAAAHHHHH!!!!!
Sem aviso nenhum Geraldo teve seu pescoço mordido pelo recém-chegado, que precisou saltar para alcançá-lo, fazendo o sangue esguichar, acabando por acertar o peito de Sayuri, que em pânico gritou e usou a faca de cozinha para acertar o agressor.
Após várias facadas ela conseguiu finalmente tirá-lo de cima de Geraldo, mas esse já estava dando os últimos suspiros, ainda tentando se agarrar à vida, mas a mordida fora certeira em sua jugular e poucos minutos depois ele jazia morto.
O agressor também parecia estar morto e enquanto a garota tentava fazer as mãos pararem de tremer e imaginava como poderia explicar aquilo para a polícia o impossível aconteceu.
Pela porta da padaria mais três pessoas começavam a entrar, duas mulheres e um homem, mas esses, ao contrário do primeiro, apresentavam ferimentos terríveis.
A mulher não tinha um braço, um dos homens estava com boa parte do intestino pendurado para fora do corpo e o último vinha arrastando uma perna que parecia presa ao seu corpo por apenas um fio de carne.
Nenhum deles deveria estar sequer de pé, quanto mais andando daquele jeito.
Sayuri só despertou quando olhou para baixo e viu horrorizada que o corpo de Seu Geraldo começava a se mover, os olhos haviam ficado leitosos, mas ainda assim ele estendia uma mão na direção da perna dela.
Com um grito de terror ela correu pela saída da padaria que dava para a escada do prédio, subindo-a com toda velocidade que conseguia e só parando quando entrou no escritório de contabilidade e trancou a porta atrás de si.
XXX
- Droga Japinha... Conta prá gente o que aconteceu...
- Pára de falar com ela assim! - Roberto tentava assumir o controle da situação. - Pega logo a chave Zé! E Macela! Já chamou a polícia?
- Ninguém atende! Só dá ramal ocupado...
- Merda! Deixa eu resolver isso...
Ele avançou para pegar a chave, mas Sayuri se defendeu com a faca, quase cortando a mão do outro.
- Merda! Ora sua vaca... Eu vou...
José se levantou e segurou o chefe, sabendo que iria arriscar o emprego fazendo aquilo, mas ele queria acreditar que a garota tinha motivos para fazer aquilo.
Motivos que ficaram claros em seguida.
Um grito pavoroso chamou a atenção de todos, que procuraram se afastar da porta trancada, cada um procurando abrigo atrás de uma mesa ou de uma prateleira e observando atentamente através dos vidros temperados que Roberto havia mandado insufilmar a poucas semanas.
Ele queria mais privacidade enquanto estava transando com Marcela.
- Socorro!!! - Todos reconheceram a voz de seu Manoel, o dono do prédio, pouco antes de ele aparecer, com ferimentos em boa parte do rosto e braços e uma mão com três dedos a menos, correndo pelo corredor à frente do escritório. - Me ajudem!!! Socorro!!!
Todos estavam paralisados, ninguém moveu um dedo e quando começavam a cogitar a possibilidade se se erguer, voltaram a se esconder quando um grupo estranho de pessoas, todos exibindo horrendos ferimentos, alcançaram seu Manoel e o derrubaram no chão.
Os gritos do dono do prédio se estenderam por longos minutos, mas logo silenciaram, fazendo com que todos que estavam dentro do escritório mantivessem até suas respirações suspensas.
Poucos minutos depois os atacantes se ergueram, todos com as bocas manchadas de sangue e voltaram pelo caminho que tinham feito até ali, mas o pior é que seu Manoel também se levantou em seguida, os olhos leitosos, a mandíbula pendia de sua cabeça e um dos braços já não existia mais.
Ele ficou com seu rosto voltado para dentro do escritório, acabou batendo a cabeça algumas vezes contra o vidro escurecido, o que aumentou ainda mais o terror daqueles que assistiam àquele dantesco espetáculo.
Pouco a pouco ele se virou e seguiu seus atacantes, deixando para trás quatro pessoas apavoradas, que só voltaram a se mexer após ouvir o som de pneus derrapando mais uma vez, mas agora muito mais perto, seguido do característico som de metal sendo golpeado por algo.
Roberto se arrastou até uma janela, tentando não mostrar muito de seu rosto, mas sendo o suficiente para ver a rua logo abaixo.
Ele voltou a se abaixar num instante, os olhos arregalados de terror.
Os demais resolveram imitá-lo e o cenário que viram era como um pesadelo.
Na rua vários carros estavam batidos, tombados ou até mesmo em chamas, pessoas corriam para todo lado, enquanto eram perseguidas por grupos dos mesmos loucos que atacaram o Seu Manuel.
Loucos, já que não era possível que fossem outra coisa, por mais que soasse absurdo, afinal eles não estavam num filme, era a vida real e na vida real coisas como zumbis não existiam.
Era uma certeza que logo teriam de abandonar.
XXX
Já era quase meio dia e os quatro mal tinham trocado uma só palavra, quando o celular de Marcela tocou com a música tema do desenho “Backgardigans”, fazendo-a sobressaltar e murmurar um “meu Deus” quase inaudível, enquanto atendia.
- Aninha... Meu anjo... Sim... Isso mesmo meu amor... Fica aí... Tá... Isso mesmo... Mamãe já vai... Te amo minha linda...
Ela desligou e, com os olhos cheios de lágrimas se voltou para os outros.
- Nem a pau eu saio daqui... Nem ferrando! A rua tá lotada desses doidos...
- Mas... A minha filhinha... A Aninha não pode... E-eu...
E então ela começou a chorar copiosamente.
Sayuri se aproximou, abraçando-a e tentando fazer com que ela parasse, temendo que o som atraísse outro daqueles monstros.
- Não podemos mesmo ficar aqui... Duvido que a polícia apareça tão cedo...
- E por que Zé? - Roberto não iria parar tão cedo de agredir seus companheiros. O Medo faz as pessoas, muitas vezes, terem seus piores traços de personalidade acentuados. - Ah! Esqueci que você é um especialista em polícia...
- Dá uma olhada lá fora Roberto. - Apesar de querer saltar no pescoço do outro, José sabia que precisava se controlar, sozinho seria muito mais difícil se salvar. - Olha a zona que tá na rua, você acha que é algo só aqui no bairro? Tem uma coluna de fumaça saindo de um monte de lugar da cidade... Essa merda, sei lá o que pode ser, deve ter se espalhado... Precisamos sair daqui e achar um lugar mais seguro, onde podemos esperar que as coisas voltem ao normal...
- E por que não aqui? Duvido que algum desses doidos entrem pela nossa porta e...
- E você pretende comer o que? Eu trouxe uma marmita, mas mal dá para mim...
Silêncio.
- Então... - Agora Roberto se sentia derrotado. - O que vamos fazer?
Marcela começava a limpar as lágrimas, o nariz fazendo o característico som de fungadas.
Sayuri ainda abraçava a outra mulher, os olhos um pouco desfocados, provavelmente pensando no ocorrido na padaria.
José percebeu após alguns instantes de silêncio que todos o observavam.
- Opa... Que que foi?
- Você tem alguma ideia?
- Eu... Bem... - Pego totalmente de surpresa, o faxineiro ficou desconcertado por um instante, mas então olhou para todos ao redor, se fixando mais em Sayuri. - Certo... Antes de mais nada precisaremos de um carro... Podemos Sair pela Navegante... Acho que é uma das saídas mais próximas daqui...
- Antes temos que pegar a minha filha. - Finalmente Marcela parecia despertar de seu desespero. - Sem ela eu não vou e...
- Dane-se você Cela... Eu quero viver e o plano do Zé parece bom... Acho que no meu citroën C4 a gente pode ter alguma chance.
- Vai se foder seu filha da puta!!!
Foi preciso que José e Sayuri segurassem Marcela antes que ela conseguisse enterrar as unhas nos olhos do seu chefe.
- Calma cacete! Se continuar a gritar vai atrair aqueles desgraçados.
Aquilo foi o suficiente para que todos se acalmassem.
- Vamos fazer o seguinte, damos um jeito de descer, pegamos seu carro Roberto, passamos na escola da filha da Marcela e saímos pela ponte.. que tal e... Filha da puta!!
José tentou segurá-lo, mas Roberto foi mais rápido, ao se levantar, abrir a porta do escritório e correr para a escada, deixando os demais atordoados e só tendo a escolha de voltarem a se trancar.
- Merda... E agora?
José permanecia em silêncio, remoendo a raiva pelo chefe, que aumentou quando ouviu o som de um carro saindo correndo na rua abaixo.
- Precisamos de outro carro...
- Que tal aquele? - Sayuri se aproximou de José e após uma rápida olhada, apontou para um carro forte, aqueles tipicamente usados para recolher dinheiro de lojas, parado do outro lado da rua. - Esse ia ser bom né?
Um sorriso surgiu no rosto de José e ele quase agarrou a bela oriental num beijo, só não o fez por causa da presença de Marcela e então ele se levantou, foi até o armário onde guardavam os materiais de limpeza e logo depois voltou com dois cabos de madeira.
- Aquele mão de vaca fazia questão de ter só uma vassoura e um rodo... - Ele então estendeu os cabos para as duas mulheres. - Vou tentar me virar com outra coisa que eu achar...
- Pode ficar com um deles... - Sayuri apenas ergueu uma das mãos, recusando a arma improvisada. - Da minha faca eu não solto...
- Certo... Estão prontas? - José se colocou diante das duas mulheres, o cabo nas mãos dando um pouco mais de coragem e então, após abrir a porta do escritório, o trio começou a avançar na direção da escada.
Todos mantinham silêncio, mas em seus íntimos torciam para poder chegar até a rua tão rápido quanto Roberto fizera.
Infelizmente, a poucos metros do primeiro degrau, eles viram horrorizados que seu Manuel, ou o que fora um dia o dono do prédio, vinha na direção deles. Diante daquela cena, vendo um conhecido andando com um braço a menos e várias marcas de mordidas pelo corpo uma palavra assaltou a mente dos três.
Zumbi.
A criatura abriu a boca num horrível esgar, soltando um grunhido incompreensível, como se estivesse sentindo muita dor, antes de começar a se mover na direção deles.
- Se-seu Ma-Manuel... - A coragem de José ia pouco a pouco arrefecendo. - Se-se afasta... E-eu...
A única resposta foi mais um grunhido.
E um avanço, como o de um cão atacando.
José foi pego de surpresa e caiu de costas no chão, que estava sujo e úmido por causa do sangue, com aquilo que era o seu Manoel por cima dele, tentando mordê-lo desesperadamente.
- AAAAHHHHH!!!! Sai de cima!!! – Sem qualquer aviso José recebeu uma golfada de sangue sobre seus olhos, ao mesmo tempo em que o corpo do monstro pareceu perder força, permitindo que o faxineiro conseguisse se erguer. – Mas que mer...
Foi quando ele viu o cabo da faca de Sayuri para fora do crânio do monstro.
Ele mexeu no corpo com um pé e ficou aliviado ao ver que a criatura realmente parara de se mover, logo em seguida ele retirou a faca e devolveu à garota sempre com um olho naquele que fora o Seu Manoel.
Sem trocarem nenhuma palavra todos empunharam suas armas e começaram a descer as escadas. Alguns minutos depois estavam na entrada do prédio, logo ao lado da padaria, olhando para todos os lados.
Muitas pessoas estavam caídas e grupos de zumbis disputavam por pedaços dos vivos, como se fossem animais sobre uma caça recém abatida, pela rua vários carros estavam caídos, ou destruídos, um já estava em chamas, com algo que lembrava um corpo humano ao volante, sendo lentamente consumido.
Conforme viram que nenhum dos monstros estava andando pela rua, resolveram que era hora de arriscar, saindo correndo o mais silenciosamente que podiam na direção do carro forte.
Ao alcançar o veículo, rapidamente constataram que estava vazio, com uma grande poça de sangue do lado do motorista, que foi ocupado por José, já sentindo a sujeira das costas aumentar ainda mais.
Sayuri foi a segunda a entrar no veículo, seguida de perto por Marcela que, tão logo fechou a porta atrás de si, olhou pela janela, sendo surpreendida por um dos zumbis.
- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!
Alheio ao que provocara, o monstro tentava alcançar as pessoas de dentro do veículo, batendo a cabeça e passando os dentes pelo vidro, provocando um som tenebroso.
Ao menos estavam seguros, com certeza ali dentro as criaturas não poderiam machucá-los e então José, após procurar inutilmente pelas chaves, começou a tentar fazer uma ligação direta.
Os minutos passavam, Marcela e Sayuri mantinham as cabeças baixas, ao perceberem as gotas de suor que brotavam da pele do faxineiro, sendo incapazes também de olhar para fora, para todo o horror que estava a apenas um vidro de distância.
Para alívio de todos o som do motor começou a roncar, indicando que José finalmente havia conseguido, mas ao mesmo tempo eles perceberam que alguns dos zumbis que estavam “ocupados”, se alimentando, voltaram suas cabeças para o carro, começando a se arrastar na direção deste.
- José... - Sayuri tocou de leve o braço do motorista e ele entendeu que precisavam sair dali o mais rápido que podiam.
O carro começou a se mover, não sem antes fazer com que os ocupantes tivessem um sobressalto, ao passar por cima de algo que, só perceberam depois, ao olhar pelo retrovisor, fora um corpo.
Eles subiram a rua até chegar à esquina do Hospital Misericórdia e então viraram à direita, chegando até a acreditar que aquela situação talvez tivesse ocorrido apenas no bairro do escritório, mas assim que se aproximaram do quarteirão de um shopping, começaram a ter uma noção do inferno onde estavam.
A rua onde pretendiam virar estava tomada por centenas de zumbis, seria impossível, mesmo com o carro forte, passar por ali sem acabar preso em meio aos monstros e algo chamou a atenção deles.
Um citroën preto jazia cercado pelos zumbis e foi possível ver o que restara do motorista.
Roberto tinha tomado a decisão errada, provavelmente tentando entrar com tupo por aquela rua, batendo num poste, sendo salvo pelo air-bag, mas ficando indefeso para os monstros que infestavam aquela rua.
Por isso rapidamente José começou a desviar, entrando na rua que levaria até o Museu, pretendendo seguir algum caminho que estivesse mais deserto.
Sons de tiros chamaram a atenção deles, percebendo que adiante, bem perto de um cinema, um grupo de homens atacava alucinadamente alguns grupos esparsos de zumbis.
- Grande, era tudo o que a gente precisava... Um grupo de doidos metidos a Rambo...- Dizendo isso José entrou numa outra rua, essa com um número de zumbis que não oferecia tanto perigo, muitos sendo atropelados, mas outros permanecendo fora do caminho. - Acho que por aqui não vamos ter tantos problemas.
Por mais meia hora eles seguiram pelas ruas daquele bairro, desviando quando possível de alguns zumbis, passando por cima de outros, os três espantados em como haviam conseguido se adaptar rapidamente à situação.
Talvez por saberem que a vida de uma criança estava em jogo.
- Puxa... Aninha estava tão feliz... Hoje eu ia levá-la para um show da banda Delete, que ela adora...
Assim que se aproximaram da escola perceberam que, em algumas casas, janelas tinham suas cortina fechadas de forma brusca, como que numa tentativa de disfarçar que havia gente ali dentro.
No mínimo pessoas sem coragem para sair ou sem um motivo forte o suficiente.
- Chegamos. - José falou de forma seca, percebendo alguns grupos de zumbis cambaleando pela rua na frente da entrada, mas nada impossível de se passar. - Onde ela está?
- Vai descer sozinho? Tá louco?
- Nem japinha... Mas os monstrengos estão bem longe e a porta da escola tá aberta... Se eu for sozinho eu pego a Aninha, que já me conhece, e corro com ela prá cá... Mais fácil do que se for nós três... Entendeu? Mas antes...
Ele saiu do carro com muito cuidado, foi até a traseira e testou as portas, verificando que as mesmas abriam facilmente por dentro, o que seria necessário quando o número do grupo subisse um pouco mais, com a possibilidade de alguém ir lá atrás.
Feito isso ele foi até o lado onde Marcela estava, Sayuri havia ficado no lugar do motorista caso surgisse uma emergência, e após ela indicar o local onde Aninha deveria estar escondida, ele apertou o cabo da vassoura e começou a correr.
Conforme avançava ele procurava evitar os zumbis, mas acertava as cabeças daqueles que acabavam em seu caminho, conseguindo finalmente entrar na escola.
Os corredores estavam repletos de manchas de sangue, com restos de corpos jogados por todo lado, o cheiro revirou o estomago de José, que agradecia a Deus o fato de não ter almoçado.
Após meia hora ele chegou até um banheiro feminino que, segundo Marcela estava desativado, mas que fora o “local seguro” que ela havia combinado com sua filha para que esta se escondesse caso alguém pretendesse fazer mal a ela.
- Aninha? - Ele colocou a cabeça dentro do banheiro, tendo o cuidado de deixar parte do corpo para fora, no caso de ter que sair correndo. - Vamos lá meu anjo... Eu sou o Zé... Lembra? Sua Mãe mandou eu te buscar... Vamos logo embora...
Para o crescente desespero de José, a menina não aparecia e além dele não querer entrar e arriscar ficar preso ali dentro, ele podia jurar que estava ouvindo alguns grunhidos ficarem cada vez mais próximos.
- Vamos minha lindinha... - O suor escorria pelo rosto dele, a tensão fazendo-o olhar para fora várias vezes e quando ele olhou novamente para dentro do banheiro, o susto de ver Aninha ali parada quase o fez gritar. - Nossa... Ufa... Oi Aninha... Tudo bem? Tá machucada? Tá tudo bem mesmo?
Ela respondia sim e não para as várias perguntas e de repente os grunhidos ficaram totalmente audíveis, fazendo com que a criança se jogasse no colo dele ao mesmo tempo em que um grupo de crianças zumbis surgia de um corredor adjacente.
José realmente não queria descobrir se era capaz de arrebentar a cabeça de uma criança que aparentava ter menos de dez anos, por isso segurou firme Aninha em seus braços e saiu correndo pelo caminho que fizera para chegar ali.
- Liga o Carro!!! - Para alivio de Marcela, José surgia por entre as portas da escola com sua filha nos braços, correndo na direção do carro forte. - Vamos! Vamos!!!
Assim que se aproximou, José entregou Aninha para sua mãe, que a abraçou tão forte que quase esganou a menina, enquanto elas iam para a parte de trás do veículo.
José então voltou para a frente, tomou o volante, enquanto Sayuri pulava para o banco do motorista, ligou o carro e, conforme alguns zumbis finalmente se aproximava, ele saiu com o carro, atropelando alguns que estavam pelo caminho.
- Prá onde agora?
- Vamos tentar chegar até a Navegante, como havíamos planejado e...
A frase morreu na garganta de José, pois assim que dobraram uma esquina, que dava acesso à ponte que pretendiam usar, arregalaram os olhos.
Um enorme amontoado de zumbis ocupava uma imensa área da rua que levava para onde pretendiam chegar.
- Merda! E agora José? - O outro ficou em silêncio, atordoado, enquanto Sayuri tentava despertá-lo. - José? E agora? O que vamos fazer?
- Eu... E-eu... Não sei... Precisamos achar outra saída, mas se as demais pontes e estradas estiverem assim...
- E o aeroporto? Talvez consigamos um avião...
- Você acha que o pessoal mais rico já não deve ter enchido o aeroporto? Não... Tem que ter algum outro jeito...
- Que tal o porto? - Era Marcela quem falava, através de uma janelinha que ligava a cabine do motorista com o baú do carro forte. - Eu tive um namorado que me ensinou a velejar... De repente...
Sem mais nenhuma palavra, após uma troca de olhares entre Sayuri e José, este deu a volta com o carro passando pelos caminhos que haviam feito até ali, evitando outra vez os loucos e as grandes aglomerações de zumbis.
Quando chegaram até o bairro da Moda, o sol estava começando a se por.
- Melhor acharmos um local para passar a noite, não quero encontrar com esses monstros no escuro.
- Olha lá José... Aquela loja de roupas foi montada numa daquelas casas chiques... Uma vez minha mãe me levou lá... Tem até quartos montados e uma pequena lanchonete... As portas estão abertas...
- Perfeito.
XXX
A limpeza da loja durou menos que uma hora, por causa dos preços absurdos não havia muita gente lá dentro no momento em que a infestação começara, por isso foi relativamente fácil para José e Sayuri derrubarem e se livrar dos poucos zumbis que estavam lá.
Marcela mantinha-se agarrada com Aninha.
Eles acabaram comendo alguns salgados da lanchonete, uma janta nada pesada, pois estavam preocupados em racionar a comida, caso não conseguissem sair dali pela manhã e então cada um deles escolheu um quarto para passarem a noite.
José estava deitado, havia se livrado das roupas imundas e ficou feliz após descobrir que havia até um banheiro completo na loja. Ele ainda escutava Marcela conversando com sua filha, tentando explicar por que não iriam para o show do Delete, quando ouviu a porta se abrir.
Sayuri entrou, trancou a porta atrás de si e começou a caminhar na direção do outro, deixando uma peça de roupa para trás a cada passo.
Quando chegou na cama, estava completamente nua, expondo um corpo cujas formas variavam entre uma menina e uma mulher, os seios num tamanho médio, as pernas bem torneadas, a região pubiana sem qualquer pelo.
José já estava completamente excitado, desde o momento em que ela entrara, e sem nenhuma cerimônia levantou os lençóis, deixando que a garota arregalasse os olhos com o que via.
No instante seguinte a garota estava encaixada sobre o corpo dele, com movimentos selvagens, subindo e descendo, arrancando gemidos que os dois mal conseguiam conter, em respeito à mãe e filha que estavam no quarto ao lado.
José ergueu seu tronco, levantou Sayuri com carinho, colocou-a de quatro e penetrou-a novamente, o que fez com que a garota terminasse por morder os lençóis, numa tentativa clara de não gritar de prazer.
Após o orgasmo, a garota finalmente se entregou ao cansaço, ressonando tranquilamente sobre um dos braços de José que, ainda sem conseguir dormir e com todo cuidado, se desvencilhou de Sayuri, vestiu apenas uma calça de moletom, sem deixar de reparar que precisaria trabalhar mais de mês para comprar algo tão caro e desceu até a lanchonete, pretendendo tomar um café.
Sem que ele percebesse, assim que passou pelo quarto de Marcela e Aninha, a porta foi lentamente aberta.
Após tomar uma lata de chá gelado, ele pensou que o café não iria ajudá-lo a dormir, José teve um sobressalto quando se virou para a saída da lanchonete.
Bloqueando a porta estava Marcela.
Ela vestia apenas um roupão de seda, que logo deslizou pelo seu corpo, deixando clara suas intenções, ainda mais quando ela se aproximou, andando languidamente, umedecendo os lábios com a língua e terminando por se ajoelhar na frente de José.
Ele fechou os olhos e, como o amanhã era ainda mais incerto, José não resistiu quando sentiu a calça sendo abaixada.
Em poucos minutos ele e Marcela transavam com a mesma intensidade que ele havia apresentando quando estava com Sayuri.
Mais tarde ele entrou no quarto e encontrou a garota acordada, os lençóis cobrindo o corpo nu, um sorriso enviesado no rosto.
- Sayuri... Eu... - Ele sentou-se ao lado dela na cama, várias desculpas na ponta da língua, mas ela o calou colocando um dedo em sua boca.
- O mundo mudou José... Podemos nos enganar sobre isso, achando que tudo vai voltar ao normal, mas lá no fundo... - Ela interrompeu a frase, deixando algumas lágrimas caírem, antes de continuar. - Não me importo se você quiser ficar ou não com a Marcela, mas pelo menos hoje à noite... Dorme comigo...
Eles então passaram a noite inteira abraçados.
Na manhã do dia seguinte já estavam prontos para partir.
Novamente Marcela e Aninha iriam na parte de trás do Carro forte, onde era mais seguro para a garota e então, após comerem o suficiente para se manter sem fome por horas, saíram da loja.
Nesse momento já atropelaram, ao menos, uns três zumbis que não se moviam, apenas se balançavam de um lado para o outro.
Eles subiam a rua, procurando evitar ao máximo grandes concentrações de zumbis e José olhou com saudade e tristeza para uma pizzaria onde ele gostava de comer, vendo-a com as portas escancaradas e várias manchas de sangue espalhadas pelas paredes próximas.
Eles tentaram avançar pela rua do parque Prof. Matheus Ubirajara, mas viram mais uma grande agrupamento de zumbis, retornando pela mesma rua e avançando até chegarem na região próxima da estação de trem.
Uma vez lá conseguiram, com pouco esforço, analisar as possíveis rotas até o porto, mas para desânimo de todos, as principais vias de acesso estavam tomadas pelos zumbis.
Para piorar a salvação parecia realmente perto, pois eles já conseguiam ver grupos do exercito que pareciam ter tomado o porto e estavam ajudando aos sobreviventes a embarcar.
- Vamos ter de ir a pé daqui... - José estacionara o carro numa avenida, pouco depois da estação e longe o suficiente de um numeroso grupo de zumbis, por onde seria morte certa se tentassem atravessar. - Se conseguirmos correr e evitar, ou derrubar os desgraçados que chegarem perto, poderemos ser vistos pelo exército e talvez eles nos ajudem.
- Ou não... - Sayuri não parecia nada contente em sair do conforto do carro para se arriscar contra os monstros.
- Ou não... Disse bem...
Marcela ouvia José concordando com a outra garota e abraçou ainda mais forte sua filha, temendo que eles acabassem presos dentro daquele carro para sempre, ou até morrerem de fome.
- Quero que minha filha sobreviva... Vamos tentar...
- Seria bom se a gente conseguisse distrair esses monstros...
- Tenho uma ideia... - Sayuir exibia um enorme sorriso enquanto explicava seu planos para os demais.
Minutos depois o som do motor do carro forte atraiu a atenção de alguns zumbis que estavam próximos e logo o veículo começou a rodar em alta velocidade, indo na direção da multidão de zumbis que bloqueava o caminhos dos sobreviventes.
Corpos foram destruídos conforme o carro avançava, com o acelerador preso e sem ninguém ali dentro, acabando por capotar quando o número de zumbis era tamanho que aqueles que ficavam pelo chão acabaram fazendo as rodas deslizarem.
Enquanto isso Marcela empunhava o cabo de vassoura com duas mãos, acertando sem dó na cabeça dos monstros que tentavam barrar seu caminho, enquanto Sayuri acertava os olhos daqueles que se aproximavam demais, retirando a faca de seus crânios conforme eles paravam de se mover.
José mantinha outros monstros afastados, acertando-os com o cabo do rodo, empunhado-o com uma mão, enquanto com a outra mantinha Aninha em seu colo, desse modo não corriam o risco da menina cair ou atrasá-los.
Eles finalmente atravessaram as pistas, começando a correr por uma área gramada que estava ao lado de uma rua que antecedia a chegada ao porto, onde era possível ver alguns soldados que cuidavam da segurança do local.
- Ei!!! - José agora não tentava mais ser silencioso. - Nos ajudem!!!
- Socorro!!! - Marcela e Sayuri gritavam quase em uníssono, procurando chamar a atenção dos soldados.
Quando faltavam poucos metros para chegarem, finalmente conseguiram chamar a atenção de três soldados, que destravaram suas armas e começaram a cobrir o avanço dos sobreviventes, até que esses conseguiram entrar no perímetro em segurança.
Mal tiveram tempo de respirar, foram logo subjugados pelos militares, sofreram uma rigorosa e humilhante revista, para que fosse certificado que nenhum deles apresentava ferimentos ou mordidas, passaram por exames de sangue, para garantir que não estavam infectados e horas depois, finalmente conseguiram se reunir, enquanto eram levados para um navio onde haviam outros sobreviventes.
- E agora José? - Ambas as garotas andavam abraçadas ao ex-faxineiro, Aninha vindo logo ao lado, sob um dos braços de Marcela, mas era Sayuri quem perguntava. - O que será que vai acontecer?
- Não faço ideia... - José lembrava dos conhecidos que eles viram se tornar aqueles monstros, além de finalmente conseguir pensar na mãe e nos irmãos, se perguntando o que poderia ter acontecido com eles. - Mas pelo menos estamos vivos... Por enquanto é o que basta...
Ao longe eles podiam ver as multidões de zumbis se arrastando e a única certeza era de que nada seria como antes novamente.
Fim.
Especial: Capa Alternativa com desenho do Anderson "Aracnos".
+ comentários + 11 comentários
Primeira? :o
E eis que estreia a Frequencia Z! :D
E muito bem "estreiada" diga-se de passagem...
adorei como vc desenrolou os fatos... o carinha safado teve a morte que merecia!
agora... entre mortos-vivos e vivos... José é q se deu bem? o.o kkkkkk
Achei legal a forma como trabalharam o instinto de sobrevivencia ^^
Parabéns viu adorei!
Esta é uma história de zumbis com tudo o que temos direito hahahaha...
Grande João! Gostei do texto. Tem ação, suspense, momentos cômicos... divertida mesmo. Exatamente o que eu espero de uma história de zumbis.
Abraço e parabéns!
Putz grilaa!!!!!! Prometo que uma hora eu acerto em ch e x! Prometo!
Graaande Raven! Postando na madruga como um bom zumbi! hahahah
E eu tentei realmente dar uma importância para o cenário e os personagens, acho até que deixei os zumbis meio em segundo plano...
Eu adoro seus textos também Raven e tenho certeza de que sua One ficou ótima!
E, puxa... Pena que não deu prá bolar um cross entre nossas histórias, quem sabe nos próximos projetos a gente se esbarra?
A cena da escola eu pensei até em estender um pouco mais, mas daí ficaria muuuuito grande... Que bom que você gostou mesmo assim... A do escritório ficou bem do jeito que eu queria.
E, puxa... Numa história de zumbis tem que ter sexo e, ao menos uns peitinhos né? hahahah
Valeu mesmo o comentário amigão!
Um abraço e até mais!!!
Grande João,
Ninguém melhor que você para estreiar o Frequência Z, e estreou muito bem, diga-se de passagem.
Personagen legais e bem trabalhados considerando o espaço limitado. Só achei que você podia ter trabalhado um pouco mais as reações da Aninha diante de tudo isso.
O José se deu bem, hein? E o chefe sacana teve o que mereceu. hehehe.
Ficou com gostinho de quero mais. Parabéns!
Grande João!!!
Cara, li e achei muito legal mesmo! Mas falar isso é chover no molhado! AshUSHUHAuAH. As relações entre os personagens, tornando possível um grupo tão diferente desses se juntar para tentar sobreviver... Ficou tudo ótimo!
E é claro que em histórias de zumbis tem que ter ao menos uns peitinhos!! UAshUAHSuHAsu.
Parabéns, João! Ótima estréia!
E ae Lucas!
Puxa, que bom que você gostou cara!
Realmente tentei me focar mais nas relações entre eles, deixando até mesmo os zumbis em segundo plano...
Que bom que deu certo!
E você falou tudo! Ao menos uns peitinhos são obrigatoriedade! hahahaha
Valeu mesmo pelo comentário, um abração e até mais!!!
odeio zumbis, todos sabem. confesso que li na má vontade, mas, admito: dou o braço a torcer. ao menos no que me refiro à frequência z. texto tenso e instigante, pervertido, até. parabéns. vou ler os outros!
Hahahahaha, Poxa Caldeira, por que todo esse ódio contra os pobres zumbis?
Que bom que você gostou!!!
Valeu mesmo o comentário, um abração e até mais!!!
E aê João. Cara, bela história, parece bem aqueles filmes de Zumbis de antigamente. Tem de tudo! O personagem canalha, o chefe devorado, a safada, o herói bandido e a mocinha que não é indefesa e, a criança assustada. Parabéns. Mandou muito bem!
E aí Fred!!
Poxa, que bom que você gostou!
Eu realmente tentei fazer uma história como esses filmes mais antigos, sem muita firula e tals... Indo no básico e garantido...heheheh
Valeu mesmo o comentário, fiquei feliz de ter gostado!
Um abração e até mais!!!
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