O Projeto Ícones foi criado para que os escritores do UNF pudessem contar histórias em One-Shots, com começo meio e fim, sem se "prender" a um título periódico ou mesmo a uma mini, mas deixando esses mesmos personagens prontos para retornar, ou não.
Começa aqui então o Ultimate UNF: Ícones.
E agora conheçam a origem do...
Surfista Prateado.
O presente.
O pânico começou a alguns meses, quando os céus ficaram negros e repletos de serpentes de fogo.
Nos dias seguintes todos os cientistas do planeta buscavam explicações para toda a série de eventos, que continuava a castigar várias regiões tais como inundações em locais comumente secos, tornados onde mal se tinha uma brisa, calor excessivo derretendo áreas congeladas.
As conclusões foram terríveis.
Em breve o Devorador iria chegar.
Não havia dúvidas quanto a isso, agora o grande problema seria imaginar quanto tempo ainda tinham e então uma difícil decisão foi tomada.
Era necessário evacuar todo o planeta o mais rápido possível.
Foi um momento único na história daquele povo, quando todos colocaram suas diferenças de lado, usando seus recursos para a construção de imensas naves estelares que levariam, se não todos, pelo menos a maioria da população.
Todo o modo de vida daquele povo foi ruindo aos poucos, sendo substituído por caos e desespero, todos tentando conseguir um lugar nas naves, agora chamadas de Naus da Salvação.
A situação, que já era insustentável, acabou por piorar quando começaram os relatos de avistamentos, todos sobre o que parecia ser uma criatura humanóide que sobrevoava as cidades, permanecendo poucos minutos, antes de ir para a próxima.
O Arauto.
Algumas histórias já tinham se espalhado pela galáxia, sobre a criatura que antecedia a chegada do Devorador, mas os relatos eram conflitantes, uma vez que eram extraídos, muitas vezes, de traumatizados sobreviventes.
Alguns diziam que o Arauto tentava salvá-los, outros que ele se divertia vendo o sofrimento causado por seu mestre, mas a verdade era só uma.
Quando o Arauto chegava, toda esperança findava.
Quase um ciclo inteiro se passou.
Os líderes do mundo condenado decidiram que tempo era realmente um luxo do qual não dispunham, portanto a evacuação começara mesmo sem que todas as naves estivessem prontas, ou seja, a grande maioria da população seria deixada para trás.
Algo que o grande líder daquele planeta não permitiria, decidindo ficar para trás, junto de sua esposa, que não o abandonaria de jeito nenhum.
Desse modo um jovem príncipe, escoltado por sua guarda de honra até a nave de fuga, observava impotente a imensas erupções vulcânicas, que começavam a surgir na superfície da capital, enquanto um terrível vulto surgia no horizonte.
- Galactus... – Ele sussurrou para si, não admitindo o terror que aquela imagem lhe provocava, afinal ele agora era o futuro líder de seu povo.
- Continuem! Não sabemos por quanto tempo a plataforma de lançamento resistirá!
A última imagem que o príncipe viu foi a do Arauto, flutuando impávido sobre o mundo moribundo, provavelmente querendo se certificar de que seu senhor não deixasse ninguém escapar.
- Maldito... – Com uma silenciosa promessa de vingança, o príncipe finalmente aceitou entrar em sua nave. – Um dia irei te destruir...
Conforme a nave começava a se distanciar do planeta moribundo, sem saber que um grupo de naves, vindo de um planeta inimigo, estava esperando-os, o arauto, que ainda planava sobre a cidadela capital, fixou seus olhos na direção do príncipe.
Se soubesse quantas ameaças assim eu já ouvi criança... Mesmo na mais profunda vastidão espacial as maldições me alcançam...
O Arauto então fechou seus olhos, se concentrando e reunindo uma grande quantidade de energia cósmica em seu corpo e em sua prancha.
A imagem de um vulto humanoide ia crescendo cada vez mais no horizonte, aumentando exponencialmente o terror entre aqueles que não haviam conseguido escapar.
Em breve meu mestre cumprirá sua sina... Portanto não posso me demorar...
Dizendo isso para si mesmo, o arauto abriu os olhos e deu vazão à energia que vinha acumulando.
Era chegada a hora de cumprir sua penitência, algo que ele sempre fazia a cada maldito momento final de um planeta.
Algo que sempre o levava de volta ao seu passado, quando sua vida se transformou, quando ele perdeu tudo o que mais amava.
Quando nasceu o Surfista Prateado.
O pânico começou a alguns meses, quando os céus ficaram negros e repletos de serpentes de fogo.
Nos dias seguintes todos os cientistas do planeta buscavam explicações para toda a série de eventos, que continuava a castigar várias regiões tais como inundações em locais comumente secos, tornados onde mal se tinha uma brisa, calor excessivo derretendo áreas congeladas.
As conclusões foram terríveis.
Em breve o Devorador iria chegar.
Não havia dúvidas quanto a isso, agora o grande problema seria imaginar quanto tempo ainda tinham e então uma difícil decisão foi tomada.
Era necessário evacuar todo o planeta o mais rápido possível.
Foi um momento único na história daquele povo, quando todos colocaram suas diferenças de lado, usando seus recursos para a construção de imensas naves estelares que levariam, se não todos, pelo menos a maioria da população.
Todo o modo de vida daquele povo foi ruindo aos poucos, sendo substituído por caos e desespero, todos tentando conseguir um lugar nas naves, agora chamadas de Naus da Salvação.
A situação, que já era insustentável, acabou por piorar quando começaram os relatos de avistamentos, todos sobre o que parecia ser uma criatura humanóide que sobrevoava as cidades, permanecendo poucos minutos, antes de ir para a próxima.
O Arauto.
Algumas histórias já tinham se espalhado pela galáxia, sobre a criatura que antecedia a chegada do Devorador, mas os relatos eram conflitantes, uma vez que eram extraídos, muitas vezes, de traumatizados sobreviventes.
Alguns diziam que o Arauto tentava salvá-los, outros que ele se divertia vendo o sofrimento causado por seu mestre, mas a verdade era só uma.
Quando o Arauto chegava, toda esperança findava.
Quase um ciclo inteiro se passou.
Os líderes do mundo condenado decidiram que tempo era realmente um luxo do qual não dispunham, portanto a evacuação começara mesmo sem que todas as naves estivessem prontas, ou seja, a grande maioria da população seria deixada para trás.
Algo que o grande líder daquele planeta não permitiria, decidindo ficar para trás, junto de sua esposa, que não o abandonaria de jeito nenhum.
Desse modo um jovem príncipe, escoltado por sua guarda de honra até a nave de fuga, observava impotente a imensas erupções vulcânicas, que começavam a surgir na superfície da capital, enquanto um terrível vulto surgia no horizonte.
- Galactus... – Ele sussurrou para si, não admitindo o terror que aquela imagem lhe provocava, afinal ele agora era o futuro líder de seu povo.
- Continuem! Não sabemos por quanto tempo a plataforma de lançamento resistirá!
A última imagem que o príncipe viu foi a do Arauto, flutuando impávido sobre o mundo moribundo, provavelmente querendo se certificar de que seu senhor não deixasse ninguém escapar.
- Maldito... – Com uma silenciosa promessa de vingança, o príncipe finalmente aceitou entrar em sua nave. – Um dia irei te destruir...
Conforme a nave começava a se distanciar do planeta moribundo, sem saber que um grupo de naves, vindo de um planeta inimigo, estava esperando-os, o arauto, que ainda planava sobre a cidadela capital, fixou seus olhos na direção do príncipe.
Se soubesse quantas ameaças assim eu já ouvi criança... Mesmo na mais profunda vastidão espacial as maldições me alcançam...
O Arauto então fechou seus olhos, se concentrando e reunindo uma grande quantidade de energia cósmica em seu corpo e em sua prancha.
A imagem de um vulto humanoide ia crescendo cada vez mais no horizonte, aumentando exponencialmente o terror entre aqueles que não haviam conseguido escapar.
Em breve meu mestre cumprirá sua sina... Portanto não posso me demorar...
Dizendo isso para si mesmo, o arauto abriu os olhos e deu vazão à energia que vinha acumulando.
Era chegada a hora de cumprir sua penitência, algo que ele sempre fazia a cada maldito momento final de um planeta.
Algo que sempre o levava de volta ao seu passado, quando sua vida se transformou, quando ele perdeu tudo o que mais amava.
Quando nasceu o Surfista Prateado.
- Norrin? Está aqui?
O local estava atulhado de aparelhos, que cobriam as alvas paredes típicas das construções do planeta Zenn-La, dificultando até a entrada da visita, que precisou empurrar o que ia aparecendo pela frente, até finalmente conseguir um pouco de espaço para se mover.
Shalla Ball tentava encontrar seu amado em meio ao caos, pensando no que os líderes científicos diriam ao ver como Norrin Radd mantinha o que deveria ser seu santuário.
Mas ele era sempre assim, desde o nascimento, passado uma infância turbulenta, uma adolescência solitária até alcançar a idade adulta, se tornar um dos maiores especialistas em comunicação interespécies e propor soluções para a apatia que tomava a maioria da população de do planeta.
Zenn-La era um dos mais antigos planetas do universo, cujos habitantes alcançaram uma autonomia de recursos, controle climático, fim dos conflitos e guerras, as doenças foram totalmente erradicadas.
Em todos os aspectos um mundo perfeito, porém que já não oferecia nenhum desafio aos seus habitantes, todos acabando por se tornar seres sem ambições, sem vontade alguma de conquistar algo e, com o passar dos séculos, a grande maioria da população se tornou totalmente apática.
Era comum andar pelas ruas das belas cidades praticamente tropeçando em Zenn-Lavianos, que mal se erguiam, permanecendo apenas esperando algo que não vinha ou pela paz encontrada apenas na morte. Os índices de suicídio aumentavam a cada dia.
Por sorte alguns outros, como Shalla Ball e Norrin Radd, não se entregavam à apatia generalizada e buscavam algo que fizesse alguma diferença, que pudesse reascender a chama no peito dos Zenn-Lavianos.
Foi por isso que ela se apaixonou pelo jovem que nunca se entregara, tentando sempre manter corpo e mente em constante atividade, sendo inclusive responsável pelo despertar dela.
Se não fosse Norrin Radd, Shalla Ball teria seguido o destino de milhares de Zenn-Lavianos que, cansados de tudo, haviam escolhido o suicídio como fuga.
“Não se entregue!!! O universo é vasto e tenho certeza de que descobriremos um novo motivo para viver!!!”
Ele falou mais, muito mais, mas essas palavras, somadas a um longo abraço que resultaram numa noite de união carnal, foram mais do que suficientes para que ela acreditasse, estando sempre ao lado dele desde então.
- Norrin? – Nos últimos ciclos Shalla Ball havia visto seu amado cada vez mais concentrado em alguma nova tecnologia, algo que, segundo ele mesmo, pudesse revolucionar as comunicações entre todas as formas de vida do planeta, o que ele acreditava ser o suficiente para despertar seu povo, ou ao menos uma ponta de esperança. – Onde você está? Norrin...
Ela parou de repente, ao finalmente encontrá-lo no quarto onde haviam se unido tantas vezes.
Norrin Radd estava de cócoras, as enormes mãos ao redor de um pequeno animal, como que para impedir que ele fugisse.
Na cabeça do Zenn-Laviano estava um estranho aparelho e em seu rosto um grande sorriso, mas ainda permanecendo alheio à presença de sua companheira que, após hesitar alguns instantes, criou coragem e tocou no ombro dele.
Norrin se sobressaltou, fazendo com que o pequeno animal corresse assustado, enquanto Shalla Ball se desviava dos braços de seu amado, deixando que este caísse comicamente numa rara porção do chão em que não tinha algum aparelho.
- Quer matar seu amor? – Norrin estendia sua enorme mão na direção de Shalla Ball, esperando que ela o ajudasse a se levantar, o que ela fez imediatamente, abraçando-o em seguida. – Eu estava tão concentrado que não percebi sua aproximação e...
Ela encostou sua fronte na dele, fazendo-o silenciar imediatamente, pois aquele contato tão pessoal e íntimo exigia que ambos se entregassem àquele momento, mesmo com a excitação de Norrin com sua mais recente descoberta.
Assim que se afastaram, ele não aguentou mais e começou a falar atropeladamente:
- Eu consegui querida! Perdi a noção de tempo, desde que consegui falar com aquele pequeno Whort... Foi fascinante ver o mundo através de seus primitivos olhos, eu acredito que posso direcionar as ondas desse aparelho para que possamos ter uma maior comunicação entre nós mesmos... Isso pode abrir caminho para que nosso povo desperte do torpor em que se encontra... Eu acredito... – De repente ele percebeu o semblante triste de Shalla Ball e se conteve. – O que aconteceu minha amada?
Ela o tomou num abraço, atitude que raramente tomavam de forma tão leviana, uma vez que era considerado um tabu pela sociedade, sobre Zenn-Laviano que não viviam sob o mesmo teto.
Tal ação causou estranheza inicial em Norrin, mas logo ele a acalentou, deixando que ela levasse o tempo que fosse para conseguir falar o que a trouxera até ali, num dia em que haviam decidido não se ver.
Com a amada mais controlada, Norrin a levou até o jardim da casa, onde ele havia encontrado o Whort, sentando com ela e admirando as estrelas e as duas luas da noite de Zenn-La.
Inconscientemente ele se pegou procurando seu novo amigo, mas um longo suspiro de Shalla Ball o trouxe de volta à realidade.
- Diga o que está acontecendo minha amada... Partilhe comigo o fardo que parece estar pesando tanto sobre seus ombros.
- Norrin... - Ela levava uma das mãos ao rosto do amado acariciando-o, novamente com mais intimidade do que a etiqueta Zenn-Laviana permitia, o que eles só contornavam com muito cuidado. - É... O Conselho de Ciências... Me contataram depois de dias tentando falar com você... Pediram para que eu viesse me encontrar com você e que nós fôssemos imediatamente para lá.
- Hum... Mas isso é excelente!!! - Norrin se levantou correndo, indo reunir toda a sua pesquisa, mais o protótipo do comunicador, apressando sua amada. - Provavelmente eles querem saber dos avanços da minha pesquisa! Espere até eles verem o que eu consegui!! Ânimo Shalla Ball! Com certeza deve ser isso!
- Norrin... Estou com um mau pressentimento...
Um novo abraço, agora a iniciativa partira dele.
- Não se preocupe meu amor... Lembra-se da nossa promessa?
- Permanecer juntos, dois corpos, uma só alma, para sempre.
E assim, após alguns instantes, o casal partiu na direção do conselho, mal sabendo o que os esperava.
XXX
- Como assim desistir?!!!
- Não há necessidade de alarde Norrin Radd... - Os anciões que regiam Zenn-La estavam com suas longas togas, flutuando em um espaço sem gravidade ao redor daquele que haviam convocado. - Diante de recentes descobertas foi decisão do conselho encerrar toda e qualquer experiência que vise alterar o modo de vida de nosso povo.
- Mas... Não posso acreditar... Não faz nem um ciclo planetário desde que nos reunimos e decidimos fazer algo contra a apatia que se espalha pelo nosso planeta como uma doença e...
- Norrin Radd! - O líder supremo do conselho elevou sua voz, encerrando toda e qualquer tentativa de protesto. - Irá acatar as ordens do conselho e qualquer tentativa em contrário será considerado traição... Estamos entendidos?
Silêncio. A frustração impedia o Zenn-Laviano de responder.
- Norrin...
- Sim... Eu entendo... Podemos ir?
- Não acredito nisso... - Já nas ruas Norrin descontava sua frustração acertando um soco na parede de uma casa próxima. - Tem que haver um motivo maior por trás dessa decisão do conselho... Não acredito que eles simplesmente desistiriam.
- Calma Norrin... Vamos dar um jeito e...
- Na verdade... - De dentro de uma das construções próximas, uma voz conhecida pelo casal se pronunciava. - Existe um motivo... O pior deles.
- Krin Lan? - Assim que o misterioso Zenn-Laviano saiu das sombras, foi reconhecido. - Conselheiro Krin Lan?
- Sim... Entrem e eu lhe direi a verdade, mas já deixo claro que tal verdade mudará suas vidas... Pelo pouco tempo que temos, é claro...
As palavras enigmáticas do conselheiro serviram apenas para atiçar a curiosidade do casal e logo eles estavam em uma sala de janelas fechadas, deixando claro que o assunto era extremamente confidencial.
Eles perderam a noção do tempo que passou, enquanto Krin Lan revelava os verdadeiros motivos que levaram à decisão do conselho.
Ao final do relato, Norrin e Shalla se abraçavam, sem ligar para o que o conselheiro poderia pensar, dentro dos dois já havia a decisão de finalmente morar juntos, pelo tempo que lhes restasse.
- Galactus? O Devorador? Não acredito...
- Nossos sábios estelares chegaram a essa conclusão, após infindáveis estudos e pesquisas de nossa galáxia... Ao que tudo indica a presença do devorador já começou a destruir tudo ao seu redor, num crescente lento, que talvez leve um ou dois ciclos até nos atingir.
- Não consigo aceitar isso... É tão injusto...
- Galactus é a justiça universal... Ninguém pode escapar de seu jugo... Poderíamos nos mobilizar para construir algum tipo de nave de fuga, mas o próprio conselho achou tal ideia inviável... Ao menos a maioria da população não causará problemas quando o momento chegar... Segundo o conselho será melhor se aceitarmos calmamente nosso fim e...
- Não! - Norrin se levantava, segurando sua amada pela mão e indo na direção da saída. - Eu não aceitarei tal destino!!
E então eles deixaram Krin Lan sozinho.
O casal realmente começou a viver sob o mesmo teto, trabalhando febrilmente em alguma solução que pudesse salvar Zenn-La.
No meio de estudos sobre o mito de Galactus, quase todos incompletos devido ao fato dos historiadores terem sido alguns dos primeiros a se entregar à apatia mundial, mas todos tinham um ponto em comum.
Galactus nunca impedia que os habitantes dos planetas escapassem, porém não se tinha notícia de algum planeta que não tivesse sido destruído.
- Por que ele faz isso? Não podemos escolher uma maneira de nos defender sem conhecer nosso inimigo... Vi isso nos antigos tomos sobre as guerras de nosso passado... Mas como conseguir mais informação...
- Se pudéssemos ao menos conversar com ele...
- Como é Shalla Ball?
- Heim?
- Isso que você disse... Por favor, repita...
- Sobre conversar com ele?
- Isso! - Repentinamente Norrin começou a remexer em seus aparelhos, procurando algo enquanto falava. - Isso é realmente algo que ninguém jamais tentou... E temos aqui o meio perfeito para tal ação!
Ele erguia nas mãos o comunicador.
O tempo passou e o casal se concentrou nas habilidades de Shalla Ball para a construção de algo que pudesse levar Norrin Radd até o mais próximo possível de Galactus, o suficiente para que ele pudesse se comunicar com o Devorador.
XXX
Finalmente o dia chegara.
No horizonte de Zenn-La era possível ver uma enorme silhueta humanoide, que provocava inúmeros efeitos colaterais no planeta moribundo, tais como erupções vulcânicas ou mesmo tsunamis que cobriam cidades inteiras.
Finalmente os Zenn-Lavianos pareciam despertar e o pânico que os anciões temiam acabou por acontecer e se espalhar rápido.
Na residência de Norrin ele e a agora sua esposa Shalla Ball terminavam os últimos ajustes em um tipo de armadura, preparada para viajar pelo espaço, permitindo assim que um deles pudesse se aproximar de Galactus, ao menos o suficiente para uma tentativa de comunicação.
Claro que Norrin se impôs como o escolhido.
- Isso não é justo... Eu conheço essa roupa melhor que você...
- Mas o comunicador foi ajustado segundo minhas ondas mentais... Só assim poderemos tentar o impensável.
Shalla Ball mantinha resolutamente seu descontentamento, mas ainda assim ajudava seu amado a vestir a pesada armadura, sem saber que ele poderia ter mudado o ajuste do aparelho.
- Não se esqueça, assim que sair da atmosfera acione os jatos auxiliares... Eles o levarão até... - Lágrimas caíam, dois corações se partiam. - Até... Seu destino...
- Se houver um meio Shalla Ball... - Após um longo contato de suas cabeças ele terminou de lacrar a armadura, deixando sua voz estranha, enquanto terminava a frase. - Eu voltarei... Permanecer juntos, dois corpos, uma só alma, para sempre...
- Para sempre.
E assim ele partiu.
O tempo pareceu congelar quando sua armadura foi acionada, levando Norrin cada vez mais longe de seu planeta e sua amada, indo na direção do fim inexpugnável que era Galactus.
Conforme ele se aproximava do devorador a forma humanoide parecia ficar mais e mais nítida, mas Norrin já percebera que aquilo nada mais era do que uma tentativa de seu cérebro registrar a presença de Galactus.
Quando chegou perto o suficiente, sentindo a onda de destruição fazendo sua armadura tremer, Norrin acionou o comunicador.
- Olá! Meu nome é Norrin Radd de Zenn-La e peço uma audiência com o poderoso Galactus.
Era a armadura que enviava a mensagem gravada, o que se mostrou uma decisão correta, afinal de contas a pressão era tanta que o Zenn-Laviano mal conseguia se manter desperto.
Após várias repetições da mensagem, quando Norrin sentia que seu fim estava próximo, já se despedindo mentalmente de sua amada, algo aconteceu.
Uma luz cegante o engoliu.
E no instante seguinte ele estava em outro lugar.
- Eu morri? - Norrin se encontrava num local desconcertantemente branco, ele parecia flutuar, sem ter nenhuma noção de direções, fosse para cima, para baixo ou para os lados. - Tem alguém aí?
Nesse momento foi como se uma explosão tivesse ocorrido em sua mente, enquanto imagens variadas iam sendo forçadas em sua mente.
Ele viu outro mundo sendo destruído, mas sabia não ser Zenn-La e também ia entendendo pouco a pouco que não era apenas o fim de um planeta que ele testemunhava.
Era o fim de toda uma realidade.
Galtran era um cientista que, assim como Norrin, estava empenhando em salvar o máximo de compatriotas que conseguisse e assim criou uma nave que poderia atravessar a onda de entropia que se abatia sobre eles.
Pelo menos era o que ele acreditava.
Suas crenças, no entanto estavam erradas.
A nave acabou por ser quase que totalmente consumida na travessia, restando não mais que um módulo de hibernação, cujo interior acabou por proteger o único sobrevivente daquela realidade.
Milênios após a grande explosão que deu origem a um novo universo, o módulo se hibernação, ainda carregado com as energias de uma realidade morta, jazia em um dos primeiros planetas dessa nova realidade, quando foi aberto por um dos seres que viriam a ser conhecidos como Guardiões do Universo.
O resultado foi a destruição daquela galáxia, anunciando o nascimento de uma nova criatura, uma força universal de destruição.
Galactus.
O que poucos sabiam e Norrin Radd descobria naquele momento, era que as ações do devorador não eram guiadas por instintos, conceitos ou sentimentos como Bem e Mal, mas seguiam outra função mais importante.
A cada galáxia destruída uma quantidade enorme de energia era criada, para que Galactus as enviasse ao futuro, criando novas galáxias, num ciclo eterno de morte e renascimento, evitando assim uma destruição total da realidade, como acontecera na anterior.
Por isso Galactus continuava “impune” por seus “crimes”.
Algo fez com que Norrin despertasse, conseguindo finalmente encontrar algo que poderia interessar a Galactus e em meio à dor que sentia, conseguiu lançar sua oferta.
- Poderoso Galactus!!! Em sua história percebi que não manda toda a energia para o futuro, mas mantem uma parcela que o ajuda a procurar a próxima galáxia!!! - Norrin sentiu a afirmação do devorador dentro de sua alma. - Pois há uma maneira de poupar suas energias, as mesmas que usa em sua procura!!
Agora o Zenn-Laviano sentia o interesse da entidade percorrendo todo seu corpo.
Era o momento.
- Poupe Zenn-La e eu me ofereço para ser seu Arauto! Enquanto repousar, eu procurarei novas galáxias para aplacar sua fome!!! - Um questionamento e uma busca espiritual, tentando descobrir a verdade nas palavras de Norrin, que ele rapidamente tratou de confirmar. - Deixe meu planeta e eu o servirei até o fim de meus dias!!!
Logo após essas palavras deixarem sua boca, Norrin Radd sentiu aquele espaço branco fechar-se sobre si como um imenso punho, fazendo-o gritar em agonia, enquanto energias cósmicas percorriam todo seu ser.
O que pareceu uma eternidade de dor marcou o fim de Norrin Radd e seu renascimento em algo que nunca havia sido visto no universo.
Agora quem flutuava no espaço era o Surfista Prateado.
Ele olhou para si, sentindo as transformações e percebendo de imediato suas capacidades, mas logo girou ao redor do próprio corpo, procurando por seu planeta natal, não o encontrando.
A resposta de Galactus reverberou em seu ser para, em seguida, ele levar suas mãos até seu peito e, ao olhar para o mesmo, percebeu uma pequena esfera que girava tranquilamente.
Norrin Radd e Zenn-La são apenas um agora e desse modo meu povo e também meu amor estão em segurança... Enquanto eu servir a meu mestre.
Em seguida ele criou algo parecido com uma prancha, partindo imediatamente pelo universo em sua terrível missão.
Uma missão que ele terá de cumprir, se quiser manter seu povo e seu amor em segurança.
E que ninguém ouse se colocar em seu caminho.
Fim.
Epílogo.
O fim parecia certo, por isso ao despertar em uma imensa planície, percebendo que haviam sobrevivido, os seres que apresentavam traços felinos foram se erguendo aos poucos, tentando entender o que acontecera.
- Bem vindos a Zenn-La. - Todos se voltaram assustados para a voz que ecoava às suas costas e o medo aumentou ao verem uma criatura muito parecida com o Arauto, mas obviamente feminina. - Meu nome é Shalla Ball e lhes dou as boas vindas a meu planeta.
- O-onde estamos? O que aconteceu ao nosso mundo?
- Foi destruído junto com sua galáxia para o futuro nascimento de outra... Venham... Eu lhes explicarei tudo... Como era o nome de seu planeta mesmo?
- Thundera...
No espaço vazio, onde antes havia uma antiga galáxia, estava agora um exausto Surfista Prateado, tentando se recuperar do que acabara de fazer.
Usando seus poderes ao máximo ele conseguira retirar o maior número de habitantes do planeta, transportando-os para aquele que ele trazia em seu peito.
Desse modo ele se penitenciava por suas terríveis ações, sabendo que isso não traria o perdão daqueles cujos planetas foram destruídos, mas ao menos um pouco de paz ao seu sofrido espírito.
Sim mestre... Estou bem... Começarei imediatamente uma nova busca...
E então um risco prateado voltou a singrar o universo.
+ comentários + 2 comentários
putz, sempre tive curiosidade sobre a origem dele, tenho que confessar, nunca li nada sobre. de qualquer forma, texto inteligente, usando outros "universos" para dar veracidade... muito bom mesmo, cara. mais uma vez, parabéns.
Machiiiineeee Guuuunnnn! (explosões)
Texto muito bacana. A primeira parte me lembrou a Krypton do Byrne, com as pessoas segregadas em fortalezas, porém, na segunda parte você diferenciou tudo.
"A cada galáxia destruída uma quantidade enorme de energia era criada, para que Galactus as enviasse ao futuro, criando novas galáxias, num ciclo eterno de morte e renascimento, evitando assim uma destruição total da realidade, como acontecera na anterior."
Essa explicação aí foi muito boa. Pseudo-ciência Marvel de primeira. Gostei demais.
A forma alien do Surfista é plausível. Eu ainda prefiro a "clássica", mas é questão de gosto, afinal, por que somente humanóides-totalmente-humanos podem salvar o universo né?
Esse lance final, do Surfista "absorver" alguns sobreviventes lembra o poder da jóia espitirual do Adam Warlock, mas ficou bem destacado que os caras estão VIVOS dentro dele (ui). Feita a diferença, espero pelo dia em que eles saiam e tentem se vingar.
Thundera foi um extra bem sacado. Agora temos os Thundercats voando a esmo pelo espaço, heheheh...
Parabéns, João.
Abraço!
PS: Eu ainda disparo o repulsor na cara desse Surfista aí. Ele me dá arrepios, brrr...
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