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Observador. Um bom dia.


A humanidade é capaz de realizar as mais vis ações contra seus semelhantes: Assassinatos, prostituição, tráfico de drogas...
Sobre as costas de uma criatura repousa a responsabilidade de acompanhar essas situações e intervir em apenas uma.
Apenas uma.




Ruas do centro de Detroit, oito da manhã.

Acordara como uma mulher de longos cabelos negros, trajava um vestido curto e uma jaqueta da mesma cor, ambos contrastando com a palidez de sua pele.

Duas olheiras a deixavam com um aspecto mais envelhecido, mas ela não se importou com isso, já fora mais feia, mais velha e algumas vezes surgiu como homem.

Não, a aparência era o que menos importava.

Somente sua missão diária era importante e assim ela se colocou a caminho.

“Mais um dia que começa.”

No alto de um prédio, a mulher observava tudo o que acontecia andares abaixo.

Os paramédicos não demoraram a chegar ao local e assim que os curiosos deram espaço, tentaram de todas as formas reanimar a velha senhora que jazia caída na calçada.

- O que aconteceu afinal? – Um dos profissionais perguntava ao acaso, procurando mais informações que pudessem ajudá-los. – Alguém viu?

- Eu vi! – Um dos curiosos se aproximou. – A velha tava andando sossegada e então um garoto loiro veio na direção dela com um Skate e os dois acabaram trombando... Ele levantou desesperado pedindo ajuda e eu acabei ligando prá vocês quando vi que a velha tava passando mal...

- Certo... – Enquanto falava com o rapaz, o paramédico começava a diminuir o ritmo da massagem, percebendo que a mesma era inútil. – Droga...

Assim que finalmente os paramédicos desistiram de tentar reanimar a senhora, começaram a cobri-la com uma manta térmica, e o motorista começou a procurar algo.

- Que foi Fred?

- Tava pensando John... Uma senhora dessas deveria andar com uma bolsa não é? Para guardar dos documentos... Dinheiro...

- É verdade...

- Onde será que está? E o cara do Skate? Ele ainda está por aqui?

Ninguém soube responder.

“Infelizmente eu sei...”

A mulher, que agora estava entre os curiosos, acompanhando o trabalho dos Paramédicos, deu as costas para a cena que se desdobrava e, num piscar de olhos, já se encontrava diante de um beco, olhando fixamente para um jovem loiro, sentando no chão com um skate do lado.

Nas mãos do rapaz uma bolsa marrom.

- Merda... Velha filha da puta... Além de ter um treco na minha mão não tinha nada de valor nessa bolsa... Merda...

Frustrado ele joga a bolsa longe e essa vai parar nos pés da mulher, que ainda permanece alguns segundos olhando para o ladrão, antes de se abaixar para pegar, ao menos, os documentos da senhora.

- Heim? – O rapaz se virou para a entrada do beco, após achar que tinha ouvido algum barulho, mas ao ver que estava sozinho, se colocou a andar com seu skate, sem reparar que a bolsa que ele descartara havia sumido. – E lá vou eu tentar ganhar mais algum... Desse jeito o Kid me mata...

Assim que os paramédicos chegaram ao hospital, tanto o motorista quanto seu companheiro, se dirigiram cabisbaixos para abrir as portas traseiras do veículo.

- Que merda... A coitadinha foi assaltada e agora vai acabar sendo enterrada como indigente...

- Foda isso viu? Se ao menos o desgraçado não tivesse levado a bolsa dela e... - A frase de Fred foi interrompida assim que as duas portas de metal se abriram. - Mas heim?

- Que que foi... – Assim que John chegou ao lado do amigo e seguiu o olhar desse, também se surpreendeu. - O que é isso?

Sobre a manta que cobria o corpo da senhora morta estava a bolsa, com todos seus documentos.

Em poucas horas sua família receberia a notícia e a tristeza iria se espalhar.

A mulher agora se encontrava no alto de outro prédio.

Dos olhos fechados lágrimas rolavam.

“O nome dela era Dorothea...”

XXX

Quando os olhos voltaram a abrir, o cenário já era outro e o céu estrelado deixava claro que já era noite.

Um quarto iluminado parcamente por velas, localizado num prédio em Amsterdã.

- Hum... Isso... Assim... Você gosta disso não é? Hehehehe

- Humf... Huuummm...

O casal transava sobre lençóis de cetim, as poucas roupas que ainda vestiam eram feitas de couro, era possível encontrar, espalhados pelo chão, uma vasta gama de apetrechos de sadomasoquismo.

- Ahhhh... Isso... Vou te foder até a morte sua cadela...

O homem estocava com cada vez mais força e violência, enquanto a mulher apenas murmurava, não conseguindo mais articular palavras, devido à forca que estava ao redor de seu pescoço.

- Vamos Kate! Você pode aguentar mais!!!

- HHHUUUMMMPPPFFFF!!!!!!!!! – “Larss!!” ela só podia pensar, e ainda assim com uma dificuldade crescente “Vou acabar morrendo , seu puto!!!”

- AAAHHH!!!! Isso!!!! Tô quase!!

Sem que eles percebessem a mesma mulher que estava em Detroit observava a cena com uma feição cada vez mais triste.

“Quando a rotina os ameaça sufocar, os humanos aceitam se portar como meros animais... Não... Menos do que animais...”

O casal estava junto cerca de dois anos e logo na primeira noite descobriram os prazeres sexuais que um tinha para oferecer ao outro. O tempo passou e logo os dois ansiavam por novidades, por experimentar tudo o que conheciam apenas por vídeos e revistas.

Quando revelaram suas fantasias foi como se as portas de um novo mundo tivessem literalmente se abrindo.

Eles começaram com posições cada vez mais ousadas, logo em seguida, garotas e garotos de programa, casas de swing e mais recentemente o sadomasoquismo, nada era demais ou proibido na escalada das aventuras sexuais.

Eles haviam lido sobre a prática de fazer sexo enquanto um parceiro estrangula o outro, deixando-o à beira da morte, o que elevaria o orgasmo a níveis nunca antes atingidos.

Claro que eles tinham que experimentar.

Por causa da inexperiência naquele tipo de relação, era claro também que algo poderia dar errado.

Muito errado.

- A palavra será Spock. – Fã assumido da série de filmes de ficção científica, Larrs sugeriu o nome de um dos personagens principais como o sinal de que deveriam parar.

- Ok... Ok... - Kate acabou por aceitar, apesar de ter achado a palavra extremamente idiota, enquanto ele começava a passar pelo pescoço dela uma forca de cetim. – Vamos lá!

O que eles não contavam era a empolgação de Larrs, bem como a consequente impossibilidade de Kate para falar a palavra de segurança.

“Pára!!!!! Pára!!!” os gritos mentais atingiam a morena que a tudo observava, como socos no rosto.

- Aaaahh... Tô quase gata!!! - Enquanto o orgasmo do homem vinha de forma violenta, a garota sentia algo parecido, mas logo o prazer se tornou horror, quando um som seco, parecido com o de um graveto sendo partido, ecoou pelo quarto.

- O que foi isso? Kate? Tu ouviu alguma coisa? Kate? KATEEEE!!!!!!!!!!

A morena fechou os olhos e virou o rosto, sentindo o asco por uma morte tão fútil e sem sentido.

“Por que tenho que carregar esse fardo?”

XXX

Antes mesmo de lamentar o fato de que nunca receberia uma resposta para sua aflição, a mulher já se encontrava em outro lugar.

Era um quarto, ou algo que se assemelhava a um quarto, já que as paredes estavam tomadas por pichações e pôsteres de bandas japonesas de som pesado, as janelas estavam fechadas, o que deixava o ar do local ainda mais viciado.

O cheiro não incomodava a mulher, Assim como as demais sensações que ela registrava, mas que pareciam incapazes de lhe atingir de verdade, era como se seu corpo tivesse escolhido, ou sido forçado, a concentrar suas capacidades cognitivas na visão e nas sensações que esse sentido lhe causava.

Ao olhar ao redor, tentando entender por que sua benção/maldição a trouxera até ali, um som a atraiu para um lado do quarto, percebendo com certa dificuldade que havia um banheiro ali.

Uma garota, com longos cabelos tingidos na cor laranja, tentava se levantar da frente do vaso sanitário, mas antes que pudesse erguer um de seus joelhos, ela voltava seu rosto para baixo e um novo jato de vômito se misturava à pouca água imunda que sobrara.

Agulhas e outros instrumentos usados por viciados em drogas estavam espalhados pelo chão, numa balbúrdia que confundiria o mais louco dos homens e, ainda assim, a garota conseguiu recolher do chão uma nova seringa.

Com mãos trêmulas e xingando a si mesma pela demora em conseguir preparar o pico, tendo ainda mais dificuldade em achar uma veia que não estourasse diante do primeiro contato da agulha.

Assim ela acabou com vários ferimentos, alguns perigosamente próximos dos pulsos. Estes já apresentavam cicatrizes de uma mal sucedida tentativa de suicídio.

Com os olhos quase fechados ela finalmente conseguiu se controlar o suficiente para empurrar o êmbolo da seringa, sentindo um ardor conhecido e ansiado preencher seu corpo.

- Isso é por vocês... – Ela agora estava com as costas na parede fria do banheiro, erguendo os olhos para o teto e falando com fantasmas de seu passado, ignorando totalmente a presença da mulher que a observava. – Mãe... Pai... Eis seu “orgulho”... Sua filhinha... AAARRRGGGHHH!!!!

O corpo começou a convulsionar, a boca espumava e seus olhos se arregalaram diante do horror da consciência da overdose que tomava seu ser.

A mulher continuava a observar atentamente, sem nem piscar, como que para registrar todos os detalhes daquela vida que findava de jeito tão vulgar.

Alguns minutos de agonia se passaram e a garota, por fim, morreu.

A mulher foi até o quarto e após alguns minutos sondando o lugar ela percebeu um pedaço de papel sobre o travesseiro.

Era um poema.

Ela tentou não transparecer a dor que as palavras causaram em seu coração, mas não conseguiu e terminou ajoelhada, as lágrimas rolando fartas pelo seu rosto cansado.

“Seu nome era Mariko... E ela iria fazer dezesseis anos amanhã”

XXX

Assim que a mulher terminou de passar as mãos sobre os olhos, limpando as últimas lágrimas, ela percebeu uma grande movimentação ao seu redor.

Um baile funk agitava a noite em uma favela da cidade de São Paulo, os corpos suados e ansiosos por sexo se aproximavam da mulher, mas sua atenção estava focada num jovem negro que parecia discutir com um homem, cuja barba farta devia ter sido deixada daquele jeito para compensar o topo calvo da cabeça.

- Já falei que vou arranjar a grana Tonhão!!! Me dá mais um tempo pô!

- É senhor Antônio prá você seu pretinho ensebado... Já deixei passar a sua dívida duas vezes... E isso por que tu é sobrinho da Neide...

- Sua mulher é uma santa!! Minha tia preferida!!

- João... – O traficante passava um braço ao redor do jovem, ambos passando pela mulher, que continuou a segui-los. – Só vou te deixar de boa por que minha esposa não ia parar de me encher o saco se algo acontecesse ao sobrinho querido dela... Mas quero essa grana amanhã certo?

- Claro Tonhão!!! Valeu cara!!! Você é demais!!

Assim que João se afastou, o traficante que ia sendo deixado para trás fez um sinal com a cabeça e imediatamente um homem se lançou à escuridão, partindo em perseguição à sua nova presa.

A mulher partiu no encalço do jovem, que parecia pressentir o perigo e começou a correr na direção de onde havia deixado sua moto.

- Merda. – Ao se aproximar do que ele sentia que poderia ser sua salvação ele percebeu os dois pneus murchos, cada um exibindo um enorme talho. – Não!

O primeiro tiro ecoou na noite e atingiu o banco da moto, fazendo a mesma tombar e tirando João de seu estado de torpor, fazendo o jovem começar a correr pelas vielas da favela.

A caçada começava.

A mulher tratava de correr na mesma velocidade do jovem, não aparentando em nenhum momento o menor sinal de cansaço, ela apenas precisava estar presente no final de mais aquela tragédia.

Conforme João corria, as poucas janelas e portas, ainda abertas àquela hora, iam se fechando antes que ele pudesse alcançá-las, luzes se apagavam e ele acabou caindo várias vezes, ralando joelhos e cotovelos.

Enquanto limpava o suor da cabeça raspada, João se apoiou num poste, tentando recuperar o fôlego, mas o som de um novo tiro, somado à dor que veio de seu ombro o fez voltar a correr, sabendo que os próximos tiros não seriam de raspão.

O assassino exibia um sorriso assustador, ao sentir que a caçada chegava ao final, mas antes a presa precisava de um pouco de esperança, para deixar sua morte mais saborosa.

- Pelo amor de Deus!!! – João agiu exatamente como seu perseguidor queria, entrando pela única porta que ele havia achado ainda aberta, clamando por uma ajuda que não viria. – Tão querendo me matar e...

A frase foi interrompida quando ele finalmente percebeu estar dentro de um galpão e o som característico de uma porta se fechando chegou aos seus ouvidos.

Antes mesmo de se virar ele já sabia que o assassino estava ali e que aquele era seu último momento na Terra. Tentando lembrar-se de todas as orações que sua avó lhe ensinara, João começou a se virar.

Seus olhos mal registraram a imagem do bandido quando uma dor absurda subiu de seu peito e o sangue começou a encher sua garganta.

Os cinco tiros no peito fizeram o corpo do jovem literalmente voar para trás, mas ele já não registrara nada disso, chegando morto no solo.

A mulher que a tudo acompanhava viu o assassino ainda colocar uma moeda de um centavo na mão do morto e ir embora cantarolando uma música de ninar.

A roupa da mulher se agitou com o vento noturno, enquanto ela continuava a olhar fixamente para o cadáver, sentindo que seu destino a levava dali.

“E o vício fez mais uma vítima...”

XXX

O vento parou de repente e a mulher já se encontrava em outro local, numa grande faixa de areia na entrada de um típico Soweto, um tipo de favela africana. Como sempre o tempo fluía tanto para frente como para trás, deixando-a, muitas vezes, atordoada.

O Sol estava exatamente sobre a cabeça dela, dando a entender que devia ser por volta do meio dia, mas antes de ela conseguir se ajustar, o som de uma discussão chegou aos seus ouvidos e ela seguiu na direção indicada por sua benção/maldição.

- Eu sei que ele não é meu filho sua vadia!!!

- Não fala assim!!! Ele é seu filho sim!!

- Nem sei se esse... Isso... Se esse monstro é humano sua vadia!!

Antes de a mulher retrucar, seu marido a esbofeteou com tanta força que ela foi jogada contra a parede externa do barraco onde eles moravam, enquanto alguns curiosos começavam a parar suas atividades para ver a cena.

Em meio à multidão uma mulher de pele alva, que em uma situação normal se destacaria entre os demais à sua volta, ia passando despercebida pelas pessoas, tentando entender o que iria acontecer ali que precisasse de sua presença.

Assim que ela olhou para os fundos do barraco entendeu o que precisava ver.

Uma criança, que não aparentava ter mais de cinco anos, saia correndo por uma abertura lateral, ignorando os olhos desesperados de sua mãe, que agora começava a ter sua barriga atingida por violentos chutes.

A mulher sentia por onde a criança havia passado, mas mesmo ela acabava por ficar confusa dentro daquele verdadeiro labirinto, tendo que retornar por mais de duas vezes, após se ver em um beco sem saída.

Praguejando baixo, ela voltava pelo caminho que já havia feito e assim que sentia a presença do menino, se afastando cada vez mais, ela dava meia volta indo na direção dele.

Um grito fez com que ela apressasse ainda mais sua corrida, mas assim que se aproximou de um barranco ela estacou, caminhando devagar até a beira deste, já imaginando o que iria ver.

Comprovando a previsão da mulher, o corpo do menino encontrava-se estendido metros abaixo. Uma de suas pernas estava torcida de uma maneira estranha, a boca tinha um filete de sangue começando a escorrer e enquanto ele engasgava fez algo que surpreendeu a mulher.

Ele ergueu uma das mãos como se a visse e estivesse pedindo por ajuda.

Foi só então que ela percebeu o motivo pelo qual o “pai” parecia ter rejeitado a criança.

Os cabelos aparentavam mechas de cor dourada, era como se estivessem se espalhando, assim como enormes manchas de pele rósea que eram visíveis mesmo por debaixo das roupas do menino.

Aquilo, provavelmente, fora o suficiente para o homem duvidar de sua paternidade.

Os gritos da mãe ecoaram atrás da mulher, mostrando que a mesma já percebera o destino do filho, mas logo as lamúrias do desespero materno foram sendo substituídos pelo inconfundível som de sinos, que ela já sabia o que significavam.

“O dia acabou... E eu não soube qual era seu nome...”

XXX

A noite cobria os céus de Barcelona e a mulher deixou sua mente vagar pelos acontecimentos que ela observara, enquanto ao longe o toque dos sinos anunciava a meia noite.

“Hora de decidir... Essa é a pior parte do dia... A pior parte da vida de Observador.”

Observador. Uma criatura humanóide, podendo assumir várias formas, sejam masculinas ou femininas, que não tem lembranças de já ter tido uma vida humana comum. São fadados a observar tragédia ao longo dos dias, podendo interferir em uma delas.

Apenas em uma.

Muitas vezes a escolha do Observador não causa nada mais que um adiamento na morte de alguém, mas em algumas situações o mundo todo foi afetado.

Todos os dias a criatura se arrepende por ter salvado uma criança alemã de um afogamento e esta se tornou o responsável pela segunda guerra mundial.

Após esse “incidente” o Observador passou a escolher mais sabiamente os momentos em que iria intervir.

A mulher então teve a mente inundada pelas imagens captadas ao longo do dia, enquanto os minutos iam passando, tendo que se concentrar em todos os detalhes dos acontecimentos.

Finalmente uma decisão foi tomada.

- Será ele! – As palavras finalmente deixaram sua boca, causando estranheza total para si, como se ela mesma não as reconhecesse como sendo suas. – A escolha foi feita.

Assim que a última palavra ecoou pela noite de Barcelona, o cenário se modificou ao redor da mulher, o céu estrelado deu lugar ao sol escaldante da África e ela se viu diante de um barranco conhecido.

Assim que constatou que o fundo estava vazio, ela começou a olhar ao seu redor, tentando imaginar de onde a criança viria.

Ela não teve de esperar muito tempo.

Por uma esquina o menino surgiu correndo a toda velocidade e olhando para trás, torcendo para não ser seguido pelo seu “pai”, percebendo tarde demais que o barranco surgia diante dele.

Numa tentativa de se equilibrar e evitar a queda fatal, o menino abriu os braços e para sua surpresa, alguém agarrou um de seus pulsos.

Ele foi trazido em segurança para a borda do barranco e notou que sua salvadora ela uma mulher de longos cabelos negros, pele mais clara que as manchas que ele trazia na pele, um semblante triste e roupas nada apropriadas para o calor africano.

- O-obrigado...

- Vá por essa direção – Mais estranho que ouvir a própria voz era falar com alguém, algo que ela raramente fazia. – É mais seguro...

O garoto começou a se afastar e ela não conseguiu reprimir a curiosidade.

- Qual seu nome garoto?!!

- Taú!!! – E então ele sumiu pelas ruas sinuosas do Soweto.

- Taú... – Enquanto ela sumia, se preparando para o próximo dia, ficou pensando no significado do nome do menino. – Bravo como um Leão...

Alguns instantes antes de desaparecer, imaginando onde ela ou ele iria despertar, imagens começaram a desfiar pelos olhos do Observador.

Como de costume, eram vislumbres das possibilidades do futuro da pessoa que tivera sua vida salva.

O menino era testemunha de uma grande batalha entre super seres, cujos poderes acabavam por lançar uma imensa sombra sobre as paragens africanas.

Não apenas testemunha, mas ele seria também o pivô do combate, a fagulha que começou um incêndio de proporções inimagináveis e que poderia ser o fim do mundo.

Mas logo as imagens deram lugar a um herói que se tornaria o maior que o planeta já viu, sendo responsável pela salvação de toda a humanidade mais de uma vez, criando também uma futura utopia de paz, amor e respeito entre os homens.

Graças ao Observador, o mundo tinha uma chance de se tornar um paraíso.

“Então...” Finalmente a consciência da mulher desaparecia, mas não antes de um último pensamento consciente “Hoje foi um bom dia...”

Fim?


Gostou da História?
Então confira o clip que deu origem a ela:
http://www.youtube.com/watch?v=gHCGauJmF4E
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+ comentários + 3 comentários

11 de julho de 2010 às 07:58

sem palavras, joão. mistura de elementos de narrativa espetaculares, situações que me lembraram, inclusive, Seven, o filme mesm... muito bom, cara. tou arrepiado!

13 de julho de 2010 às 08:52

Medonho, perturbador...
Muito bom, João, meu camarada... Mostrando que sabe escrever qualquer gênero de textos. Parabéns!!

14 de julho de 2010 às 07:45

Finalmente li.
E confesso que em alguns pontos cheguei a ficar nervosa com a narrativa...
mas adorei o que vc criou... e como conduziu até o final! Agora fico curiosa sobre o Taú! :D
Ele então aparecerá mais né?

Abração!

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