The Magdalena: A Inquisidora #4

Magdalena desce às catacumbas da Catedral de Salt Lake City e encontra um Lycan preso. Durante o interrogatório ele conta para nossa heroína o local onde se realiza a Assembléia dos Lobisomens.

The Magdalena
A Inquisidora #04
Interrogatório

Na ultima edição: Salt Lake City


- Essa é a situação até agora, Magdalena – explicava seu contato – há alguns anos foi encontrado os primeiro vestígios de ataque de vampiro e lobisomens na mesma cidade. Como sempre foi de nosso conhecimento, eles viviam numa guerra milenar desde que se têm notícias de seu maldito aparecimento. Levei essa questão a Roma, e foi-me dado a incumbência de certificar-me disso. Sempre enviei todas as provas para o Vaticano, de modo que eles sempre estiveram cientes dos meus passos. A prova que faltava aconteceu a poucas semanas, quando achamos um cadáver proveniente de um ataque de vampiros, sendo que no inicio da mesma semana tivemos contato direto com um lycan.

- Contato direto?

- Conseguimos capturar o maldito. Nesse momento ele se encontra nas catacumbas dessa catedral.

- Aqui, abaixo de nós?

- Sim, essa é uma Catedral Templária.

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Após essa revelação, Magdalena desce à catacumba da Igreja de Salt Lake City [1]. A entrada está escondida embaixo do altar. Uma sequência de toques na estátua de Santa Maria Magdalena faz com que o altar deslize de lado abrindo um buraco no chão. Ela se aproxima do mesmo e vê uma escada que some na escuridão e, empunhando sua lança, ela desce até sumir na escuridão.

O enviado de Roma desce logo atrás.

A escuridão toma conta do local. A escada parece não ter fim, ou que seu fim é nas portas do inferno.

10 degraus...

40 degraus...

Após uma descida ininterrupta de 15 minutos, ambos enxergam o final da escada. Uma fraca luz tremeluzente indica que há um lampião à espera deles no final da escada.

- Como você poderá perceber Magdalena, os Templários utilizaram uma caverna natural para se esconderem. A Igreja foi construída sobre a entrada.

Magdalena nada diz, apenas apressa o passo para terminar logo a escada, que dá para um corredor que, ao final, mostra uma entrada com os dizeres sobre ela:

"TERRIBILIS EST LOCUS ISTE" [2]

- Marcos – ele havia revelado seu nome para Magdalena assim que ela chegou – essa catacumba não era um esconderijo templário. Era um lugar de execução.

- Sim. Os prisioneiros eram trazidos aqui para serem interrogados antes da execução.

Ao passarem pelo pórtico que continha a inscrição, um novo lance de escadas levava mais para baixo e acabam numa grande caverna. Haviam várias entradas em suas laterais.

- Magdalena, é a primeira entrada à esquerda.

Para lá ela se dirigiu e parou na soleira. À sua frente estava um soalho de madeira com duas estátuas com cabeça de cachorro [3] portando machados, à cerca de um metro. Logo mais a frente, outras estátuas de duas aves sobre uma base cada uma.

- Marcos. Por que temos estátuas pagãs aqui nesse santuário templário?

- Foram trazidas há muito tempo. São saques templários.

Nesse momento ambos ouviram um urro maldito que ecoava pelos corredores.

- Magdalena.

- Sim. Ele sabe que estou chegando. Vamos apressar o passo.

E passando por outras galerias eles logo chegaram ao final, onde havia uma pesada grade obstruindo o caminho de ambos.

Não havia um portão, somente um mecanismo do lado direto que erguia ou baixava as barras.

No fundo da escuridão, dois olhos vermelhos a fitavam intensamente:

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San Francisco San Bruno Mountain State Park.


O odor fétido do local já emanava pelos ares. Nem a neve que caia no local era suficiente para disfarçar a carnificina impetrada naquele local.

A neve era vermelha.

Do sangue dos inocentes.

O Lycan Jacob estava sentado em sua forma bestial com um fêmur na mão. Ao seu lado estava outra pessoa, escondida nas sombras.

Eles estavam conversando.

- Jacob – fala a voz sinistra na escuridão – os malditos estão se mobilizando para nos combater.

- Sim, meu senhor.

- Nós devemos resgatar o Lycan que fora capturado em Salt Lake City. Urgentemente. Resgatar ou eliminar.

- Eliminar? Mas...

- Só temos essas duas alternativas. E você sabe que não pode me contestar. Edward já deixou isso bem claro quando veio a você pela primeira vez.

- Sim, meu senhor. Procederei como ordena.

E o lobisomem deu outra mordida no pedaço de carne que ainda estava pendurado no osso, enquanto escutava o bater de asas que se afastava.

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- Eu vou matá-la, maldita. Eu senti o seu fedor desde que colocou os pés na escada.

Essas palavras foram ditas entre um rosnado e outro de dentro da escuridão.

- Por que você não entra para brincarmos?

Nesse momento Marcos interrompe e puxa Magdalena pelo braço.

- Cuidado. A voz dele é hipnotizante. Como esse não é um poder inato dos lobisomens, mas dos vampiros, acreditamos que a união deles já está consolidada.

- Não tema, Marcos. Nem o Primeiro Caído tem o poder de me subjugar com palavras.

Magdalena se aproxima das barras e sussurra para o ser que está lá dentro.

- Então o cachorrinho que brincar?

Nesse momento o lobisomem salta da escuridão e tentar alcançar Magdalena através das barras, mas mesmo com as garras a poucos centímetros do rosto da jovem, não a alcança.

E ela não se abala com a proximidade.

- Então o cachorrinho quer brincar mesmo. E você, besta maldita, tem coragem de falar do MEU cheiro?

Ela se levanta e olha para o lobisomem que ainda tenta alcançá-la com as garras. Antes que Marcos possa fazer qualquer coisa, Magdalena agarra a pata do lycan e o puxa fortemente, fazendo com que bata a cara nas grades e caia sentado.

Novamente ela se abaixa e sussurra.

- Então vamos brincar cachorrinho. Eu digo senta e você já está sentado. Isso é bom. Marcos, abra a grade.

- Mas Mag...

Ela o olha fundo nos olhos, o que o faz ser invadido por uma paz soberba e ter a mais profunda confiança na mulher a sua frente.

Ele se dirige ao painel lateral e abre a jaula.

O Lycan já estava de pé esperando a oportunidade, e salta direto no pescoço da mulher.

Magdalena não se desvia. Apenas dá um chute de baixo para cima na cara do lobisomem que cai aos seus pés.

- Deitado, e rola.

Ela chuta a lateral do lobisomem que rola para o lado.

- Levanta que sua nova dona tem outra ordem para você.

O Lobisomem levanta e ataca novamente, e ela apenas se desvia mais rápido que ele pode notar.

Marcos fica extasiado em ver a agilidade e a leveza da mulher.

- Passa, vira e volte cachorrinho.

A cada frase da mulher o lobisomem ficava mais furioso. Até que num ataque final ela se esquiva e quando ele passa, ela se agarra no pescoço dele.

E torce.

O lobisomem começa a sufocar.

Ela continua torcendo o pescoço dele até ele se ajoelhar.

- Deita cachorrinho. E dorme.

Ela continua apertando até que o lobisomem desmaie de dor e volte à sua forma humana.

- Olhe Marcos. Esse lobisomem não é puro, é um convertido.

- Como você sabe?

- O convertido tem sua forma primordial humana. O puro não se transforma quando é desacordado.

- E agora?

- Será mais fácil arrancar a informação dele, porém é pouco provável que ele saiba algo importante. Os convertidos são utilizados como guerreiros menores. Os chefes e os líderes são os puros. Venha me ajudar a prender o maldito.

Não tardou a amarrarem o lobisomem na sua forma humana de maneira e não se soltar nem a se transformar novamente. Quando ele acordou, Magdalena estava sentada à sua frente.

Ela levantou e pisou no seu peito.

- Cachorrinho descansou?

- Maldita, quando eu me livrar eu vou matar você.

- Cachorrinho ficou nervoso? – ela falava com uma voz melodiosa – eu fui muito severa com você? Prometo que se responder minhas perguntas sem rosnar a babar, serei bondosa.
- maldi...

- Eu não mandei o cachorrinho falar – Magdalena o socara no rosto – agora é para o cachorrinho mexer sim ou não com a cabeça.

- mal...

Magdalena enfiou o pé na boca dele. Ele calou e ela pegou sua lança e a encostou no rosto dele. O cheiro de carne queimado permeou o ambiente.

- Fiz dodói no cachorrinho? Agora vê se obedece, entendeu?

A forma humana do lobisomem fez que sim com a cabeça.

Era um pouco mais que um adolescente. Não devia ter ainda 20 anos quando foi mordido.

- Você sabe onde os chefes se reúnem?

Um não com a cabeça.

- Você já freqüentou uma assembléia?

Um sim com a cabeça.

- Onde?

Ele a olha com uma cara assustada e desvia o olhar para a lança.

- Cachorrinho aprendeu direitinho. Pode falar.

- San Francisco.

- Bom cachorrinho. Vou verificar a informação e volto para conversarmos mais.

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[1] Mostrada na primeira edição.
[2] Este lugar é terrível
[3] Anúbis, também conhecido como Anupu, ou Anupo e cujo nome hieroglífico é traduzido mais propriamente como Anpu, é o antigo deus egípcio da morte e dos moribundos, por vezes também considerado deus do submundo. Conhecido como deus do embalsamamento, presidia às mumificações e era também o guardião das necrópoles e das tumbas. Os egípcios acreditavam que no julgamento de um morto era pesado seu coração e a pena da verdade (como podemos ver em muitas gravuras egípcias). Caso o coração fosse mais pesado que a pena, sua alma era destruída para todo sempre, mas caso fosse mais leve, a pessoa em questão poderia ter acesso ao paraíso. Anúbis era quem guiava a alma dos mortos no Além. Os sacerdotes de Anúbis, chamados "stm", usavam máscaras de chacais durante os rituais de mumificação. Anúbis é uma das mais antigas divindades da mitologia egípcia e seu papel mudou à medida que os mitos amadureciam, passando de principal deus do mundo inferior a juiz dos mortos, depois que Osíris assumiu aquele papel. A associação de Anúbis com chacais provavelmente se deve ao fato de estes perambularem pelos cemitérios. O Anúbis era pintado de preto, por ser escura a tonalidade dos corpos embalsamados. Apesar de muitas vezes identificado como "sab", o chacal, e não como "iwiw", o cachorro, ainda existe muita confusão sobre qual animal Anúbis era realmente. Alguns egiptólogos se referem ao "animal de Anúbis" para indicar a espécie desconhecida que ele representava. Se você comparar com fotos do Google, Anúbis tinha a cabeça de um cão da raça Pharaoh Hound. As cidades dedicadas a Anúbis eram conhecidas pelo grande número de múmias e até por cemitérios inteiros de cães. A sua mãe é Néftis, que durante uma briga com o marido Seth passou-se por Isis e teve relações com Osíris. Anúbis é pai de Qeb-hwt, também conhecido como Kebechet. Em épocas mais tardias, Anúbis foi combinado com o deus grego Hermes, surgindo assim Hermanúbis. "Nós, os Chacais, sacerdotes de Anúbis, somos os guardiães de suas tumbas gloriosas ou sepulturas humildes. Somos os guardiões dos mortos. Somos os servos de Anúbis. Somos a Cinópolis."

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No próximo Capítulo: A Assembléia Maldita

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