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O Justiceiro #1: No Rastro da Caveira - Parte I


Justiceiro-1

O Justiceiro está chegando para desestruturar o jogo do crime. Acompanhe um Frank Castle totalmente diferente do que você já viu.

O Justiceiro #1
No Rastro da Caveira
Parte I



Justiceiro-1

12 de Janeiro, 2010

A madrugada estava fria. A cozinha do inferno rugia suas lamuriações. Os mesmos sons de sempre, do crime, da impunidade, da prostituição. Os viciados caindo pelos becos implorando um último pico aos traficantes.

Em um beco, dentre tantos, uma figura emerge da escuridão. Um homem pálido de cabelos negros, fumando um cigarro. Não parecia pertencer àquele lugar. Usava roupas sociais limpas e sapatos alinhados. A camisa azul marinho denotava um homem de bem, mas o seu rosto não.

Olhos brilhantes e torneados com olheiras. Quem visse, perceberia logo. Ele estava sem dormir a dias.

Mas havia algo além em sua face, contornando todas as curvas: Uma obscura determinação.

Após atravessar vários becos, encontrou uma escada de incêndio. Ele sabia bem onde queria chegar. Esgueirou-se pelas bordas das janelas, passando de um ponto ao outro, até alcançar a ultima. Estava trancada. Isto não era problema. Com um golpe de cotovelo, abriu passagem pela vidraça, e entrou.

O apartamento fétido e escuro se tornou seu covil. Em um canto na cozinha, aguardava silenciosamente.

Pelo calculo de tempo, dava para acender outro cigarro. Afundou uma das mãos no bolso e puxou um trago amassado e pela metade. Tapeou retirando as cinzas, e acendeu com um isqueiro.

As horas entraram madrugada adentro.

Então, um barulho na maçaneta da porta. O tão aguardado estava chegando em casa. Era um grande homem, forte e musculoso. Entrou distraído, até acender as luzes da cozinha e se deparar com um estranho.

- Mas que...

Antes que pudesse dizer algo, o estranho puxou qualquer objeto na pia da cozinha. No caso, uma torradeira, e acertou a cabeça do homem umas duas ou três vezes. O sangue espirrou. A adrenalina era inevitável.

Mesmo sendo um grande homem, cambaleou se agarrando aos umbrais da cozinha. Sem permitir qualquer contra-ataque, o agressor chutou os testículos do sujeito, que caiu de bruços.

Em sequência, segurou a cabeça do individuo pela orelha e bateu na coluna da porta com violência. Diversas vezes. Até que brindasse o azulejo da parede com vermelho vivo. Depois dos golpes, o grande homem era só um pedaço morto de gente.

Ofegante, o agressor disse com uma voz fria e triste:

- A justiça está feita.

Puxou um outro cigarro amassado do bolso. Acendeu, e saiu pela porta.

--


As reuniões no departamento de policia aconteciam quase sempre pela manhã. O chefe apontava os principais casos, crimes não solucionados, prisões a serem efetuadas, e toda a bobagem burocrática de sempre.

Aquela foi até rápida. Depois de fazer toda a liturgia, chamou um de seus detetives em sua sala.

Era John Laviano, um detetive promovido a pouco tempo. Cheio de vigor e boas intenções, ainda mantinha a determinação de cumprir a lei e pegar os caras maus. Não como os velhos policiais, que só se preocupavam com o próximo café. Laviano estava disposto a fazer a lei ser cumprida. Laviano estava esperando ansiosamente por ação.

- John! Meus parabéns pela promoção, espero que se torne um bom detetive como foi o seu pai. - O chefe deu suas felicitações.

- Pode apostar que serei!

- Então, como estão as coisas?

- Sabe como é, não posso reclamar. O salário está bom, as rosquinhas também... – brincou.

- Haha! Eu tenho um caso para você. Besteira simples.

- Pode mandar.

O chefe retirou da gaveta uma pasta parda, com algumas fotos e jogou sobre a mesa.

- É só mais uma das muitas barbáries que acontecem na Cozinha.

- A Cozinha do Inferno?

- Isso mesmo.

- Putamerda.

- Bem vindo ao mundo real garoto.

- Hahaha! Então, sabe como é difícil resolver essas merdas.

- Você não vai resolver nada. Só dê um fim nesses arquivos, nesse caso, e faça de forma que ninguém pergunte pela vítima, nem se já prendemos o culpado.

Laviano ficou decepcionado. Ele já sabia que na Cozinha do Inferno, o departamento nao se intrometia. Mas com todo o fervor de jovem detetive, como primeiro caso, ele queria resolver alguma coisa.

- Mas... Então, não é uma investigação?

- Uma investigação?! Hahaha! Claro que não, oras. Quem quer saber dos putos da Cozinha? Só resolva essa bosta pra mim.

- Mas... Talvez eu pudesse ajudar em algum outro caso relevante, como naqueles do suposto Rei do Crime... – Laviano tentou se safar.

- Filho. Resolva essa merda, e depois a gente conversa.

O chefe não deu alternativas.

Resoluto, Laviano pegou a pasta na mesa e se retirou da sala. O procedimento era simples. Interrogaria alguns vizinhos, ignoraria as pistas e depois de uma semana, fecharia o caso como “briga de gangues”, ou qualquer coisa do tipo.

Para um primeiro caso, Laviano estava aborrecido. Não era o tipo de serviço que ele queria fazer.

O seu desejo era ter uma grande e astronômica carreira, pegando os peixes grandes. E aquilo não estava nem perto disso.

---

Em algum lugar da cidade, em um prédio esquecido por qualquer um, o homem lavava suas mãos compulsivamente. Noite passada, ele cometera um crime. Um assassinato.

- Eu fiz isso... Eu fiz isso... - Dizia para si mesmo.

Lavou tantas vezes as mãos, que chegou a feri-las. Passou o dia inteiro assim, desde que chegara em casa.

- Eu matei um homem novamente... Eu matei...

A culpa estava corroendo sua mente.

- Eu entrei... Eu o acertei com uma... uma torradeira... e então o matei. Eu matei um homem...

Narrava os fatos para si mesmo dezenas e dezenas de vezes. Ora aos prantos, ora revivendo toda a adrenalina.

Então o telefone tocou. Como estava ocupado demais se culpando, caiu na secretária eletrônica.

- Ei, Frank! Estou tentando te ligar a dias! Sabe de uma coisa? Fui promovido! Sou um detetive agora, rapaz! John Laviano agora é o xerife da cidade! Cuidado comigo ein! Hahahaha! O que aconteceu? Você sumiu. Precisamos comemorar! O que será que o misterioso Frank Castle anda fazendo por aí? Hahaha! Me liga cara! Sério mesmo, me ligue de volta. Bem... É isso aí, um forte abraço Frank! Estou feliz por ser promovido. Devo parte disso a você amigo! Até mais! Me liga mesmo, ein! *trick*.

Depois de alguns minutos de silêncio. A ligação do amigo Laviano lhe permitiu lembrar...

- Frank Castle... Este é meu nome. – O homem, que antes estava atordoado pela culpa,
agora se encarava no espelho. Livre. Ele só precisava se lembrar de quem era. – Frank Castle... Era o meu nome.

Molhou as mãos na água, e com a ponta dos dedos desenhou uma caveira sobre o seu rosto no espelho.

- Frank Castle está morto.

---

Continua...


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+ comentários + 5 comentários

19 de julho de 2010 às 14:08

Demais Renan!!! Confesso que parte de mim, apesar de confiar muito em você, imaginava que esse Justiceiro seria mais do mesmo... Chover no molhado, mas caceta!
Me surpreendeu!
O começo com o assassinato já foi foda, o corte com o policial Laviano foi perfeito, mas a cereja foi essa cena do Frank todo boladão!!!
Não lembro de ele ter sido mostrado desse jeito antes!
Muito, muito bom mesmo! Grande Estréia! Já deixo aqui o convite para prepararmos um cross desse Justiceiro com o Capitão América!
Um abração, parabéns mais uma vez e até mais!!

19 de julho de 2010 às 17:28

Menino Renan (como diria o baiano, hehehehahhah), que texto! Mto bom!

Gostei do Frank psicótico, talvez esquizofrênico?

Uma versão diferente do original e com boas possibilidades narrativas. Sim, boto fé que esta será uma série intrigante. Já começou com o pé direito.

Parabéns e um abraço, grande Ocelot!

20 de julho de 2010 às 04:37

faço minhas as palavras de todos acima, menino renan! parabéns!!!

20 de julho de 2010 às 09:18

Muito bom Renan, o jeito com que você narrou os acontecimentos, os detalhes, foi realmente muito bom mesmo! Parabéns!

22 de julho de 2010 às 11:09

Grande Matrix,

Poi zé, cara... Essa era minha dificuldade em pensar algo novo pro Justiceiro. Ele já é fodão de todo jeito, massavéio até o fim do mundo. Então encontrei essa escapatória.

Muito obrigado pela leitura.
Que bom que você gostou.

Valeu! E abraços!

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