Ultimate UNF: Homem de Ferro #01
Antony Stark. Industrial rico e poderoso, acostumado a dobrar tudo à sua vontade. O que pode tocar o coração deste homem de ferro e fazê-lo encarar a vida de outra maneira? Como reage um homem que tem tudo quando perde aquilo que mais ama?
ULTIMATE UNF apresenta
O INVENCÍVEL HOMEM DE FERRO
Capítulo 01: Formigas
Por Alex Nery
Nova York
Numa manhã ensolarada
Hebert abriu a pequena caixa pela décima vez no último minuto. Suas mãos estavam suadas e tremiam levemente. A luz do sol dava um brilho especial ao diamante no anel. Fechou a caixa e tornou a guardá-la no bolso. Apanhou o celular e constatou que Diana estava atrasada. Bastante atrasada na verdade.
Chamou o garçom e pediu mais um café. Já era quase nove horas da manhã e o movimento na cafeteria estava bem reduzido, sendo assim não demorou a ser atendido. Enquanto esperava o café, abriu novamente a caixa da jóia e pôs-se a observá-la.
O garçom olhou com algum interesse para o objeto. Já percebera a ansiedade de Hebert e, secretamente, divertia-se com a ansiedade do rapaz. Hebert olhou de volta para o garçom, que rapidamente desviou o olhar.
Hebert estava realmente ficando preocupado. Diana já estava atrasada há quase cinqüenta minutos, e ela era sempre pontual. Pressentiu que algo estava errado.
O telefone tocou.
Rapidamente Hebert apanhou o celular e, com o coração acelerado ao perceber que era uma ligação de Diana, atendeu-o.
- Alô, Diana?
- Olá, Herbie...
- Onde você está? Aconteceu alguma coisa?
- Bem, eu... não...
- Querida, estou te esperando aqui no Cesare’s! Esqueceu que marcamos aqui? Lembra onde fica? Lembra que eu disse que era... importante?
- É, sim... lembro Herbie...
-Então o que houve?
- Herbie... eu... eu não vou.
- Não vem? M-mas, querida... tenho uma coisa importante pra te dizer...
- Eu sei, Herbie. E eu sei o que é... mas, eu não vou.
- Não tô entendendo...
- Herbie... não dá mais. Acabou.
- Hein? Como é?
- Escuta... a gente... não dá mais, tá? Acabou.
- M-mas, Di...
- Eu repensei um monte de coisas, tá? Repensei e vi que não dá mais.
- M-mas, Di eu te AM...
Primeiro foi um silvo baixo, que logo se expandiu para um rugido ensurdecedor. Um projétil desenhou uma fina linha no ar e então mergulhou em direção ao café, colidindo contra a calçada do prédio. O choque foi tão violento que converteu-se numa explosão mortal. A calçada do café explodiu em milhares de pedaços de concreto, arremessando mesas, cadeiras e pessoas em todas as direções. As chamas percorreram todo o ambiente, carbonizando várias pessoas que antes transitavam pelo local. Algumas delas, menos sortudas, receberam o impacto e as chamas e foram arremessadas agonizantes a dezenas de metros.
Do ponto de impacto uma figura grande foi arremessada contra a parede do café, chocando-se violentamente.
Hebert, que havia sido arremessado pelo impacto para trás do balcão da cafeteria, tentou erguer a cabeça, mas seu corpo doía tanto que ele logo desistiu. Com sua vista embaçada, ele apenas podia perceber os contornos de algo que parecia humano, mas bem maior que um ser humano comum, algo medindo talvez três metros de altura.
A coisa possuía um corpo escuro. Em sua cabeça, destacava-se um único olho vermelho central e dele saía uma fina linha luminosa que parecia varrer o ambiente em chamas. Ao percorrer o corpo de Herbert, o gigante concentrou sua atenção no homem caído e começou a mover-se em sua direção. Com dois passos estava sobre Herbert e estendia seus braços para agarrá-lo. Hebert olhava aturdido para aquela cena, impossibilitado de se mover. Apenas a dor lancinante que sentia lhe lembrava a todo instante que aquilo não era um sonho.
Uma violenta rajada de energia atingiu o gigante escuro pelas costas. Ele cambaleou e ameaçou cair sobre Hebert, mas agüentou a rajada e voltou-se para encarar o agressor. Um outro corpo, mais proporcional a um ser humano, aparecia por entre a fumaça. Era vermelho e dourado, e parecia ser feito de algum metal. Possuía dois olhos luminosos que não escondiam uma expressão furiosa. Atravessou voando os metros que o separavam do gigante e agarrou-o pela cintura. Ambos colidiram contra a parede dos fundos do café em chamas. A construção rangeu e parecia que não suportaria mais o próprio peso, mas por sorte os adversários não haviam atingido nenhuma coluna e ela manteve-se de pé.
O homem metálico dourado começou a esmurrar a cabeça do gigante contra a parede. O inimigo suportou alguns ataques e então agarrou o ser metálico pela cintura com suas mãos enormes e o empurrou para trás. Parecia que o gigante não queria mais lutar e preferia manter distância de seu adversário. Sem perder tempo, o lutador dourado fixou seus pés no chão e arqueou seus braços para trás. De seu peito, um circulo luminoso teve seu brilho intensificado, enquanto um zumbido sobrepujou o som das chamas. Subitamente um feixe luminoso saiu do circulo peitoral e atingiu em cheio o tronco do gigante negro. Instintivamente a criatura colocou os braços em posição de defesa, mas foi em vão. Eles foram incinerados e o feixe atravessou o gigante.
O gigante tombou para trás desfalecido, enquanto o lutador dourado caía de joelhos, visivelmente abatido.
Sua última visão foi de dezenas de feixes vermelhos invadindo o local. Então tudo se tornou escuridão.
Indústrias Stark
Dois dias antes
Ele jamais confessaria, mas aquele era um dos momentos mais prazerosos de sua vida. Vestido com um confortável roupão, Tony Stark caminhou até a sacada de seu apartamento de cobertura, onde um saudável café da manhã já o esperava, assim como seu starkpad conectado aos maiores jornais do mundo. Dali ele já poderia ter contato com as principais notícias do dia. Pegou o aparelho e apenas conferiu o relógio.
- Sem pressa, chefe. Aqui estamos – disse uma voz atrás de si, que ele logo reconheceu como de seu motorista Happy Hogan.
Virou-se e sorriu, encarando o sorriso do menino de oito anos que acompanhava Happy e que ele conhecia tão bem.
Abaixou-se e então recebeu o abraço forte e ansioso do menino, correspondendo igualmente.
- Daniel...
- Pai!
- Vamos tomar café.
- Já tomei.
- Tome ao menos um suco. Do que quer? Tangerina? Maçã? Laranja?
- Nada, já tomei.
- Enjoado dessas frutas, hein? Quer que eu crie uma fruta nova pra você?
- Pai, você não pode criar uma fruta nova...
- Na verdade posso... Quer ver? Tem um pessoal fazendo umas pesquisas que...
- Pai...
- Ah, ok, ok. Nada de projetos.
- É, você prometeu.
- Ok, ok... eu prometi... E um videogame novo?
- Você já me deu um, pai.
- Ah é? Mas um NOVO mesmo?
- Tenho aquela sala em 3D completo... aquela onde eu nado... dou tiros... mato os aliens feiosos...
- É, então já dei. Obrigado, Happy. Vou tomar meu café com o Daniel.
O motorista sorri e acena antes de sair. Stark e Daniel sentam-se à mesa. Enquanto Tony se serve das frutas, Daniel olha para o horizonte.
- Então, hmm... com vai a escola? – pergunta Tony.
- Chata.
- Chata?
- É. Chata.
- Não quer me explicar melhor isso?
- É chata, pai. Horrível. Tô perdendo tempo ali.
- Não diga isso, Daniel.
- Eu queria estar aqui com você.
- Mas você irá ficar aqui comigo.
- Quando?
- Hm... logo.
- “Logo”...
- “Logo” é depois da escola. Preciso de você aqui, mas depois que passar pela escola.
- Mas pai... sou teu filho. Você já é rico. Pra quê eu tenho que estudar?
- Dinheiro não é tudo, Daniel.
- Não parece...
- Engraçadinho.
- Me convence...
- Hmm... vejamos... É o seguinte... Certo, eu tenho dinheiro. E muito dinheiro... mas... Se eu fosse burro, eu teria dinheiro?
- Teria. Meu avô deixou dinheiro pra você.
- Não é bem assim, eu... ora... escuta... se eu fosse um idiota, alguém sem cultura, sem estudo, teria estourado todo o dinheiro e hoje não teríamos nada, entendeu?
- Hm, sei não...
- Daniel, não existe nada mais importante do que usar seu intelecto pra construir alguma coisa útil. Quando eu construo algo, sinto que estou ajudando o mundo de alguma maneira... estou deixando nossa marca nele.
- Prefiro gastar o dinheiro...
- Olhe... Venha cá... – Stark levanta-se e caminha até o parapeito, levando Daniel consigo.
A paisagem é magnífica. Da sacada de Antony Stark se tem uma vista privilegiada da cidade de Nova York, a cidade que nunca dorme.
- Olhe lá, pra cidade... para os prédios... para as pessoas – pede Tony.
- Que tem eles?
- Toda vez que olho pra esta paisagem eu penso em formigas. Penso em como as pessoas parecem formigas.
- E a cidade é um formigueiro?
- Isso. Cada um faz sua parte, e a cidade vai crescendo.
- Então eu tenho que estudar e ser uma formiga?
- Não. Nós somos águias.
Nova York
Hoje
Uma luz branca surgiu na escuridão. Um ponto fraco e bruxuleante, mas que mesmo assim o puxou para fora da escuridão. Assim, Tony Stark abriu os olhos e encarou um mundo sombrio.
Haviam removido seu capacete. Ele ainda vestia a armadura Mark III, mas estava praticamente imobilizado. Os paramédicos afastaram-se dando espaço para que ele respirasse. Um homem branco, de meia idade e com um marcante tapa olho o observava.
- Tony. Consegue falar?
Fez algum esforço para lembrar o nome do homem com tapa olho. Tossiu. Teve a sensação de que esquecera alguma coisa ainda mais importante.
- É. Você não tá cem por cento, não. Mas agüenta as pontas, cara. Já estamos providenciando tua transferência prum hospital.
- Fury... – de repente lembrou o nome do homem.
- Güenta. Tu não tá bem. Depois a gente papeia.
- Fury... onde... o-onde está o Daniel?
Fury olhou em volta e massageou o pescoço com a mão esquerda.
- Ele se foi, Tony... ele se foi.
Continua...
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+ comentários + 6 comentários
"quer que eu crie uma fruta nova" é sensacional! pesado esse texto de estreia, nerípslon, por isso, me amarrei, mwhahahaha!!
Caceta! Que começo Nerão!! A cena inicial com a luta, cujos combatentes só se pode especular quem sejam, ficou perfeita! A cena entre o Stark e seu filho então foi muito bem desenvolvida, percebe-se ali o quanto de amor existe entre eles, bem demonstrado nas tentativas do Stark de agradar o pequeno Daniel...
E esse final então? Fodástico! Me deixou de queixo caído e cheio de vontade de ler logo a continuação!
Meus parabéns Nerão, um abraço e até mais!!
Gostei de mais do seu latinha, Nerão!
Sabia que ia ser fodástico, mas não pensei que seria tão fodástico assim! Esse novo Tony que você criou ficou de mais. Completamente diferente do Tony Pinga que sempre vemos.
E a morte do Daniel deve causar fortes emoções no próximo capítulo, pois conseguimos ver a proximidade entre Tony e o garoto. E eu tembém ri da paradinha da fruta!! xD
eu iria até os gelos eternos do inferno....
Fala Nery,
muito legal!
Apesar de nunca ter lido muita coisa das hqs do ómi de ferru, gostei pra caramba desse aí. A cena inicial ta legal demais. Gostei da narraçao dos movimentos. E do diálogo com o filho, bem natural, gostei.
Parabéns nerão!
Valeu menino Renan, digo, Renan, digo, Ocelot... heheheh...
O que eu mais gostei neste capítulo foi de construir este diálogo. Tô numa fase "pai de aluguel", então imaginei isso como se fosse de verdade.
Agora é esperar pra ver no que vai dar esse rolo.
Abraço e obrigado pela leitura.
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