Publicado Originalmente em Abril de 2007
A Era Moriana de Conan, o Bárbaro
Os Gigantes de Gelo
Os Gigantes de Gelo

Conan criado por
Robert Ervin Howard
E melhorado por
Marcelo Moro
Robert Ervin Howard
E melhorado por
Marcelo Moro
Saiba, ó Príncipe, que entre os anos quando os oceanos tragaram a Atlântida e as reluzentes cidades, e os anos quando se levantaram os Filhos de Aryas, houve uma era inimaginável, repleta de reinos esplendorosos que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o firmamento. Nemédia; Ophir; Brithúnia; Hiperbórea; Zamora, com suas lindas mulheres de negras cabeleiras e torres de mistérios e aranhas; Zíngara, com sua cavalaria; Koth, que fazia fronteira com as terras pastoris de Shem; Stygia, com suas tumbas protegidas pelas sombras; Hirkânia, cujos cavaleiros ostentavam aço, seda e ouro. Não obstante, o mais orgulhoso de todos era Aquilônia, que dominava supremo no delirante oeste. Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão, um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da terra. Nas veias de Conan corria o sangue da antiga Atlântida, engolida dezenas de milhares de anos antes de sua época pelos mares. Ele nasceu num clã que reivindicava uma região a noroeste da Ciméria. Seu avô foi membro de uma tribo do sul que havia fugido de seu próprio povo por causa de um feudo de sangue e, depois de uma longa migração, refugiou-se entre os povos do norte. O próprio Conan nasceu num campo de batalha, durante uma luta entre sua tribo e uma horda de vanires.
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Khitai
- PEGA LADRÃO – grita o comerciante.
O pequeno Sporr corria o máximo que suas pequenas pernas permitiam.
- PEGA LADRÃO – o comerciante gritava e corria atrás do pequeno meliante.
Apesar de pequeno e por sorte ser pequeno, Sporr não era fácil de ser pego. Muito ligeiro, ele aproveitava da baixa estatura para correr no meio da multidão, sem medo de ser pego.
Mas um dia é da caça...
Outro do caçador.
Nesse dia da feira ele se desloca entre as pessoas, e num momento que olha para trás tromba num guerreiro parado a sua frente.
Alto, forte, esse guerreiro usa a vestimenta feudal.
Após a batida, ainda sentado no chão, ele olha para o homem a sua frente. Não havia como não reconhecer o senhor feudal daquele lugarejo.
Shung Len.
Nesse momento ele teve a primeira certeza de sua vida.
Ele estava ferrado.
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Aesgard
Chegando perto da fenda, era visível a excitação do cimério, sabendo que estava se aproximando da garota. Sua desconfiança era correta. A fenda não tinha neve, era como passear ao sul das planícies cimérias no verão.
Mas sua excitação passou no exato momento que duas mãos poderosas agarraram sua garganta e o suspenderam do chão.
- OLÁ PEQUENINO – falou seu algoz.
Conan vislumbrou seu adversário. Como era a primeira vez que ele saia longe da aldeia sozinho, ele só sabia da existência dos gigantes por fábulas contadas pelos anciões da aldeia.
Pelas histórias, ele imaginava esses gigantes como Aesires mais altos que os Cimérios. Mas nada o tinha preparado para essa visão.
Ele estava suspenso pelo pescoço a mais de 4 metros de altura. Como o gigante o segurava com os braços para cima, ele calculou a altura do gigante em mais de 3 metros de altura.
Ele era quase o dobro da sua altura.
Conan sabia que algo deveria ser feito para conservar sua vida. Ele agarrou as mãos do gigante, se impulsionou e chutou a cara dele com seus dois pés.
Conan não era guerreiro de se entregar ao medo, pois ele sabia que o medo era a diferença entre vitória e derrota.
Nesse caso, seria a diferente entre a vida e a morte.
O gigante não esperava essa reação, afinal, todas suas vitimas padeciam facilmente por sua mão.
- IRMÃO – ele gritou – O PEQUENINO ME CHUTOU.
Das sombras apareceu um segundo gigante, um pouco mais alto que o primeiro.
- Crom, que eu seja amaldiçoado.
Tateando sua cintura, Conan descobriu que a visão da linda jovem derrubou sua espada no local que ele estava. Ele deveria derrotar os gigantes com suas próprias mãos.
Ele precisava tomar a dianteira do ataque. Quando o segundo gigante veio para seu lado, e se abaixou e passou entre as pernas desse, e aproveitou para golpear o outro novamente, agora entre as pernas. Conan se jogou de cabeça, fazendo o gigante deitar de dor.
Passando por ele, Conan escalou algumas rochas, para ficar na altura da cabeça do mais alto. Quando ele se aproximou, o cimério se atirou contra seu peito, imaginando que seu peso faria o gigante ir para trás. Qual não foi seu arrependimento ao se achar nos braços do gigante, sendo preso pela linha da cintura e apertado, sentido seu corpo se partir ao meio.
Num átimo de dor, Conan bate com seus punhos fechados nas orelhas do gigante, fazendo pressão dentro dos seus ouvidos, o soltando[1]. Logo que toca o chão, ele novamente sobe nas paredes da fenda que se encontravam mais e mais alto, logo sendo seguido pelo primeiro gigante, que estava furioso pelo golpe baixo de Conan. Numa elevação do terreno, o Cimério pode ficar de pé para analisar a situação, e o que viu não o acalmou. Os dois gigantes subiam atrás dele rapidamente. Essa elevação na fenda deu uma idéia a Conan. Arriscada, mas era a única saída. Ele começou a pular para que seu peso a fizesse quebrar, o que geraria um desmoronamento em cima dos gigantes, o que deu quase certo, pois ele desceu junto de ambos.
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Khitai
- O que esse menino fez, comerciante?
- Meu senhor – falou o homem se ajoelhando perante ele, fazendo a reverência – esse menino é um ladrão. Não contente em não trabalhar, ele ainda se diverte roubando os comerciantes locais.
O samurai olha para o menino, franzino e assustado a sua frente. E vê algo nos olhos dele que chama sua atenção.
- Quanto ele te deve, pediu ao comerciante.
- Uma moeda, senhor.
O samurai faz um sinal para um lacaio que vinha logo atrás, que jogou a moeda para o comerciante apanhar.
No chão.
- Menino, agora você me deve uma moeda. O que deveria fazer com você? Vender na Hyrkania?
- Meu senhor. Se eu puder ingressar no seu exército, trabalharei em troca de comida até pagar minha divida.
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Conan se levanta do meio das pedras.
Ferido.
Cansado.
Feliz.
Tinha matado dois gigantes.
Não sabia de ninguém que podia contar esse feito.
Ele estava sentado descansando, quando um movimento chamou sua atenção. A linda jovem estava voltando, gritando.
- Wurzag. Worm. Onde estão vocês?
Cautelosamente ela caminha entre as pedras, tentando imaginar por que seus irmãos não respondem. A armadilha nunca falhava. Ela atraia os pobres incautos com seu corpo e seu sorriso e seus irmãos cuidavam de estraçalhar e comê-los. Pela primeira vez em muito tempo, ela sente medo.
- Wurzag. Voce sabe que eu odeio essa brincadeira. Responda logoooooooohhhhhhh
- Mulher – Conan a agarra pelo braço – quem são esses gigantes?
- Wurzag – grita – Socorro, ele me pegou.
Conan a joga no chão.
- Calada. Mesmo que esses monstros te ouçam, não vão sair debaixo da montanha para te salvar.
- Como?
- Está vendo aquele monte de pedras – Conan senta numa rocha – eles estão lá embaixo. Os dois.
Ela avança em direção a Conan, estapeando e tenham arranhá-lo, o que ele facilmente se esquiva e segura ambos seus braços.
- Agora vou ter meu prêmio por matar esses dois – dizendo isso, Conan a beija na boca, mas logo a empurra longe – maldita. Cadela. Me mordeu – e ele a atinge no rosto com a mão aberta, e jogando no chão.
Uma cor aparece na brancura de sua pele. A marca dos dedos de Conan em pálido rosto.
- Maldito, mil vezes maldito. Você vai pagar por isso. Assassino. ASSASSINO.
A garota levanta e sai correndo em direção à parte externa da fenda. Lá fora ela se ajoelha na neve e começa a gritar.
- PAI. PAI.
Conforme ela grita, a neve vai aumentando e a temperatura cai. Conan sente o tempo congelador mesmo dentro da fenda.
- YMIR, MEU PAI. ATALI TE CHAMA.
O guerreiro olha para a mulher. A cada passo e a cada berro ela fica mais branca, parecendo pálida como o gelo.
- Crom me amaldiçoe. O que essa louca está pretendendo?
Ele pensa em sair da fenda para buscá-la, mas uma visão o faz parar. De dentro da nevasca um gigante ainda maior que os outros dois parece tomar forma. Um gigante feito de gelo, com uma espessa barba. Em sua mão direita, uma clava de gelo.
- Mitra – esbraveja Conan.
Apesar de não acreditar que aquele ser fosse realmente Ymir, o Deus Nórdico do Gelo, era um gigante muito maior que os outros. Nem uma legião ciméria ia conseguir destruir aquele gigante que beirava os 20 metros de altura.
Mas, mesmo pela pouca idade, Conan não era burro. Sendo ou não sendo Ymir, ele tinha que escapar, e se a garota foi quem fez a invocação, ela seria sua salvaguarda. Ele viu que a garota estava de frente para seu pai e correu em sua direção, a agarrando pelo pescoço.
- Agora tu vem comigo, sua rameira de gelo.
- PAI... PAI...
- Não adianta chamá-lo. Só vai piorar sua situação. Se ele vier para nosso lado, eu quebro seu pescoço.
Conan a arrasta para dentro da fenda seguido pelo gigante.
- PEQUENINO. LARGUE MINHA FILHA E SUA MORTE SERÁ DIGNA.
- Ymir, ou seja lá quem for, fique parado senão mato ela.
- PEQUENINO. SE FIZER ALGUM MAL A ELA, ARALLU VAI TE ACOLHER DE BRAÇOS ABERTOS.
Conan continua arrastando a guria para dentro da fenda seguido pelo gigante. Por longos metros ele é seguido pelo gigante, até chegar num ponto onde era possível escalar a escarpa levando a garota. Ele tinha pouco tempo até o gigante alcançá-lo, sendo assim, com uma bofetada ele nocauteou a garota e a colocou no ombro, para facilitar a subida. Era alto, cerca de 40 metros. Quando o guerreiro estava nos metros finais, o gigante começou a escalada. Uma vez lá em cima, ele vislumbrou rochas e teve uma idéia, agarrando a mulher pelo pescoço e perna, Conan a ergueu acima da cabeça.
- YMIR! Quer a garota? Pegue – e Conan a arremessa em direção ao solo, perto de onde Ymir subia.
Ymir larga a clava e se inclina para pegar a garota, caindo junto com ela, para que ela não se esborrache diretamente no solo. Quando Ymir se levanta, segurando a filha em sua mão direita, e olha para cima, ele tem a visão do jovem Cimério segurando uma pesada pedra acima da cabeça.
E ele joga a pedra rolando na escarpa, que arranca outras pedras gerando um deslizamento, que cobre Ymir até os joelhos.
- PEQUENINO. TU ACHOU QUE ISSO SERIA SUFICIENTE PARA ME DETER?
- Só uma não, por isso aqui vai outra.
Conan lançou várias rochas, fazendo com que o gigante ficasse coberto até os ombros, deixando a cabeça de fora.
Com isso, o guerreiro sabia que teria tempo de fugir do gigante, mas ainda assim ele não estava satisfeito, pegou a maior rocha que conseguiu carregar e arremessou em direção a cabeça do gigante. Na mesma hora partiu, para o sul.
Procurando calor.
Com certeza, a aventura ali passada já valia em muitas vezes o rito de passagem. Agora Conan podia se considerar um homem.
Um homem que lutava contra os deuses.
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[1] - O popular telefone
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+ comentários + 1 comentários
nem precisa dizer que me amarro no Conão, né? e o texto introdutório (O_o) é sempre sensacional. como um davi e golias, o ser cabeludo (O_o) se diverte nas vitórias. parabéns, morete! já mandei o link pra meu tio!
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