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Excalibur 2099 #02 - Onde os Fracos não tem vez.

Quando a Inglaterra se torna lar de terríveis criaturas os humanos devem aceitar o destino de serem apenas caça.

Um jovem vai enfrentar essa afirmação.

Conheça o Union Jack 2099!


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Excalibur 2099. Segunda parte.
Onde os fracos não têm vez.

Fato: Alex era um covarde. Sempre fora um covarde, desde a mais tenra infância.

Criado pela avó, na verdade Anna Laurie uma senhora que o encontrou, ainda bebê, caído nos restos de um abrigo, Alex Laurie recebeu um nome e proteção contra as criaturas que ameaçavam a humanidade nas noites inglesas.

Infelizmente Anna já tivera sua alma alquebrada pelo medo, instilado nos ingleses após a invasão, passando para seu “neto” todos os medos que ela mesma desenvolvera com o passar dos anos.

O maior medo foi dos conquistadores da Europa.

Os Espectros.

Os moradores da região antigamente conhecida como Europa, principalmente na Inglaterra, que hoje em dia é conhecida como Aranckar, se acostumaram aos terrores que são jogados sobre eles todos os dias e são poucos os que sobrevivem às noites das “caçadas selvagens”, o mais próximo de um esporte praticado pelos Espectros como um rito de passagem da adolescência para a idade adulta.

Aos quinze anos Alex teve a primeira reviravolta em sua vida.

A morte de sua avó.

Os humanos só não foram totalmente erradicados de Aranckar pela necessidade dos ritos de passagem, mas isso em nenhum momento significou tornar suas vidas menos miseráveis, o que Alex descobriu após a noite em que Anna deu a vida para salvá-lo.

- Fique aqui e não faça nenhum, barulho... - Foi o que ela disse quando mandou que o garoto se escondesse dentro do que fora um dia um frigorífico de um açougue. - Lembre-se de sempre se esconder e de que a vovó te ama...

Os sons do Espectro destroçando o corpo dela, e os gritos da avó continuavam fazendo o jovem acordar encharcado de suor todas as noites seguintes.

Alex passava os dias à procura de mantimentos ou transporte, qualquer que fosse, que pudessem mantê-lo à salvo durante as noites, que ele passava quase que imóvel, procurando chamar o mínimo de atenção que fosse possível.

Cinco anos se passaram e ele se tornara um especialista da arte da sobrevivência, acreditando que permaneceria vivo durante mais algum tempo, torcendo todas as noites para que algo acontecesse que livrasse o mundo dos malditos alienígenas.

Só não rezava pois, apesar das insistências de Anna, ele jamais entendeu ou aceitou um Deus que permitisse a seus filhos sofrerem tanto. Não, ele jamais rezava.

Certa manhã, enquanto ele explorava os restos de um acampamento. As marcas de garras e manchas recentes de sangue vermelho, logo, humano, davam a entender que o local fora atacado na noite anterior. Azar deles, sorte de Alex que encontrara a primeira refeição decente em semanas.

Sua alegria, é claro, não iria durar.

Ao som da primeira explosão, ele correu para o que parecia o abrigo mais próximo, algumas ferragens, que eram leves o suficiente para que ele as erguesse rapidamente e que podiam esconde-lo.

Por uma fresta ele os viu e mesmo sem ele saber, chegava a hora de uma nova reviravolta em sua vida.

Um grupo com cerca de vinte humanos “Um absurdo” como ele pensou “Com tanta gente é quase impossível se esconder”, mas o que o jovem não sabia era que o último desejo daquelas pessoas era se esconder.

- Pela Humanidade!!! - Um rapaz, apresentando uma pele queimada pelo Sol, que Alex viria a descobrir ser causada também pela descendência muçulmana dele, apontava um tipo de arma contra algo que não era possível de ser visto. - Tomem isso monstros!!!

Alex ficou boquiaberto com a coragem e, segundo seus instintos, a estupidez do outro, que parecia procurar chamar toda atenção do que ele vira depois que se tratava de um grupo de Espectros, que mudavam a forma de seus corpos, variando entre monstros terrestres ou aéreos.

Todos verdadeiros pesadelos vivos.

O humano disparava raios de energia contra os inimigos, atraindo o ódio desses e dando espaço e tempo para que seu grupo pudesse se proteger e contra atacar. De fato ele parecia o alvo primordial dos espectros.

- Matem esse desgraçado!!! - A voz daquele que parecia o líder soava de maneira áspera, com os “s” sendo chiados, mostrando que os anos de convivência havia feito com que eles tivessem adaptado até sua língua. - Sem ele a resistência morre...

- Isso nunca!! - O rapaz acertou o monstro em cheio no peito, o que fez o mesmo tombar com um enorme e fumegante buraco, fazendo a equipe de caçadores ficar perdida, se tornando alvos fáceis, que iam caindo como moscas diante do ataque humano. - É isso aí!!!

Mesmo sem querer, Alex começava a vibrar, torcendo pelos humanos e assim se distraiu de sua própria segurança, acabando por tombar uma parte de seu abrigo, se revelando para o último Espectro que viu ali uma oportunidade.

- Afastem-se todos!!! - Agora o monstro mantinha Alex preso pelo pescoço, forçando seus tentáculos até quase quebrá-lo. - Mais um passo em minha direção e eu mato esse saco de carne...

- Você vai fazer isso de qualquer forma... - O rapaz que acabara de levar os humanos à vitória se aproximava de forma descontraída e, apesar da dor, Alex viu que ele devia ser no máximo uns dois anos mais velho. - Portanto o lance é: Você solta ele e eu te deixo sair vivo, mas se você o machucar... Bem... Aí com certeza não tem nenhum motivo prá te deixar ir embora né?

Minutos tensos passaram devagar, para Alex era como se o tempo tivesse parado, até que ele sentiu a pressão em seu pescoço diminuir pouco a pouco.

- Se eu soltá-lo... – A voz do Espectro falhava devido ao medo, mostrando que provavelmente ele acabara de sair da juventude. – Poderei mesmo ir?

- Claro... – O rapaz sorria, esbanjando charme e confiança... – Juro pelo meu criador...

- Bem... Então... – Tudo foi muito rápido, mas assim que sentiu seu pescoço ser libertado, Alex mergulhou na direção do chão, bem a tempo de escapar de um tiro que o acertaria na cabeça, mas que fez o Espectro tombar no chão, conseguindo apenas balbuciar. – Aaaarrgghh... Ma-mas... Você... Pro-prometeu...

- Humanos mentem... – Antes do alienígena dar seu último suspiro, o homem atirou novamente contra sua cabeça, explodindo-a e espalhando assim carne mal-cheirosa por toda parte. – Ah! Adorei essa...

Ele então se voltou para Alex, lhe estendeu a mão, ajudando-o a se levantar e aproveitou para se apresentar:

- Meu nome é Bahijah que segundo a minha mãe significa “feliz” ... Como vai você?

- Quase morto... Você é doido? O que você fez com o espectro...

Uma gargalhada foi a única resposta de Bahijah e, contrariando todas as previsões, ali nasceu uma verdadeira e sólida amizade entre o audaz e o covarde.

Uma amizade que foi mudando os dois.

Alex ficou mais corajoso, chegando até a enfrentar alguns Espectros, claro que aqueles que pareciam mais jovens, inexperientes, ou mesmo os quase mortos.
Já Bahijah, cujo grande plano de vida seria morrer enfrentando seus inimigos, se tornou mais cauteloso, agora planejando seus ataques e assim descobrindo muitas falhas tanto dos Espectros como de toda coalizão alienígena que dominou o planeta.

Ambos sempre passavam horas discutindo sobre como a Europa poderia ser libertada, como sua alma poderia ser recuperada. O discurso de Bahijah sobre os significados das bandeiras e outros era importante no passado mais distante, algo que Alex sempre dava um jeito de lembrar que aqueles dias tinham passado e que nunca poderiam voltar.

Muitos se surpreendiam em ver como pessoas com opiniões tão divergentes pudessem ter uma amizade tão sincera, era comum um salvar a vida do outro em combate.

Mesmo assim os dois grandes amigos não puderam evitar a tragédia que se abateu sobre eles.

O ano 2099 chegava no mundo inteiro mas os ingleses já nem calculavam mais a passagem do tempo como humanos comuns, para eles o que importava era viver os dias como se fossem os últimos.

Mas tudo desmoronou, mais uma vez, para Alex e Bahijah em uma missão que não tinha como sair errado.

Ou seja, é lógico que saiu.

As informações que o grupo de rebeldes havia recebido indicava que um grupo pequeno de Espectros iria se encontrar com alguns enviados Shia'r para troca de tecnologia.

Bahijah, nos últimos tempos parecia obcecado nas tecnologias que vinham de fora, planejando cada vez ataques mais ousados e mantendo o que, segundo suas palavras, ele “ganhava dos turistas”, guardado para si numa sala trancada em sua base principal.

O ataque correu bem, mas quando os contêineres que deviam transportar as tecnologias foram abertos, criaturas amorfas saltaram sobre os rebeldes, conseguindo imobilizá-los imediatamente.

- Finalmente... - Um Espectro foi se aproximando de Bahijah, fazendo estranhos sons que evidenciavam o prazer que ele sentia naquele momento. - Então nos encontramos... Humano...

O líder rebelde respondeu com uma cusparada certeira, que sumiu na escuridão do capuz do Espectro e este soltou uma gargalhada triunfante.

- Isso realmente é tão humano! - Novas risadas partiam de vários outros Espectros, que vinham se juntando ao seu líder. - Levem esses idiotas... Vamos ver se esse humanozinho se mantém tão corajoso após ser lançado no Fosso...

Ao ouvir isso foi como se algo se ligasse dentro da mente de Bahijah, e este começou a tentar se soltar com um quase desespero estampado no rosto.

Rindo novamente, agora imaginando que seu prisioneiro já sabia e antevia o que ia acontecer com, o Espectro líder fez um movimento com um dos tentáculos e todos começaram a segui-lo, enquanto deixavam o local da emboscada.

Pouco acima dali, assistindo a tudo, estava Alex.

Como sempre a função que ele cumpria era a de ficar observando para avisar os companheiros caso algo desse errado, o que os próprios Espectros já haviam percebido, o que possibilitou a armadilha que prepararam, onde os rebeldes realmente não pudessem ser avisados.

Com a imagem do rosto de seu melhor amigo ardendo em seu cérebro, Alex saiu correndo de seu posto de observação no exato momento em que uma criatura alada procurava por mais rebeldes, acabando por ser o único a escapar.

Ele correu como um louco, tropeçou várias vezes pelo caminho, sem se importar com os ferimentos que as quedas produziam em suas mãos e joelhos. Os pulmões pareciam prestes a estourar, a respiração ficava difícil, pelo cansaço e pelo desespero, os olhos cheios de lágrimas pareciam dificultar ainda mais que ele enxergasse as pedras que surgiam à sua frente.

Ainda assim ele só parou quando fechou atrás de si as portas da base, caindo no centro do salão principal e terminando por adormecer ali mesmo.

Horas mais tarde Alex acordou, na boca um gosto amargo e poucos instantes depois, quando as lembranças do que havia ocorrido o atingiram como um soco, ele terminou por vomitar a pouca comida que havia em seu estômago.

Com a garganta ainda ardendo devido ao refluxo, o jovem teve uma explosão de raiva, jogando cadeiras longe, quebrando o que surgia diante ele, urrando como um animal selvagem.

O desabafo só teve fim quando ele se viu parado diante da porta da sala secreta de seu amigo.

Alex deu um passo à frente e, após tocar no metal diante de si, se sobressaltou com uma voz mecânica que soou sinistramente pela base vazia.

- Identidade confirmada. - E então as portas se afastaram.

Ainda ressabiado, o jovem fez menção de fugir, mas as palavras de seu amigo, ditas numa conversa casual tempos atrás, voltaram imediatamente “Se um dia meus planos derem certo nos livramos desses malditos... Tudo o que precisamos está naquela sala”.

Desse modo, respirando fundo e cuspindo no chão para se livrar do amargor, ele entrou na sala.

No mesmo instante seus olhos se arregalaram.

Vários aparelhos de alta tecnologia abarrotavam uma sala onde caberiam, no máximo, umas cinquenta pessoas. Iam do típico armamento que usavam em suas missões a aparelhos que Alex nunca imaginaria para que serviam.

- Então aconteceu... - O rapaz deu um salto ao reconhecer a voz de seu amigo.

- Bahijah?

“Se você está ouvindo essa gravação...” ao se aproximar de um pequeno aparelho Alex percebeu um holograma de seu amigo surgindo pouco a pouco “Então eu fui morto, ou pior, fui capturado. Não importa o que quer que tenha acontecido, meus planos agora são seus...”

Alex observava, ainda aturdido o que seu amigo começava a revelar naquela gravação.

“Graças a meu bom amigo, tracei um plano que eu acredito que possa dar um fim à dominação dos Espectros...

Após conseguir informações de alguns alienígenas que conseguimos capturar, descobri a verdade sobre as caçadas selvagens, bem como o motivo que leva os malditos a transmitirem quando lançam os humanos no Fosso sem Fim...”

Alex se lembrava das imensas “telas” que surgiam pelos céus da Inglaterra, mostrando os Espectros jogando humanos desesperados dentro do que parecia um imenso portal de energia. Eles desapareciam e nunca mais se ouvia falar dos mesmos.

Nunca houve um caso sequer que alguém que tivesse retornado.

“O motivo das caçadas é muito mais que apenas um rito de passagem de idade, como nós acreditamos... Tudo está ligado ao fato de ainda manterem humanos vivos, quando já podiam ter nos erradicado...

Os Espectros são seres que usam um tipo terrível de magia e desse modo tentaram conquistar vários planetas, usando métodos de infiltração e traição, se revelando no último instante antes de destruir seus alvos.

Mas segundo as informações eles encontraram um planeta que não apenas conseguiu vencê-los, como também criou seus piores inimigos.

“Cavaleiros Espaciais” foi o nome que eu consegui.

Um desses cavaleiros possuia uma arma que conseguia banir os Espectros para outra dimensão que eles chamam simplesmente de Limbo... Muitos deles foram mandados para lá e isso nos revela o motivo de suas ações na Terra.

Durante a caçada, todos os humanos que são capturados são jogados pelo Fosso, na verdade um portal só de ida para o Limbo, servindo de alimento para os que estão presos lá.

Ou seja, para o Espectros, nada mais somos do que gado.

Eles tentam entender a magia terrestre na esperança de conseguir trazer os Espectros banidos de volta e até lá continuarão sua dominação através do medo...

Por isso a você que está vendo essa gravação... Alex.”

Parecia que o jovem havia levado um soco, tamanha a surpresa de ouvir seu nome dito por aquela gravação.

“Sei que se alguém pode ter escapado, é você Alex... Ainda tenho um plano que não posso revelar, mas que se der certo vai nos dar uma arma perfeita para ser usada contra os desgraçados...

Mas até lá, ou se meus planos não derem certo, quero que você seja o novo líder da resistência.

Alex, sei que você talvez não queira atender meu pedido, mas acredite, eu pensei em quase tudo...

Grande parte do poder dos Espectros não vem da magia deles, mas do terror que disseminaram pelos corações dos humanos... Por isso precisamos de um símbolo, algo que possa combater esse medo...

Você pode não acreditar, mas eu tenho absoluta certeza de que você pode ser esse simbolo.”

- Como é? - Alex imaginou se estaria ficando louco, falando com uma gravação, mas não podia evitar. - Você realmente devia estar louco...

“Claro que não estou louco... E não precisa se assustar pois eu sei que, a essa altura de nosso “diálogo” você deve estar pensando justamente isso... Eu te conheço bem meu amigo...

Mas continuando meu raciocínio, afinal de contas se eu fui mesmo capturado não devemos ter muito tempo...”

Alex novamente se surpreendeu em como seu amigo o conhecia, mas não deixou de se sobressaltar quando uma parede, aparentemente atulhada com todo tipo de tralha, fez um grande estardalhaço, ao deslisar para o lado, revelando uma outra sala.

O holograma ressurgiu diante da entrada da nova sala, convidando o amigo a entrar.

“Por aqui meu amigo... Pode confiar em mim.”

Assim que Alex entrou na sala, a parede voltou a se fechar e através da mesma ele pôde ouvir que alguém, ou algo acabara de invadir a base.

As luzes se acenderam e o jovem se viu diante de algo que parecia um caixão, em forma de tubo, sobre um trilho.

“Essa parte da gravação se iniciaria imediatamente após a já esperada invasão da base... Agora, por favor... Entre no tubo... Precisamos salvaguardar a sua vida para a causa.”

Os sons iam se aproximando e Alex pôde perceber as vozes chiadas dos Espectros, dando ordens uns aos outros para destruírem aquele local.

Sem outra escolha Alex entrou no tubo e assim que o mesmo se fechou, partiu em alta velocidade. Atrás dele cargas explosivas destruíam a base da rebelião, apagando toda e qualquer pista, além de matar os Espectros.

De repente um holograma em miniatura de Bahijah aparecia para seu amigo.

“Muito bem Alex... Se chegou até aqui nossa base já era.. Uma pena, mas totalmente esperado... Agora aproveite a viagem.”

Minutos depois ele estava em outro lugar, um salão também cheio de aparelhos tecnológicos, mas muito mais organizado que o local anterior, o que deixou o jovem ainda mais impressionado, ele jamais pensaria que Bahijah pudesse ter aquele nível de organização.

Para seu alivio o holograma voltava a aparecer.

“Agora sim... Essa será sua nova base meu amigo, você está livre para seguir seu espírito e suas vontades. Se quiser se manter em segurança e não sair mais ou se quiser abandonar tudo e tentar fugir do país, e acredite esse seria um dos únicos meios de terminar sua vida sem mais perigos, poderá usar tudo o que encontrar para atingir seus objetivos...

Agora se quiser fazer uma real diferença no mundo...”[/b]

Dito isso, com a teatralidade que já era esperada de Bahijah, algo começou a descer do teto e quando o aparelho terminou seu movimento Alex estava diante de algo que lembrava um uniforme.

Uma máscara com abertura apenas para os olhos e algumas correias para prendê-la à cabeça, um traje básico e preto que deixaria apenas as mãos e a cabeça à mostra, um colete, joelheiras, botas e vários outros apetrechos, tudo com cores variando entre o azul, o vermelho e o branco.

Atrás de tudo jazia os restos de uma bandeira da Inglaterra.

[i]“Ao lado dessa roupa espacial, existem algumas esferas metálicas... Elas são câmeras, normalmente usadas por um grupo chamado Olho Público que roubamos de um grupo de Skrulls que visitavam os Espectros... Assim que você apertar o botão vermelho, elas o seguirão e gravarão suas ações, o que eu acredito que possa servir para, ao menos, começar a vencer a programação dos Espectros... Daremos assim esperança para o povo... E essa é uma ferramenta poderosa...”

- Totalmente louco... - Mesmo assim Alex imaginava se aquilo não poderia ser verdade, mas ele? Um símbolo? E por que o amigo mesmo não havia se tornado aquele símbolo?

Antes de imaginar alguma resposta, o holograma de Bahijah voltou apenas para se despedir.

“Essa gravação chega ao fim meu amigo, que sua vida seja longa e próspera... Espero sinceramente que você faça a escolha certa... Pela Humanidade!”

O local caiu no silêncio e Alex se pegou torcendo para que tudo não passasse de um sonho.

A realidade, porém, tem cruéis maneiras de se impor.

Já era de madrugada e Alex estava diante de um morro, dentro do qual estava a base que ele “ganhara” de seu amigo, ainda pensando no que faria quando o ar pareceu crepitar com algum tipo de energia.

Todos os humanos de Aranckar já sabia o que aquilo queria dizer.

Algo que lembrava uma tela de energia começava a surgir nos céus e logo era possível ver imagens de um local escuro, com formações que pareciam feitas de carne pulsante, com sangue negro correndo em pequenos rios e protuberâncias de onde escorria algo como um pus amarelado.

Vários Espectros surgiam e caminhavam numa macabra procissão, no meios deles um grupo de humanos acorrentados eram arrastados, muitos dos quais com seus corpos tão alquebrados que não conseguiam nem ficar em pé.

Para o desespero de Alex, um dos prisioneiros era Bahijah.

- Hoje haverá muita comemoração meus irmãos!!! - Um dos alienígenas tomava a liderança da cerimônia, erguendo seus tentáculos e em seguida segurando o rosto do líder rebelde. - Finalmente capturamos esse pequeno saco de carne que ousou erguer a mão contra seus soberanos... Por suas a muitos irmãos foram mortos...

Guinchos estridentes partiam dos demais Espectros, sons impregnados de ódio e repulsa que pareciam atingir a todos no continente. Mulheres grávidas perdiam seus filhos, moribundos finalmente morriam e muitos ficavam ainda mais loucos.

- Qual seria o castigo ideal, eu lhes pergunto? Retalhar o corpo desses assassinos? - A turba alienígena se agitava em novos guinchos. - Não... Isso seria pouco para eles e a dor que nos causaram!!!

Alex não conseguia desviar o olhar, por mais que tentasse, mas ele decidira que o sacrifício de seu amigo não poderia ser ignorado, pois mais doloroso que fosse assistir aquele espetáculo degradante.

- O destino dele e de seus asseclas não será outro senão... O Fosso sem Fim!!!!

Aquilo fez os olhos de Alex faiscarem de ódio, agora que ele sabia a verdade.

- Não... Bahijah...

Um a um os humanos foram empurrados, desaparecendo assim que seus corpos tocavam o portal, sendo imediatamente transportados para o Limbo.

Bahijah foi o último e ele lançou um olhar desafiador para o Espectro líder, que o esbofeteou com o tentáculo antes de agarrá-lo e jogá-lo no Fosso.

A vontade de Alex era gritar até que seus pulmões explodissem, mas ele sabia que naquele horário isso seria o mesmo que um suicídio e não era isso que ele queria.

Levantando decidido, ele caminhou naquela que agora era sua base, foi até o uniforme e o vestiu, pegou suas armas e para finalizar colocou os restos da bandeira ao redor do pescoço.

Ao ver seu reflexo ele sorriu por debaixo da máscara e sentindo-se cada vez mais confiante ele saiu da base.

Quando a porta se fechou atrás dele, Alex parou por um momento, respirou fundo, enquanto alisava a bandeira com seus dedos, enquanto perguntava a si mesmo se finalmente ele se contaminara com a loucura do amigo.

Ele se afastou violentamente correndo pela noite e entrando em um trecho de floresta, uma das atitudes mais insensatas que ele fez desde ficou sozinho no mundo pela primeira vez.

Agora ele se sentia um caçador, mas um caçador que ainda tinha algo para provar a si mesmo.

Ele sentia que só seria capaz de cumprir a última vontade de seu amigo se encontrasse e matasse um Espectro.

Sozinho.

Não demorou muito e ele se deparou com um jovem Espectro que havia acabado de matar uma criança e, não querendo dividi-la com nenhum dos colegas se afastou de seu grupo de caça.

Egoísmo afinal, não era uma exclusividade humana.

Acostumado a ser silencioso em suas fugas, Alex conseguiu se aproximar do Espectro sem que esse percebesse, até que uma faca com lâmina de energia passava em seu pescoço, impedindo-o de gritar por ajuda.

O corpo do alienígena tombou já sem vida em uma enorme poça de sangue negro, sendo encontrado sozinho por seus colegas.

A criança morta fora enterrada longe dali e quando os primeiros raios de Sol atingiam seu corpo, Alex ergueu a cabeça finalmente se acalmando e sentindo a adrenalina pelo que acabara de fazer finalmente baixar.

- Muito bem... Bahijah... Símbolo não é? Que seja... Eu serei esse símbolo, mas não como Alex... Usarei um nome que sempre me chamou a atenção em nossas conversas...

Ele colocou a máscara de foma solene, sentindo que renascia com aquele ato.

- Eu serei Union Jack... E encontrarei um jeito de te ajudar... Ou te vingar.

Continua...
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+ comentários + 1 comentários

7 de junho de 2010 às 14:26

Achei de mais esse capítulo!

A forma como Alex vai aos poucos evoluindo e depois como se torna(rá) um SÍMBOLO é bem legal. Estou doido pra ver mais personagens e como eles vão interagir depois.

Parabéns, João!! Muito legal!!

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