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Profany, o Anjo da Morte [Série Clássica] #5



Chega ao fim essa primeira parte da série clássica de Profany. Aqui, Profany confronta seu primeiro adversário além de irremediavelmente entrar na vida da família Junqueira. Alguns mistérios ainda o aguardam nessa jornada que apenas começou.


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Profany
O Anjo da Morte
Em
CONTOS DE PROFANY


Por: Anderson Oliveira
Escrito originalmente em 2004

Capítulo Final: O Primeiro

A menina era Letícia Junqueira, filha do policial Luke. Os dois terão um papel importante nesse
primeiro estágio da missão de Profany. Mas isso o leitor verá com o tempo. É importante ressaltar agora que Letícia sentiu em seu coração que seu pai corria perigo. Era esse um aviso dos anjos que sempre é enviado àqueles de bom coração. Seu pai entrava no fogo cruzado entre traficantes numa boate em um lugar afastado daqui. Onde estava também meu amigo caído no chão, mas não por mais tempo:

— Argh... — Profany se levantou. — Noriel disse que eu não iria morrer... Mas não disse que isso doía tanto! — Assim se pós de pé e tentou localizar seu alvo, mas este escapara de sua vista. Então recorreu aos seus sentidos especiais podendo seguir o rastro de Nelsinho. Nesse instante chegavam os policiais:

— Todos quietos!! Aqui é polícia!! — intimou Luke apontando sua arma, seguido de Luiz e outros agentes. Tom e seus homens obedeceram e largaram as armas. Luke avistou Profany que entrava para os fundos... — Você aí!! Parado!! — Profany não lhe deu atenção.

Nelsinho levou Sandrinha para um depósito, onde resolveu se esconder. Fazendo a moça de refém ficou esperando o tiroteio parar, quando isso aconteceu, ouviu a voz de Luke e percebeu que era melhor para ele não sair ainda. Não demorou até ter pensamentos pecaminosos para com a mulher:

— Como o Tom consegue descolar uma gata gostosa como essa?! Mina, você é muito boa...!! — assim apalpava Sandrinha, ainda apontando uma arma na sua cabeça. A moça chorava e só não
gritava porque Nelsinho ameaçou apertar o gatilho se ela gritasse. — Vem gata, parece que vamos ter que ficar aqui por um bom tempo! Ainda bem que tranquei a porta... Tenho uma ideia pra poder passar o tempo... — Nelsinho a beijava, lambia seu colo e tentava tirar sua roupa. Ele estava prestes a violentá-la.

— Pare com isso. — disse Profany que saía das sombras.

— Hã? Você de novo?! Como chegou aqui?! A porta... Ei! Era pra você estar morto!!

— Quem morrerá aqui é você. — caminhou até Nelsinho.

— Fica aí magrelo!! Senão eu estouro os miolos dessa vaca! — o traficante se escondeu atrás de Sandrinha. Profany viu que não poderia fazer nada, já que não poderia arriscar a vida da mulher. Então recuou.

— Deixe-a ir.

— Nem... Essa piranha é meu passaporte pra fora daqui!! — nesse instante os policiais bateram na porta:

— Saia daí Nelsinho!! Sabemos que está aí!! — disse Luke enquanto seus parceiros levam Tom e seus homens presos... assim como o dono da boate. — Tom falou que você tem um refém... saia e iremos negociar...

— Saco!! Aquele corno do Tom me dedurou!

— Vamos arrombar a porta. — disse Luke aos seus amigos que logo põem a porta abaixo. Luke se deparou com Nelsinho tendo Sandrinha sob seu poder, e do outro lado do depósito Profany que se assustara com a intromissão da polícia. — Cuidem de Nelsinho... Eu quero ter uma palavra com esse aqui! — Luke se aproximou de Profany e Luiz e os outros cercaram Nelsinho. — E você? É da gangue de Nelsinho ou de Tom?

— Vocês estão me atrapalhando... Eu preciso--

— Cala a boca!! Coloque as mãos onde eu as possa ver!

— Não está entendendo... eu...

— Não se mova!! — nisso, Nelsinho com sua outra arma atingiu Luiz, tendo chance de escapar.
Isso fez Luke se distrair por um segundo, quando voltou seu olhar, não mais encontrou Profany. — Meu Deus!! O que foi isso?! Espere Luiz, vamos cuidar disso... e vocês, vão atrás de Nelsinho!! Mas era tarde, Nelsinho entrou em seu carro, lavando Sandrinha, e partiu em alta velocidade. Luiz foi atingido no peito e levado ao hospital, mas morreu na madrugada, recebendo a visita de Melod. Profany correu até onde pode, e cruzou o véu dos séculos de volta para o Plano Espiritual, onde encontrou refúgio, vindo a sair de lá no alto daquele edifico em construção, onde viu o amanhecer.


* * *


Os raios do sol apagaram quaisquer vestígios das trevas que caíram na última noite. Profany permaneceu no alto do prédio onde me aguardava. Logo fui ao seu encontro, mas ainda continuei a observar os outros atores destes contos. Vi Luke voltar para casa e ser recebido com um confortante abraço de sua filha. Vi Nelsinho chegar ao seu esconderijo onde trancafiou Sandrinha e executou seus desejos. Vi a família do policial Luiz chorar pela sua despedida. Mas narrarei isso depois, agora conversarei com meu amigo:

— Ele escapou Noriel... Eu falhei.

— Não falhou Profany. Tenha calma. Ele fugiu, mas continua vivo, quer dizer que poderá cumprir a missão a qualquer momento.

— Não entende... eu... poderia ter matado ele, mas... não consegui. Fui fraco!

— Não foi isso que você foi... você foi prudente. Não podia arriscar a vida da mulher, assim arriscaria toda a missão e seria condenado por isso. Agora se tranquilize e espere que outra oportunidade virá.

— Espero que tenha razão. — não pudia lhe dizer naquele momento, mas percebeu que eu tinha razão, meu amigo. Desse modo o deixei e volteio a observar aqueles que têm parte nesse conto:

— Papai! Que bom que está bem!! — disse a pequena Letícia no abraço carinhoso com seu pai.

— Nossa!! Minha filha, você nunca me recebeu desse jeito!

— É que... ontem eu senti... senti uma coisa estranha e... tive medo de te perder!

— Oh querida...! Seu pai está bem... Já não posso dizer o mesmo do meu amigo Luiz... que Deus o tenha... Onde está sua mãe?
— Tá no banho. O Thiago tá dormindo.

— Vou dar um beijo no seu irmão e dormir um pouco. — depois de um tempo, Luke pensou: —
Quem era aquela figura estranha...? O jeito que ele falava não me parecia um jeito de marginal... deve ser algum desses justiceiros malucos. Mas a forma como ele sumiu me assustou... Logo Luke adormeceu. Sua esposa, Maria, cuidou de preparar algo para ele comer, enquanto que Letícia saiu até a padaria. Paralelamente Profany partiu rumo a liquidar Nelsinho, para isso guio-se novamente pelo elo que estabeleceu com ele. Isso o levou de volta ao bairro onde mora Letícia e Luke. Era destino que os dois se encontrassem novamente. Assim se realizou quando a menina voltava e o avistou na mesma calçada a sua frente, vindo em sua direção:

— Ih... é aquele cara de ontem! Deve ser um desses góticos! Melhor eu nem olhar pra ele. — Mas algo aconteceu, e eu não sei bem o quê, pois não me foi permitido saber, mas Profany, ao passar ao lado de Letícia, sentiu uma presença que lhe era singular:

— Kate! — disse voltando-se esperançoso de reencontrar sua mulher amada, mas nada viu senão aquela criança. Letícia se virou e notou como Profany a olhou, e como a chamou:

— O quê que você disse?

— Desculpe... Não foi nada... — respondeu com a mão no rosto, deixando Letícia ver a chaga em seu pulso.

— Eu, hein! Você precisa procurar um médico! — disse e seguiu seu caminho. Profany também seguiu o seu.

Mas, por que sentiria Profany a presença de Kate? Alguns levantariam e gritariam em alta voz que Letícia é a reincarnação de Kate. Todavia posso dizer, com minha sabedoria transcendental, que isso não existe. É invenção da mente humana e viola totalmente a natureza da Criação. Ora se existisse reincarnação, não poderiam os mortos levantar-se para o Juízo Final e nem poderem gozar da total alegria de contemplar a Deus no Tabernáculo Celestial. Desculpe o leitor essas palavras que não incluem em nada ao nosso conto, mas deveriam ser faladas.

Seguiu Profany a caminhar pelas ruas. Não procurava nada, só esperava por alguma coisa, um sinal talvez. Porém a presença que lhe lembrou de Kate veio aos seus pensamentos e o fez parar. Olhou para trás e viu ao longe Letícia entrar na sua casa. Veio na sua cabeça a vontade de ir falar com a pequena, tentar descobrir porque sentiria nela a presença da amada. Mas temeu. Viu então aquela praçinha de ontem e sentou no banco, e lá ficou.

— Cheguei! — Letícia entrou em casa, sua mãe estava na cozinha e o pai caído na cama. — Oi mãe!

— Bom dia filha! Você trouxe o pão?

— Sim. E... aconteceu algo engraçado! Um cara estranho me chamou de Kátia... Keila... Queite... Sei lá...! — Letícia falava enquanto seu pai abriu os olhos e prestava atenção a sua história.

— E aonde foi isso, Letícia? — perguntou sua mãe.

— Aqui na rua, pouco depois da praça. E o mais estranho é que ontem eu vi o mesmo cara lá na praça...

— Como é esse homem?

— Um tipo bem diferente! Magro, alto, de preto, loiro e cabeludo... e tinha um pano no rosto... — Luke ouviu a discrição e logo soube de quem se tratava. Rapidamente se levantou:

— Letícia... tem certeza de que viu esse homem?!

— Pai? É... eu vi... e ele me chamou de...

— Onde ele está?!

— Não sei... já deve ter ido embora...

— Droga! — Luke correu para a rua e procurou por Profany. O viu sentado no banco da praça e correu até ele. — Ei você! Não se mova! — Profany o olhou e se recordou da noite passada, então se levantou. Letícia saiu e olhou a situação. — Não se mova!! O que está fazendo aqui na minha rua? O que falou pra minha filha?!

— Espere... sua filha? — Profany então vê Letícia logo vindo atrás de Luke. — Ah... aquela garota... Olha, eu não quis incomodar... — Luke o segura pela lapela do paletó.

— Primeiro você tava na presença de um criminoso procurado... fazendo não sei o quê... agora tá no meu bairro e tá perseguindo minha filha!! Eu vou te prender agora mesmo!

— Amigo... há um mal entendido... Eu... Se me soltar eu vou embora e nunca mais apareço por aqui...

— Não me venha com essa! — Luke não quis ouvir Profany e estava decido a levá-lo para a delegacia. Profany não queria arriscar sua missão e tentou não revidar. Letícia chegou e tentou interferir:

— Pai... larga ele! Ele não me incomodou... Deixa o cara em paz!

— Vai pra casa Letícia!

— Eu vou, mas só se o senhor largar ele e vier comigo. — Luke soltou Profany e se voltou pra Letícia, a segurou com violência pelo braço...

— Saco! Entra já pra casa!! — nisso Profany correu. Luke percebeu, mas era tarde pra alcançá-lo. — Viu o que você fez Letícia?! Deixou esse safado escapar!

— Para pai, tá me machucando! — Luke então soltou a filha. — Esse sujeito não me fez nada... só deve ter me confundido com alguém... só isso! Não é motivo pra prender ele!!

— É, mas ele estava ontem junto com um perigoso traficante... Isso sim é motivo pra prendê-lo! — Luke sentou no banco e pôs as mãos sobre a cabeça, Letícia voltou pra casa cabisbaixa.

* * *

Enquanto Profany vagava sem rumo esperando o momento de agir, e Luke e Letícia deixam seus espíritos se acalmarem, o tempo correu e chegamos à tarde do segundo dia de Profany na Terra. Iremos agora ver o que aconteceu com o perigoso Nelsinho durante esse tempo.

O traficante levou sua refém para seu esconderijo num outro bairro, onde a manteve sob seus desejos carnais. Após saciar sua luxuria, a amarrou sobre a cama e a amordaçou. Sandrinha foi constantemente espancada e humilhada enquanto Nelsinho esperava por seus capangas. Enfim chegam os homens, três apenas, com armas e celulares.

— E aí chefe, qual é a parada?

— A parada é que minha chapa tá quente! Ontem o Tom e sua turma mataram o Beto e os outros, a polícia chegou e levaram eles, mas também minha mercadoria e o dinheiro, agora estão atrás de mim. Por sorte eu tô com uma cachorra aí, ela é minha refém.

— Por que então chamou a gente? Aqui a polícia nunca vai chegar!

— Não é da polícia que eu tenho medo. Ontem apareceu um tipo estranho, deve de ser um desses justiceiros, sei lá. Mas ele está atrás de mim. E esse cara me assusta, depois de levar um monte de tiros ainda ficou de pé. Ele não é normal. — os capangas se olham e imaginaram que seu chefe estava louco.

— Fica tranquilo patrão. Por nós ele não passa.

Caíu à noite e Profany voltou ao alto do prédio em construção. Lá olhou através dos pulsos e viu a
presença de Nelsinho muito distante. Voltou-se e disse:

— Isso acaba hoje! — e se jogou. Mas não atingiu o chão, pois migrou para o Plano Espiritual aonde trilhou o caminho sem distâncias nem tempo até chegar ao barraco que Nelsinho se escondia. Profany se materializou do lado de fora. Arrombou a porta e entrou.

— Cacete! Que porra é essa?! — disse um dos capangas.

— É o tal justiceiro que o chefe falou! Fogo nele! — os três atiraram contra Profany, esse procurou se esconder. Em seguida avançou e lutou contra os homens, valendo de sua força. Ele só os deixou inconsciente no chão, pois não devia matá-los.

Ele pegou a arma de um deles. Uma nove milímetros preta. Lembrou-se das armas com que o Conde Williams participava dos torneios, e da vez em que empunhou uma delas. Procurou se recordar do manuseio dela.

Nisso, Nelsinho que dormia ao lado de sua refém, acordou com o barulho dos tiros e pegou sua
arma. Profany andou até o quarto e abriu a porta, vendo Sandrinha em trajes menores, amarrada na
cama. Nelsinho se escondeu atrás da porta. A refém ao ver Profany tentou gritar e se debater, seu olhar apontou para Nelsinho.

Antes que pudesse reagir, Profany foi lançado ao chão quando Nelsinho empurrou a porta, saindo
logo em seguida e apontando sua arma contra ele:

— Qual é a sua, cara?! Por que tá atrás de mim?!

— Preciso... preciso te matar!

— Hahahahahah!! Você não foi o primeiro a tentar!! Mas olha... é você que vai morrer! — ele atirou, a bala perfurou o peito de Profany que apagou. Mas em seguida, o ferimento se fechou e ele abriu os olhos. — Que coisa é você?! Você tem parte com o demônio?!

— Não. — Profany se levantou com um salto e se pôs de pé, encostando a arma na testa de Nelsinho.

— Não sou demônio... sou um anjo. — e atirou. Nelsinho foi jogado pra trás e caiu morto. Ao ver o que acabou de fazer, um misto de sentimentos tomaram conta do meu amigo. Remorso, satisfação, medo, orgulho... tudo isso se misturava em sua cabeça. Ele olhou o corpo de Nelsinho morto, e respirou fundo. Neste instante uma luz caiu sobre ele, era Melod que o vinha levá-lo para seu destino. Porém o anjo da morte dirigiu a palavra a Profany:

— Cumpriu a primeira parte de sua missão, Profaniel. Eu sou o anjo que conduz os espíritos dos mortos ao outro mundo. Este homem, por suas transgressões, será levado ao Fogo Eterno onde sofrerá eternamente. Agora sua ameaça já não paira sobre o mundo, graças a ti. Como recompensa... agora e a cada um que matar, sua mente se abrirá e irá receber suas lembranças, pouco a pouco, assim como sua sabedoria celestial. Que a paz esteja convosco. — e Melod se foi, levando a alma do morto.

Profany então notou que Sandrinha ainda estava amarrada. Ele decidiu ajudar. A mulher o olhou com medo, pois presenciara ele matar Nelsinho. Profany a desamarrou sem falar nada, pegou suas roupas e jogou sobre a cama. Pôs a arma no cinto e saiu. A mulher então ligou para a polícia. Minutos depois a polícia, inclusive Luke, chegou ao local, onde encontram os três capangas acordando, Sandrinha sentada numa cadeira e Nelsinho morto no chão do quarto. Luke olhou tudo e se aproximou da mulher e perguntou:

— Quem fez isso?

— Um anjo. — disse ela. — Um anjo de preto, loiro... magro...

— Ele de novo! — resmungou Luke que seguiu fazendo seu trabalho.


* * *


Encontrei Profany sentado na beira de uma viga do prédio em construção. Ele olhava a lua. Apareci
e o saudei, ele me olhou e disse:

— O primeiro já foi. Faltam cento e vinte e quatro!

— Agora irá perceber que será mais fácil executar sua missão, porém mais difícil.

— Como assim?

— Inimigos mais poderosos, mas cruéis e vis irão se suceder... cada um que surgirá será pior que o outro. Mas você também evoluirá a cada passo, será mais forte e mais inteligente...

— A mulher que apareceu para levar a alma dele me disse isso. Mas não notei mudança alguma.

— Notará... com o tempo.

— Espere, tenho uma pergunta: Por que senti a presença de Kate em uma garotinha?

— Não posso responder. Também busquei essa resposta e não encontrei. Isso te incomoda?

— Claro... é a primeira vez em mais de duzentos anos que posso senti-la novamente, mas não é ela, e sim uma criança. É claro que isso me incomoda.

— Se isso aconteceu, tenha a certeza que foi por um bom motivo. Agora descanse e se prepare para a próxima missão.

O deixei sozinho e fui observar a pequena Letícia. Ela escrevia em um diário decorado com desenhos de anjos. Em seu quarto, muitas revistas e livros sobre esoterismo, anjos e alguns objetos em forma de anjos. Sem dúvida, esta garota é alguém especial para a vida de meu amigo. Mas isso só iremos saber daqui pra frente.


* * *

CARTA DE ENCERRAMENTO

Caro leitor, esta foi a trajetória de Profaniel, um anjo que sentiu amor por uma mortal e caiu dos Céus para viver ao seu lado. Por um infortúnio do destino, ela morreu e ele se viu só e entristecido. Resolvendo então cometer a maior das heresias, rogando para ser um anjo novamente. Foi mandado para o inferno por duzentos e nove anos, sendo retirado para uma segunda chance. Foi julgado pelos nove príncipes da Milícia Celeste e lhe foi dada uma missão: matar cento e vinte e
cinco pessoas más, para que sua maldade não fira mais o mundo. Hoje cumpriu a primeira dessas
mortes.

Eu, Noriel, o trilhei pelos caminhos do meu amigo. Mas não o poderei fazê-lo mais. Daqui pra frente, Profany seguirá por caminhos pecaminosos e sombrios, onde um anjo não pode chegar. Seus
inimigos serão autores das maiores atrocidades e abominações. Caberá a outro a guiá-lo por esses
caminhos.

Alguém que não tem o espírito puro como eu, alguém que conhece o mundo e sabe traduzi-lo da melhor forma possível, pois nasceu do mundo. Alguém que, ainda assim, tem fé e não será tentado por essas forças negativas, mesmo andando lado a lado com elas, conhecendo seus pensamentos e seus motivos. Esse alguém só pode ser o autor desses contos. Aquele que precisei usar para, através de suas palavras, contar a vida de Profany.

Assim me despeço e deixo a tarefa de narrar a história com ele. Continuarei ao lado de Profany, ajudando-o, mas não poderei acompanhá-lo por caminhos tenebrosos. Foi bom estar com vocês nesse pouco tempo. Que a paz do Senhor Jesus Cristo esteja sempre convosco. Amém.

FIM

Nota do Anderson:
Lembrando que escrevi essa história na época que eu me considerava cristão!

A partir daqui, a série continuou sua ordem cronológica porém mudou de nome e de estética narrativa. Passou a ser chamada apenas de “Profany, o Anjo da Morte”, em vez de capítulos, veio Episódios e a a contagem voltou ao número um. Narrada em terceira pessoa num ritmo mais de acordo com um seriado de TV. Veja abaixo um preview do primeiro episódio:

Episódio 1: “Pecados – parte I”
Homens são feitos de sonhos e fé. Anjos são feitos somente de fé. Profany experimentou facetas desses dois mundos e hoje não é nem homem nem anjo. Contudo, tem sonhos, mas perdeu sua fé. Seu sonho é poder rever sua amada Kate, para isso precisa cumprir a missão que lhe foi oferecida para voltar ser um anjo. Ser um anjo não lhe interessa mais, só poder ver Kate lhe importa.

O deixaram em um lugar distante do qual ele conhecera no seu tempo de vida. A Londres que presenciou seu amor e sua ruína Profany não mais viu. Agora vaga em terras tupiniquins, o ponto de partida de sua jornada. Mas neste lugar tão afastado do berço que conheceu, Profany sentiu a presença da mulher que lhe fez renegar a imortalidade. Ele sentiu Kate na pessoa da menina Letícia. Tal situação tomou sua mente por toda a noite...

— Salve, amigo Profany. — Lhe diz Noriel, seu amigo que observou toda a sua triste história.

— Eu... eu já te fiz essa pergunta e você não soube responder... mas... farei de novo. Por que senti a presença de Kate naquela criança?

— Sinto, mas ainda não sei a resposta. Acalme-se e tente não pensar nisso... irá se sentir melhor. Eu temo que isto seja algum estratagema para te desviar da tua função.

— Quem poderia querer me desviar da minha missão? Quem, além de você sabe dela?

— Sua missão é vencer o mal, porém o mal não se deixará ser vencido facilmente. É notório que suas forças já tomaram conhecimento da real situação. Um anjo caído tirado do Inferno para receber uma segunda chance provoca louvor nos Céus e inveja e fúria nas Profundezas... Mas não pense nisso também. Descanse para seu próximo desafio. — Profany passa a noite no relento no alto do edifício em construção que adotou como base de vigilância.

O que Noriel disse é em parte verdade, o mal não será vencido sem antes tentar lutar. Já se isso tem a ver com Kate e Letícia, não é real. Mas nem todos os homens são feitos de sonhos e fé... Existem homens que não têm fé, e seus sonhos não têm ideal algum. Num lugar distante de onde Profany descansa, encontramos um desses homens.

É madrugada. Renato trabalha no computador enquanto sua esposa e suas duas filhas dormem, parece estar se escondendo. Está tenso e preocupado. Logo, fecha o programa em que está trabalhando e acessa a internet, em uma rede de relacionamentos procura por algo que o faça melhor, algo que ele possa usar para tirar um peso que o atormenta e o aprisiona. Lá, ele encontra um meio de extravasar esse seu lado obscuro[...]
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