A Batalha contra Tayagon é cada vez mais selvagem. Antares ainda tem um trunfo, mas será que ele terá chance de usá-lo?
Enquanto isso, na Terra, notícias de estranhos acontecimentos mostram que o planeta natal de Jonathan nunca mais será o mesmo.
Herança. Quinta parte. Evolução.
Por João Norberto da Silva.
- Consegue ver alguma coisa irmã?
- Nada além das explosões de energia Thar... Mas fique calma, pois isso é um bom sinal...
- Um bom sinal como?!!
- Enquanto estiverem assim é por que o Antares está vivo...
A jovem Svitariana franziu o cenho e se afastou, quase sem ser notada, apenas Kwisp pensou em acompanhá-la, pretendendo acalmá-la, mas logo sua atenção foi chamada por Ashira-Rey, que se agarrava ao seu braço, fazendo-o voltar seus olhos para a luta, que acontecia a alguns quilômetros dali.
- Olha! Parece que eles deram uma pausa.
Todos os expectadores do combate entre Antares e o Comandante Tayagon ficaram como que paralisados, aguardando que a espessa cortina de poeira se dissipasse, para que eles pudessem voltar suas habilidades e aparelhos na direção dos combatentes, procurando ver quem ainda estava de pé.
Para surpresa geral tanto um quanto o outro pareciam estar sem nenhum ferimento aparente.
- Confesso que estou surpreso... Você resistiu mais tempo do que eu esperava... Garoto...
- Já você... – “Eu também tô surpreso prá cacete!” Jonathan não pôde conter o pensamento, sendo logo acalmado por seu avô “Só não deixe ele perceber sua insegurança garoto... Agora tenho certeza de que podemos vencer.” – Foi uma decepção... Monstrengo...
Incentivado pelas palavras do avô, Jonathan havia se erguido, tentando parecer mais confiante, fazendo passar um brilho de ódio pelos olhos de seu inimigo.
- Não... Me chame... Assim... RRROOOAAAAARRRRR!!!!!!!!!!!!!
Tayagon se lançou ao ataque, no rosto uma máscara de raiva insana, que forçou seu oponente a cruzar os braços diante do corpo, concentrando suas forças num campo de força, que salvou sua vida, mas não impediu que ele fosse lançado contra a base de um morro próximo.
- Droga... Ele bateu bem mais forte vovô... O que eu posso fazer agora?
“Antes de mais nada concentre-se no seu campo de força, porque lá vem ele de novo!!!”
O Comandante Tayagon atacou novamente fazendo o morro vir abaixo, soterrando os dois combatentes.
Os rebeldes ficaram com a respiração em suspenso, suas esperanças podiam estar acabando naquele momento, sem saber que, muito longe dali, mais pessoal compartilhavam de sua preocupação para com o Antares, ou melhor, com Jonathan.
XXX
- Luiza? - Rodrigo batia novamente na porta do quarto da mãe de seu filho e mais uma vez não recebeu nenhuma resposta. - Vamos Luiza... Tenho certeza de que o garoto está bem... Meu pai está com ele... Acredite, isso faz muita diferença...
Sem receber nenhuma resposta, o hóspede resolveu passar na cozinha, pegar uma caneca de café e voltar para seu quarto, onde uma televisão permanecia ligada em um dos jornais matutinos, o que ajudava Rodrigo a se atualizar sobre o mundo para o qual retornara.
Na noite anterior, pouco depois da conversa que haviam tido com seu filho, ele aguardou Luiza ir deitar para voltar a se comunicar com o pai, pedindo ajuda em um projeto que ele resolvera criar.
O Projeto Lábaro.
Apesar de Rodrigo sempre repetir, para si mesmo, que não poderia chamar de projeto algo em que ele ainda estava trabalhando, ele agradecia a cada momento que podia ficar sozinho, se dedicando à criação de algo que, em sua opinião, poderia ajudar a Terra, ou pelo menos seu país.
Sua inspiração veio do noticiário que eles tinham visto, que colocara para funcionar engrenagens que realmente mudariam o mundo.
Em praticamente todos os veículos de notícias podia-se ver o presidente dos Estados Unidos usando uma frase, que ele mesmo reconhecera mais tarde, ter sido inspirada numa revista em quadrinhos.
“O Super-Homem existe e é americano”.
Os repórteres que haviam sido chamados para a coletiva ficaram alvoroçados, todos erguendo as mãos, querendo ser chamados para a primeira pergunta, mas a escolhida foi uma mulher, seu crachá indicava que ela era do New York Times.
- Bem... - Ela respirou fundo enquanto parecia estar ordenando seus pensamentos. - Acho que a primeira pergunta deveria ser: Onde está esse Super-Homem?
- Excelente pergunta, senhorita... - O presidente deixou a frase no ar, pois não conseguia ler direito o nome da mulher. – Hã...
- Shuster senhor... Loise Shuster...
- Como eu disse, excelente pergunta senhorita Shuster... Portanto sem mais delongas, peço que todos olhem para o telão atrás de mim.
As luzes se apagaram e então surgiu por detrás do presidente a imagem de um cenário que logo se mostrou como um deserto, onde dois tanques faziam manobras, indo na direção de um homem.
Ele era loiro, tinha cerca de dois metros e seus olhos brilhavam o suficiente para impedir que fosse possível identificá-lo. Ele vestia algo que se assemelhava muito a um dos típicos uniformes de heróis dos quadrinhos.
Uma capa vermelha caia pelos ombros, o uniforme era basicamente preto com detalhes azuis e vermelhos, um cinturão dourado se destacava do restante do uniforme e no centro desse uma letra P, também azul, dava pistas do nome do super-homem.
Não apenas os presentes, como todas as pessoas que acompanhavam a coletiva, transmitida para países do mundo inteiro, prenderam a respiração quando os tanques voltaram seus canhões na direção do homem, disparando várias vezes.
Quando o ataque parou, uma imensa nuvem de poeira permaneceu alguns instantes erguida no ar, mas logo algo pareceu sair da mesa numa velocidade absurda, sendo impossível de identificar o que poderia ser num primeiro momento.
Só foi possível ver um borrão azul e vermelho.
No instante seguinte os tanques pareceram começar a desmontar sozinhos, numa “chuva” de peças, até que apenas os soldados, que estavam dentro dos veículos, restassem sentados na areia.
O homem de uniforme então voltou a aparecer, agora segurando um dos canhões e jogando-o por cima de um de seus ombros, enquanto batia levemente uma mão na outra limpando-as.
Aos poucos, aumentando o assombro de quem acompanhava a exibição, o homem começou a flutuar, levantando voo e desaparecendo em meio às nuvens.
A imagem sumiu, as luzes mal se acenderam e os repórteres entraram em polvorosa, fazendo perguntas todos ao mesmo tempo.
- Mas quem é ele?!!
- De onde ele veio?!!
- Como ele se chama?!!
- Meu nome real é segredo, senhorita Shuster... - Uma voz grossa se fez ecoar pelo salão de conferência, fazendo todos olharem ao redor para descobrir de onde ela vinha. - Mas podem me chamar de Potentman.
- Ali! - Um fotógrafo estendeu a mão na direção das janelas.
- Se me deixarem entrar eu poderei responder a todas as suas perguntas... Mas agradeceria se me dessem um suco gelado... Desmontar tanques no Iraque me deu muita sede.
Desse modo o primeiro superser vindo a público fez sua estreia, inspirando assim a outros, cujas notícias iam aparecendo pouco a pouco. Um desses inspirados era Rodrigo, que desde sua volta não conseguia acreditar como a situação no mundo havia ficado tão ruim.
Ele desejou ainda ter os poderes do Antares para ajudar, mas sabia que não era possível.
Foi quando ele teve a ideia de fazer um pedido a seu pai, enquanto Jonathan dormia, conseguindo assim criar algo que eles haviam pensado, caso Rodrigo tivesse que se virar sem os poderes estelares.
Por mais preocupado que estivesse com seu filho, Rodrigo sabia que deveria executar seu plano naquele momento, ou talvez não tivesse coragem caso deixasse para depois.[1]
E foi o que ele fez.
Luiza permanecia trancada em seu quarto, deitada sobre a cama, rezando para que seu filho sobrevivesse, para que ela despertasse e descobrisse que tudo não passara de um sonho, para que tudo voltasse ao normal.
Um estranho som, como o dos foguetes dos filmes, chegou a ela, mas no estado em que se encontrava decidiu ignorar tudo até que recebesse notícias sobre Jonathan.
XXX
Já na órbita do planeta Svitar, Hrúcarë parou de súbito, sentindo em sua mente que essa era a vontade de seu mestre.
“Sei que não é seguro sequer pensar em questioná-lo senhor, mas porque devo ficar aqui parado?”
O vácuo espacial continuava silencioso, mas o vilão movia a cabeça como se ouvisse alguém falando consigo.
“Sim... Sim... Entendo... Realmente se ele não escapar dessa situação não valerá nossa atenção e teremos de aguardar novamente... Vossa sabedoria está realmente acima de tudo e de todos mestre.”
Novamente apenas Hrúcarë pôde “ouvir” as palavras que lhe eram enviadas direto para o cérebro e então ele simplesmente cruzou os braços, deixando que seu corpo ficasse ao sabor dos ventos cósmicos, mas em seu íntimo o vilão sentiu arder a febre pela carnificina e destruição total.
E seu sorriso pareceu crescer ainda mais.
XXX
- Anda, anda, anda...
- Thar? O que está fazendo?
- Yaree? Eu...
A jovem Svitariana vinha juntando tudo quanto era aparelho, que lhe era possível levantar, para poder criar algo que lhe ajudasse, quando foi surpreendida pela garotinha, cujo pai havia libertado o Antares para salvá-la.
- Eu não posso ficar aqui parada enquanto o coitado do Jon luta contra aquele monstro... - Enquanto falava, a garota pegava mais aparelhos, juntando-os de forma aparentemente desconexa. - Por isso, mesmo não tendo poderes como os da minha irmã, eu vou ajudá-lo.
- Vai ser com isso que você está fazendo? É como os brinquedos que você inventa prá gente?
- Isso... Deixa eu ver... É aqui mesmo que encaixa... Ficou pronto!
- Você gosta dele? É o seu amor eterno?
Thar-Tae foi pega de surpresa pela pergunta da menina, permanecendo paralisada até que um estrondo pôde ser ouvido ao longe, o que a fez despertar e começar a correr para fora da nave onde ela entrara escondida.
- Thar?
- Sim Yaree... Ele é o meu amor eterno.
Dizendo isso a garota saiu voando precariamente, graças a um tipo de mochila a jato, mostrando sua habilidade especial: A de reunir tecnologia aleatoriamente e construir o que quiser.
“Meu amor eterno...”
Com esse pensamento Thar-Tae se lembrou da conversa que teve certa vez com sua irmã, sobre um dos costumes dos Svitarianos.
O Compromisso Eterno.
“Mas como a gente sabe que é O compromisso?”
“Ora Thar... Eu não faço ideia... Sei tanto quanto você...”
“Espero que eu perceba fácil quando o meu aparecer...”
Lembrando da antiga conversa e do que havia sentido ao tocar o forasteiro, a jovem Svitariana tratou de se dirigir o mais rápido que pôde para o local do combate, evitando as forças rebeldes e assim sua irmã e seu pai.
Ainda na órbita de Svitar, Hrúcarë de repente descruzou os braços, voltando seus sentidos, uma vez que seus olhos permaneciam fechados, exatamente para o morro que havia soterrado Antares e o Comandante Tayagon.
Algo estava para acontecer.
- Vossa Majestade... – Um soldado novato, para a surpresa de seus companheiros, se atrevia a falar com Lady Quarin. – Os rebeldes estão em choque... Se atacarmos agora... AAARRRGGGHHH!!!!!!!!!!!
Uma das mãos da líder dos rebeldes, ainda exalando energia, voltava para dentro de seu manto. Logo depois a voz da líder dos invasores, ecoava através dos comunicadores de todos seus subordinados.
- Isso vale para qualquer outro que achar que deve falar sem que seja ordenado... – Uma pausa para que suas palavras tivessem o efeito desejado. – A batalha é entre o Comandante Tayagon e o campeão rebelde... A derrota deste irá colocar por terra toda a confiança desses vermes, o que facilitará nossa vitória esmagadora... Agora, que todos voltem suas atenções para o que está acontecendo...
Como que para ilustrar as palavras de Lady Quarin, os escombros do morro começaram a se agitar de forma estranha e, de repente, uma explosão de energia antecedeu um cometa de luz, que voou direto para o céu, parando apenas a alguns quilômetros de altura.
- Meu Deus... MeuDeus MeuDeus MeuDeus MeuDeus MeuDeus
“Acalme-se Jon!”
- Me acalmar? ME ACALMAR??!!! Aquele monstro derrubou uma montanha sobre mim e você me pede calma?!! Tá louco?!!!
“Já disse garoto! Você mesmo está se impedindo de usar todo o seu potencial... Faça como eu disse e se entregue aos poderes do Antares, ou vai acabar morrendo e... CUIDADO!!!!”
Graças ao aviso mental de seu avô, o rapaz conseguiu se desviar de uma enorme rajada escarlate que vinha direto na direção dele.
Mas era apenas a primeira de muitas outras.
Antares precisou de toda a sua habilidade para se desviar das rajadas que seguiram a primeira, escapando por pouco de quase todas.
Quase, infelizmente, não foi o bastante.
- AAARRRGGGHHH!!!!!!!!!!!!!!
Com as energias de seu inimigo ainda ao seu redor, Antares descreveu um arco descendente e, ao cair, acabou abrindo uma enorme cratera.
- Tô vivo?
Assim que se recuperou, o jovem terrestre se ergueu rapidamente e passou suas mãos pelo corpo inteiro, esperando ao menos algum ferimento, mas não encontrou nem um arranhão na armadura.
“E-eu ajudei...”
- Vô? Mas como? E você tá bem? Sua voz tá fraca...
“Acessei... O poder do Antares... O suficiente para te proteger... mas o esforço...”
Silêncio.
- Vovô? Vovô?!!
Antes que Antônio pudesse responder, uma sombra surgiu acima do Antares e este só escapou de ser esmagado por pouco, correndo para o lado, mas parou bruscamente ao sentir uma mão enorme segurá-lo pelo pescoço.
- Não vai fugir mais verme...
Tayagon girou o braço e destruiu uma árvore próxima acertando-a com as pernas de seu inimigo, antes de jogá-lo longe, fazendo surgir uma coluna de poeira em seu rastro. Em suas mãos pendia a trança que o jovem levara tanto tempo para deixar crescer.
Antares mal se ergueu, passando a mão onde estava sua trança, mas não pôde nem lamentar, pois logo precisou colocar os braços diante de seu corpo, criando um campo de força para se proteger do enorme punho que veio em sua direção.
O soco o fez cambalear alguns metros, acabando por ficar de costas para uma enorme rocha, mas novamente não conseguiu se recuperar, pois na sequencia o inimigo começava a disparar novas rajadas de energia, uma mais forte que a outra.
Antares não conseguia fazer mais nada, estava paralisado pelo medo de morrer, então ele apenas mantinha os braços cruzados diante do corpo, se concentrando no campo de força, de um modo que ele já não enxergava nada diante dele, isso quando ele arriscava abrir os olhos.
Aos poucos, no entanto, a pressão começou a diminuir, o que fez o jovem endireitar o corpo e até dar alguns passos à frente, até que o ataque foi interrompido.
Ainda desconfiado pelo repentino “cessar-fogo” de seu oponente, Antares desfez pouco a pouco seu campo de força, mas apenas o suficiente para ver o que havia diante dele.
Seus olhos se arregalaram ao ver o verdadeiro motivo que fez o Comandante Tayagon cessar seus ataques.
Em uma de suas mãos estava Thar-Tae, sendo erguida pelo pescoço, exatamente como ele havia sido há pouco.
- De-desculpa J-Jon...
- Bem... Acho que chegamos a uma decisão não é meu jovem? Se entregue e a garota será poupada... Continue a me enfrentar e... – Ele aplicou um pouco de pressão em um dos dedos e a expressão de dor da garota Svitariana, fez com que Antares fechasse rapidamente os olhos. – E então, o que vai ser?
Aos poucos uma lembrança retornou à mente do jovem terrestre.
“Por que você fez isso meu filho?”
“Por que largou da minha mão e se arriscou daquele jeito?”
“Prá proteger a menininha mamãe... Ela ia morrer... Eu não podia deixar não é?”
“Temos um pequeno herói aqui minha senhora...”
Um brilho começou a emanar do corpo de Jonathan, forçando até mesmo Tayagon a desviar o olhar, bem como a todos que observavam a luta.
Apenas Thar-Tae parecia não se afetada pela energia, que pouco a pouco pareceu envolvê-la, forçando a mão do vilão a abrir até soltá-la.
- Mas o que...
- Desculpe... Monstrengo... – A voz de Antares, antes assustada, agora ressoava com muito mais determinação. – Mas cometeu um grande erro ao ameaçar essa garota...
Com a energia que envolvia o corpo de Thar-Tae, Antares a tirou das mãos do Comandante Tayagon, para logo em seguida disparar uma rajada que fez o monstruoso inimigo voar vários metros longe.
Num segundo depois ele depositava gentilmente a garota nos braços de sua irmã, que mal conseguia reconhecer a forma energética à sua frente como sendo o mesmo Antares de antes, e logo o campeão rebelde estava outra vez diante de seu inimigo.
- Desculpe a decepção de agora à pouco... Finalmente despertei e posso te afirmar com certeza...
Tayagon tentou se levantar e foi atingido outra vez, sendo lançado para cima. Ainda no ar, Antares surgiu diante dele, o atingiu mais uma vez, jogando-o contra o chão, antes de parar sobre o peito do inimigo e terminar sua frase:
- Agora sim a luta vai começar.
Continua
[1] Aguarde os desdobramentos das ações de Rodrigo no futuro título do Lábaro.
Por João Norberto da Silva.
- Consegue ver alguma coisa irmã?
- Nada além das explosões de energia Thar... Mas fique calma, pois isso é um bom sinal...
- Um bom sinal como?!!
- Enquanto estiverem assim é por que o Antares está vivo...
A jovem Svitariana franziu o cenho e se afastou, quase sem ser notada, apenas Kwisp pensou em acompanhá-la, pretendendo acalmá-la, mas logo sua atenção foi chamada por Ashira-Rey, que se agarrava ao seu braço, fazendo-o voltar seus olhos para a luta, que acontecia a alguns quilômetros dali.
- Olha! Parece que eles deram uma pausa.
Todos os expectadores do combate entre Antares e o Comandante Tayagon ficaram como que paralisados, aguardando que a espessa cortina de poeira se dissipasse, para que eles pudessem voltar suas habilidades e aparelhos na direção dos combatentes, procurando ver quem ainda estava de pé.
Para surpresa geral tanto um quanto o outro pareciam estar sem nenhum ferimento aparente.
- Confesso que estou surpreso... Você resistiu mais tempo do que eu esperava... Garoto...
- Já você... – “Eu também tô surpreso prá cacete!” Jonathan não pôde conter o pensamento, sendo logo acalmado por seu avô “Só não deixe ele perceber sua insegurança garoto... Agora tenho certeza de que podemos vencer.” – Foi uma decepção... Monstrengo...
Incentivado pelas palavras do avô, Jonathan havia se erguido, tentando parecer mais confiante, fazendo passar um brilho de ódio pelos olhos de seu inimigo.
- Não... Me chame... Assim... RRROOOAAAAARRRRR!!!!!!!!!!!!!
Tayagon se lançou ao ataque, no rosto uma máscara de raiva insana, que forçou seu oponente a cruzar os braços diante do corpo, concentrando suas forças num campo de força, que salvou sua vida, mas não impediu que ele fosse lançado contra a base de um morro próximo.
- Droga... Ele bateu bem mais forte vovô... O que eu posso fazer agora?
“Antes de mais nada concentre-se no seu campo de força, porque lá vem ele de novo!!!”
O Comandante Tayagon atacou novamente fazendo o morro vir abaixo, soterrando os dois combatentes.
Os rebeldes ficaram com a respiração em suspenso, suas esperanças podiam estar acabando naquele momento, sem saber que, muito longe dali, mais pessoal compartilhavam de sua preocupação para com o Antares, ou melhor, com Jonathan.
XXX
- Luiza? - Rodrigo batia novamente na porta do quarto da mãe de seu filho e mais uma vez não recebeu nenhuma resposta. - Vamos Luiza... Tenho certeza de que o garoto está bem... Meu pai está com ele... Acredite, isso faz muita diferença...
Sem receber nenhuma resposta, o hóspede resolveu passar na cozinha, pegar uma caneca de café e voltar para seu quarto, onde uma televisão permanecia ligada em um dos jornais matutinos, o que ajudava Rodrigo a se atualizar sobre o mundo para o qual retornara.
Na noite anterior, pouco depois da conversa que haviam tido com seu filho, ele aguardou Luiza ir deitar para voltar a se comunicar com o pai, pedindo ajuda em um projeto que ele resolvera criar.
O Projeto Lábaro.
Apesar de Rodrigo sempre repetir, para si mesmo, que não poderia chamar de projeto algo em que ele ainda estava trabalhando, ele agradecia a cada momento que podia ficar sozinho, se dedicando à criação de algo que, em sua opinião, poderia ajudar a Terra, ou pelo menos seu país.
Sua inspiração veio do noticiário que eles tinham visto, que colocara para funcionar engrenagens que realmente mudariam o mundo.
Em praticamente todos os veículos de notícias podia-se ver o presidente dos Estados Unidos usando uma frase, que ele mesmo reconhecera mais tarde, ter sido inspirada numa revista em quadrinhos.
“O Super-Homem existe e é americano”.
Os repórteres que haviam sido chamados para a coletiva ficaram alvoroçados, todos erguendo as mãos, querendo ser chamados para a primeira pergunta, mas a escolhida foi uma mulher, seu crachá indicava que ela era do New York Times.
- Bem... - Ela respirou fundo enquanto parecia estar ordenando seus pensamentos. - Acho que a primeira pergunta deveria ser: Onde está esse Super-Homem?
- Excelente pergunta, senhorita... - O presidente deixou a frase no ar, pois não conseguia ler direito o nome da mulher. – Hã...
- Shuster senhor... Loise Shuster...
- Como eu disse, excelente pergunta senhorita Shuster... Portanto sem mais delongas, peço que todos olhem para o telão atrás de mim.
As luzes se apagaram e então surgiu por detrás do presidente a imagem de um cenário que logo se mostrou como um deserto, onde dois tanques faziam manobras, indo na direção de um homem.
Ele era loiro, tinha cerca de dois metros e seus olhos brilhavam o suficiente para impedir que fosse possível identificá-lo. Ele vestia algo que se assemelhava muito a um dos típicos uniformes de heróis dos quadrinhos.
Uma capa vermelha caia pelos ombros, o uniforme era basicamente preto com detalhes azuis e vermelhos, um cinturão dourado se destacava do restante do uniforme e no centro desse uma letra P, também azul, dava pistas do nome do super-homem.
Não apenas os presentes, como todas as pessoas que acompanhavam a coletiva, transmitida para países do mundo inteiro, prenderam a respiração quando os tanques voltaram seus canhões na direção do homem, disparando várias vezes.
Quando o ataque parou, uma imensa nuvem de poeira permaneceu alguns instantes erguida no ar, mas logo algo pareceu sair da mesa numa velocidade absurda, sendo impossível de identificar o que poderia ser num primeiro momento.
Só foi possível ver um borrão azul e vermelho.
No instante seguinte os tanques pareceram começar a desmontar sozinhos, numa “chuva” de peças, até que apenas os soldados, que estavam dentro dos veículos, restassem sentados na areia.
O homem de uniforme então voltou a aparecer, agora segurando um dos canhões e jogando-o por cima de um de seus ombros, enquanto batia levemente uma mão na outra limpando-as.
Aos poucos, aumentando o assombro de quem acompanhava a exibição, o homem começou a flutuar, levantando voo e desaparecendo em meio às nuvens.
A imagem sumiu, as luzes mal se acenderam e os repórteres entraram em polvorosa, fazendo perguntas todos ao mesmo tempo.
- Mas quem é ele?!!
- De onde ele veio?!!
- Como ele se chama?!!
- Meu nome real é segredo, senhorita Shuster... - Uma voz grossa se fez ecoar pelo salão de conferência, fazendo todos olharem ao redor para descobrir de onde ela vinha. - Mas podem me chamar de Potentman.
- Ali! - Um fotógrafo estendeu a mão na direção das janelas.
- Se me deixarem entrar eu poderei responder a todas as suas perguntas... Mas agradeceria se me dessem um suco gelado... Desmontar tanques no Iraque me deu muita sede.
Desse modo o primeiro superser vindo a público fez sua estreia, inspirando assim a outros, cujas notícias iam aparecendo pouco a pouco. Um desses inspirados era Rodrigo, que desde sua volta não conseguia acreditar como a situação no mundo havia ficado tão ruim.
Ele desejou ainda ter os poderes do Antares para ajudar, mas sabia que não era possível.
Foi quando ele teve a ideia de fazer um pedido a seu pai, enquanto Jonathan dormia, conseguindo assim criar algo que eles haviam pensado, caso Rodrigo tivesse que se virar sem os poderes estelares.
Por mais preocupado que estivesse com seu filho, Rodrigo sabia que deveria executar seu plano naquele momento, ou talvez não tivesse coragem caso deixasse para depois.[1]
E foi o que ele fez.
Luiza permanecia trancada em seu quarto, deitada sobre a cama, rezando para que seu filho sobrevivesse, para que ela despertasse e descobrisse que tudo não passara de um sonho, para que tudo voltasse ao normal.
Um estranho som, como o dos foguetes dos filmes, chegou a ela, mas no estado em que se encontrava decidiu ignorar tudo até que recebesse notícias sobre Jonathan.
XXX
Já na órbita do planeta Svitar, Hrúcarë parou de súbito, sentindo em sua mente que essa era a vontade de seu mestre.
“Sei que não é seguro sequer pensar em questioná-lo senhor, mas porque devo ficar aqui parado?”
O vácuo espacial continuava silencioso, mas o vilão movia a cabeça como se ouvisse alguém falando consigo.
“Sim... Sim... Entendo... Realmente se ele não escapar dessa situação não valerá nossa atenção e teremos de aguardar novamente... Vossa sabedoria está realmente acima de tudo e de todos mestre.”
Novamente apenas Hrúcarë pôde “ouvir” as palavras que lhe eram enviadas direto para o cérebro e então ele simplesmente cruzou os braços, deixando que seu corpo ficasse ao sabor dos ventos cósmicos, mas em seu íntimo o vilão sentiu arder a febre pela carnificina e destruição total.
E seu sorriso pareceu crescer ainda mais.
XXX
- Anda, anda, anda...
- Thar? O que está fazendo?
- Yaree? Eu...
A jovem Svitariana vinha juntando tudo quanto era aparelho, que lhe era possível levantar, para poder criar algo que lhe ajudasse, quando foi surpreendida pela garotinha, cujo pai havia libertado o Antares para salvá-la.
- Eu não posso ficar aqui parada enquanto o coitado do Jon luta contra aquele monstro... - Enquanto falava, a garota pegava mais aparelhos, juntando-os de forma aparentemente desconexa. - Por isso, mesmo não tendo poderes como os da minha irmã, eu vou ajudá-lo.
- Vai ser com isso que você está fazendo? É como os brinquedos que você inventa prá gente?
- Isso... Deixa eu ver... É aqui mesmo que encaixa... Ficou pronto!
- Você gosta dele? É o seu amor eterno?
Thar-Tae foi pega de surpresa pela pergunta da menina, permanecendo paralisada até que um estrondo pôde ser ouvido ao longe, o que a fez despertar e começar a correr para fora da nave onde ela entrara escondida.
- Thar?
- Sim Yaree... Ele é o meu amor eterno.
Dizendo isso a garota saiu voando precariamente, graças a um tipo de mochila a jato, mostrando sua habilidade especial: A de reunir tecnologia aleatoriamente e construir o que quiser.
“Meu amor eterno...”
Com esse pensamento Thar-Tae se lembrou da conversa que teve certa vez com sua irmã, sobre um dos costumes dos Svitarianos.
O Compromisso Eterno.
“Mas como a gente sabe que é O compromisso?”
“Ora Thar... Eu não faço ideia... Sei tanto quanto você...”
“Espero que eu perceba fácil quando o meu aparecer...”
Lembrando da antiga conversa e do que havia sentido ao tocar o forasteiro, a jovem Svitariana tratou de se dirigir o mais rápido que pôde para o local do combate, evitando as forças rebeldes e assim sua irmã e seu pai.
Ainda na órbita de Svitar, Hrúcarë de repente descruzou os braços, voltando seus sentidos, uma vez que seus olhos permaneciam fechados, exatamente para o morro que havia soterrado Antares e o Comandante Tayagon.
Algo estava para acontecer.
- Vossa Majestade... – Um soldado novato, para a surpresa de seus companheiros, se atrevia a falar com Lady Quarin. – Os rebeldes estão em choque... Se atacarmos agora... AAARRRGGGHHH!!!!!!!!!!!
Uma das mãos da líder dos rebeldes, ainda exalando energia, voltava para dentro de seu manto. Logo depois a voz da líder dos invasores, ecoava através dos comunicadores de todos seus subordinados.
- Isso vale para qualquer outro que achar que deve falar sem que seja ordenado... – Uma pausa para que suas palavras tivessem o efeito desejado. – A batalha é entre o Comandante Tayagon e o campeão rebelde... A derrota deste irá colocar por terra toda a confiança desses vermes, o que facilitará nossa vitória esmagadora... Agora, que todos voltem suas atenções para o que está acontecendo...
Como que para ilustrar as palavras de Lady Quarin, os escombros do morro começaram a se agitar de forma estranha e, de repente, uma explosão de energia antecedeu um cometa de luz, que voou direto para o céu, parando apenas a alguns quilômetros de altura.
- Meu Deus... MeuDeus MeuDeus MeuDeus MeuDeus MeuDeus
“Acalme-se Jon!”
- Me acalmar? ME ACALMAR??!!! Aquele monstro derrubou uma montanha sobre mim e você me pede calma?!! Tá louco?!!!
“Já disse garoto! Você mesmo está se impedindo de usar todo o seu potencial... Faça como eu disse e se entregue aos poderes do Antares, ou vai acabar morrendo e... CUIDADO!!!!”
Graças ao aviso mental de seu avô, o rapaz conseguiu se desviar de uma enorme rajada escarlate que vinha direto na direção dele.
Mas era apenas a primeira de muitas outras.
Antares precisou de toda a sua habilidade para se desviar das rajadas que seguiram a primeira, escapando por pouco de quase todas.
Quase, infelizmente, não foi o bastante.
- AAARRRGGGHHH!!!!!!!!!!!!!!
Com as energias de seu inimigo ainda ao seu redor, Antares descreveu um arco descendente e, ao cair, acabou abrindo uma enorme cratera.
- Tô vivo?
Assim que se recuperou, o jovem terrestre se ergueu rapidamente e passou suas mãos pelo corpo inteiro, esperando ao menos algum ferimento, mas não encontrou nem um arranhão na armadura.
“E-eu ajudei...”
- Vô? Mas como? E você tá bem? Sua voz tá fraca...
“Acessei... O poder do Antares... O suficiente para te proteger... mas o esforço...”
Silêncio.
- Vovô? Vovô?!!
Antes que Antônio pudesse responder, uma sombra surgiu acima do Antares e este só escapou de ser esmagado por pouco, correndo para o lado, mas parou bruscamente ao sentir uma mão enorme segurá-lo pelo pescoço.
- Não vai fugir mais verme...
Tayagon girou o braço e destruiu uma árvore próxima acertando-a com as pernas de seu inimigo, antes de jogá-lo longe, fazendo surgir uma coluna de poeira em seu rastro. Em suas mãos pendia a trança que o jovem levara tanto tempo para deixar crescer.
Antares mal se ergueu, passando a mão onde estava sua trança, mas não pôde nem lamentar, pois logo precisou colocar os braços diante de seu corpo, criando um campo de força para se proteger do enorme punho que veio em sua direção.
O soco o fez cambalear alguns metros, acabando por ficar de costas para uma enorme rocha, mas novamente não conseguiu se recuperar, pois na sequencia o inimigo começava a disparar novas rajadas de energia, uma mais forte que a outra.
Antares não conseguia fazer mais nada, estava paralisado pelo medo de morrer, então ele apenas mantinha os braços cruzados diante do corpo, se concentrando no campo de força, de um modo que ele já não enxergava nada diante dele, isso quando ele arriscava abrir os olhos.
Aos poucos, no entanto, a pressão começou a diminuir, o que fez o jovem endireitar o corpo e até dar alguns passos à frente, até que o ataque foi interrompido.
Ainda desconfiado pelo repentino “cessar-fogo” de seu oponente, Antares desfez pouco a pouco seu campo de força, mas apenas o suficiente para ver o que havia diante dele.
Seus olhos se arregalaram ao ver o verdadeiro motivo que fez o Comandante Tayagon cessar seus ataques.
Em uma de suas mãos estava Thar-Tae, sendo erguida pelo pescoço, exatamente como ele havia sido há pouco.
- De-desculpa J-Jon...
- Bem... Acho que chegamos a uma decisão não é meu jovem? Se entregue e a garota será poupada... Continue a me enfrentar e... – Ele aplicou um pouco de pressão em um dos dedos e a expressão de dor da garota Svitariana, fez com que Antares fechasse rapidamente os olhos. – E então, o que vai ser?
Aos poucos uma lembrança retornou à mente do jovem terrestre.
“Por que você fez isso meu filho?”
“Por que largou da minha mão e se arriscou daquele jeito?”
“Prá proteger a menininha mamãe... Ela ia morrer... Eu não podia deixar não é?”
“Temos um pequeno herói aqui minha senhora...”
Um brilho começou a emanar do corpo de Jonathan, forçando até mesmo Tayagon a desviar o olhar, bem como a todos que observavam a luta.
Apenas Thar-Tae parecia não se afetada pela energia, que pouco a pouco pareceu envolvê-la, forçando a mão do vilão a abrir até soltá-la.
- Mas o que...
- Desculpe... Monstrengo... – A voz de Antares, antes assustada, agora ressoava com muito mais determinação. – Mas cometeu um grande erro ao ameaçar essa garota...
Com a energia que envolvia o corpo de Thar-Tae, Antares a tirou das mãos do Comandante Tayagon, para logo em seguida disparar uma rajada que fez o monstruoso inimigo voar vários metros longe.
Num segundo depois ele depositava gentilmente a garota nos braços de sua irmã, que mal conseguia reconhecer a forma energética à sua frente como sendo o mesmo Antares de antes, e logo o campeão rebelde estava outra vez diante de seu inimigo.
- Desculpe a decepção de agora à pouco... Finalmente despertei e posso te afirmar com certeza...
Tayagon tentou se levantar e foi atingido outra vez, sendo lançado para cima. Ainda no ar, Antares surgiu diante dele, o atingiu mais uma vez, jogando-o contra o chão, antes de parar sobre o peito do inimigo e terminar sua frase:
- Agora sim a luta vai começar.
Continua
[1] Aguarde os desdobramentos das ações de Rodrigo no futuro título do Lábaro.
Postar um comentário