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Ultimate UNF: Hera Venenosa #1


Conheça a verdadeira história que transformou uma simples bióloga na fatal e sexy Hera Venenosa! Edição especial de estreia! [Conteúdo adulto]

Hera Venenosa #1
À Flor da Pele

Por Pedro Caldeira


Seattle, anos atrás

- Estou grávida.
- Grávida?

O que era para ser um simples jantar tornou-se um inferno.

- De quem é?
- Como ousa?

Uma caneca com café preto voa sobre a mesa, chocando-se contra a parede.

- Desde quando?
- Descobri hoje.
- Quanto tempo?
- Um mês... talvez.

Um homem e a ira não são uma combinação atraente. Muito menos, a consequência é.

- Você vai tirar.
- Nunca.
- Ou você tira... ou eu o arranco de dentro de você.

O homem ensandecido, por ser pego de surpresa, perde todos os limites. Seja da razão, seja da emoção.

- Não me venha com discursos religiosos.
- Não se trata de religião. Se trata de uma vida!
- Não quero papo acadêmico.
- Não quero acabar com o meu corpo, nem ser acusada de assassina por causa de um capricho seu!

Até o respeito se esvai, como as areias na ampulheta do tempo.

- Por que não se preveniu?
- Como pensar em precaução quando sou praticamente estuprada todas as noites?

Agressões físicas se tornam mais comuns. E cada vez menos se cria coragem para uma denúncia às autoridades. Ou para uma fuga.

- Você sempre soube que eu nunca quis ter filhos!
- Não vou pedir desculpas!
- Então saia da minha casa, sua puta!

Então, o inevitável. Um soco no queixo. Seguido por uma cotovelada na testa. Uma joelhada no abdome. Um corpo estrado no chão da cozinha, melado com café, e com a boca ensanguentada.

De repente tudo se torna escuro.

E no dia seguinte é como se nada tivesse acontecido.

Menos o fato de essa mulher estar internada em um hospital e, ao seu lado, sentado, tranquilo, seu agressor.

As rosas amarelas dão colorido ao quarto branco, sem vida, mas seu odor não afasta o éter que queima as narinas.

- O que houve?

É a única pergunta propícia para a vítima.

- Você caiu, meu amor.
- Como... como está... o nosso filho?

Os segundos de silêncio são interrompidos por outra voz feminina, marcada por um pigarro incessante.

- Devia ter sido mais cuidadosa. Uma mulher no seu estado... grávida... não pode ficar perambulando por aí.

A sogra torna-se conivente com o marido?

- Felizmente nada aconteceu com meu neto.
- Que notícia boa! Agora estou aliviado, minha mãe.
- Conversei com o Dr. Klein sobre o estado de saúde dos dois.
- Não sei o que seria de mim com uma perda dessa proporção.

Falso. Mentiroso.

Uma outra voz masculina ecoa pelo quarto. Dr. Klein e uma policial.

- As lesões sofridas por ela foram graves. Recomendo descanso, especialmente nos primeiros quatro meses. Sem esforço físico – isso se aplica a ato sexual – sem trabalho pesado. Esta policial vai acompanhar todo o período da gestação de risco. Espero que nada aconteça, não é? Não seria agradável um registro de aborto proposital e o óbito da mãe.

Sim, existem pessoas boas. Que lutam pela vida. Que protegem.

Dias depois, o retorno para casa. A sensação do pavor e de insegurança. Agressões ocorreram em cada cômodo, desde que houve uma união estável.

Nem o sonho do casamento foi realizado. Isso inclui festas, lua-de-mel...

Mas o sonho de ser mãe não seria roubado como tantos outros.

Nas semanas seguintes, finalmente havia paz de espírito. A barriga já revelava a criança e os mais idosos afirmavam, pelo formato, que seria uma menina.

A policial e a sogra coincidentemente alternavam os dias em que visitavam a mãe, que agora parecia mais corada, confiante.

Pelo menos durante o dia.

À noite, o marido chegava e o hálito de álcool denunciava que ele estava bêbado.

Provavelmente esteve em algum brega de beira de estrada.

Ele sempre ia até o quarto, mas ela rapidamente fingia estar dormindo. Contra a luz ela o via e tremia. Ele, sem equilíbrio, tirava o cinto. O barulho da fivela fazia com que o queixo dela tremesse. Mas ele deixava as calças caírem aos pés e saía.

Era assim todas as noites.

Aproveitando a luz e o calor do dia, ela pôs-se a se movimentar, pondo em prática coisas que aprendeu na universidade ou em campanhas contra a destruição da natureza.

Uma horta simples, um jardim cheiroso e colorido. Muitas conversas com as flores e com a criança.

Essa é a violeta!

Parecia que estava tudo se normalizando.

Até aquela fatídica noite. Diferente de tantas outras suaves, daquele oitavo mês de gravidez.

Deitada no sofá, alisando a grande barriga, ela via um programa qualquer na televisão.

A chave do lado de fora teimava em entrar na fechadura.

Era ele.

Seu coração acelerou.

A porta se abriu.

Segurando duas garrafas de uísque – uma cheia e outra já vazia – ele repetiu o ritual: tirou o cinto e deixou as calças caírem até os pés.

- Eu não aguento mais comer aquelas vagabundas!

E avançou sobre a mulher que vestia apenas uma camisola de seda, verde.

- O que está fazendo? Você sabe que eu não posso...!
- Fique quieta! Eu vou transar com você hoje de qualquer jeito.

Os “não” e os “pare” eram abafados por tapas na cara e tentativas de estrangulamento.

A cueca já estava longe. A mulher foi forçada a ficar de bruços, mesmo se debatendo, sentindo nojo daquele que ela amava, enquanto ele o penetrava enlouquecidamente.

As lágrimas eram acompanhadas por orações e pelo anseio daquilo terminar o mais rápido possível.

Não conseguiu gritar.

Esperou até que ele chegasse ao clímax.

Se levantou, deu um tapa na bunda dela e vestiu a cueca para, em seguida, beber o uísque pelo gargalo.

Caída do sofá, ela tentava respirar.

Sentiu dores, contrações.

Olhou para o carpete e viu que ele estava encharcado.

A bolsa havia sido rompida.

Com muita dificuldade pegou o telefone e ligou para a emergência.

A ambulância logo chegou.

Em minutos estava no hospital. Mas no caminho foi questionada sobre estar sozinha e com marcas vermelhas sobre a pele.

Por causa da profissão e da experiência, logo apresentou uma desculpa.

Menos de uma hora depois, a menina nasceu.

Uma linda menina.

Ninguém da família esteve presente.

O pai roncava em casa, bêbado. A sogra nem fora lembrada.

Ela pôde sentir a filha nos braços antes de ela ter sido levada para a UTI.

A mãe agora estava aliviada, confiante, segura. Tinha mais forças para enfrentar o inferno.

No dia seguinte, as visitas, os charutos, as flores e os balões. E as cobranças do tipo: “por que não me acordou?”

Quando a avó foi admirar a neta, a mãe e o pai ficaram a sós no quarto.

- Eu não te denunciei por não querer que nossa filha cresça sem pai. Eu, Deus, a vida, estamos te dando uma outra oportunidade.

Agora, a vergonha.

- Se você fizer qualquer coisa contra mim ou contra nossa filha, eu juro, eu mato você.

O arrependimento.

- Pamela é a coisa mais preciosa que tenho. Não queira arrancá-la de mim.

A falta de palavras. De justificativa. Do pedido de perdão.

- Tome.

Ele entrega uma foto dos dois, despidos, no meio de uma selva, sorridentes, numa temporada que passaram agindo contra o desmatamento em Costa Rica.

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+ comentários + 2 comentários

25 de junho de 2010 às 00:40

Ufa... cara... que texto fantástico... fiquei aqui tenso pra caramba... parabens, Caldeira... ficou ótimo essa primeira parte!

26 de junho de 2010 às 14:13

valeu mesmo! agora se prepare pros outros 6, mhwhahaha!

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