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Antares #1



No aniversário de 21 anos, Jonathan esperava algumas surpresas, mas não a maior delas: Seu pai, que ele não conhecia, volta para o planeta Terra e o jovem é forçado a ir embora do planeta, portando agora os poderes e o nome de Antares!



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Herança. Primeira parte.
Por João Norberto da Silva.

São Paulo, uma noite estrelada do mês de Outubro de 2009.

- Tem certeza disso Jon?

- Claro Andressa... A mamãe vai te amar...

- Sei não... Eu andei ouvindo umas histórias sobre como a sua mãe costuma tratar as suas namoradas...

- Hahahaha... Mas algumas ela tava certa vai... E olha o lado bom... Se não fosse por ela ter espantado algumas das minhas namoradas, a gente não teria se conhecido...

O rapaz deu um beijo em sua namorada, procurando acalmá-la e passar a tranquilidade que ele mesmo não tinha. Sua mãe realmente parecia determinada a não permitir que o filho arranjasse uma namorada, implicando com as mesmas por motivos cada vez mais fúteis.

“Mas agora vai ser diferente!” Foi o que Jonathan pensava, enquanto abraçava com mais força sua atual namorada, sendo despertado daquele momento pelo som do elevador, que indicava que finalmente estavam do andar em que a mãe dele morava.

Eles entraram no corredor e pararam diante da porta com o número 82.

-Tem certeza disso Jon?

- Já disse gatinha... A mamãe vai estar mais receptiva... Hoje é meu aniversário e ela com certeza preparou uma festa “surpresa” como sempre... Não vai dar nenhum escândalo... Pode ficar tranquila... Agora, vamos respirar fundo e bater na porta tá?

Assim eles fizeram e logo a senhora Luiza Salles, abria a porta com um imenso sorriso no rosto, recepcionando seu filho e gritando:

- Surpresa!!! Feliz aniversário meu querido!!!! - Assim que ela constatou que ele não estava sozinho, o sorriso se desfez numa pergunta gelada. - Ah... E quem é você?

- Hã... Meu nome é Andressa senhora Salles... Muito prazer...

Um incômodo instante de silêncio se fez, enquanto Andressa permanecia parada com a mão estendida para o vazio.

- Mamãe...

- Ah, bem... - Luiza parecia despertar de um transe e segurou a mão que lhe era estendida, para logo abraçar seu filho, fazendo de conta que ele estava sozinho ali. - Feliz Aniversário meu lindo!!! - Depois de muitos beijos e abraços ela sussurrou no ouvido do rapaz. - Depois nós conversamos.

Luiza conseguira reunir a maior parte dos amigos de seu filho, bem como os tios, alguns primos e até a sobrinha recém-nascida, todos se divertindo muito, mas ela mesmo parecia ter perdido o ânimo de antes.

- Mãe... - Jonathan a encontrou na cozinha, passando, demoradamente e sem ânimo, patês em pequenas bolachas. - Puxa... Isso não é justo... Você nem deu uma chance prá Andressa... Por que sempre tem que ser assim...

- Você não entenderia... A quanto tempo está saindo com essa moça?

- A pouco tempo... Só umas semanas...

- Espero que esteja usando camisinha pelo menos...

- Mãe!

- Tá certo... Tá certo... - Para cortar a conversa, Luiza pegou uma bandeja cheia de bolachas com patê, ofereceu ao filho e depois deste ter recusado, ela se encaminhou para a sala. - Vou atender aos convidados...

Jonathan não conseguia entender o que acontecia com a mãe sempre que ele arranjava uma namorada. Em todos os outros momentos ela era carinhosa, preocupada, apoiava os planos dele, enfim, era tudo o que as mães de seus colegas muitas vezes não eram, mas bastava ele aparecer com uma namorada que dona Luiza mudava completamente.

E sempre vinha à tona a preocupação com o fato do filho estar fazendo ou não sexo seguro.

Foram vários os namoros encerrados, em grande parte, pelo modo como ela tratava as garotas, agindo totalmente ao oposto do que era normalmente. Se uma garota entrasse em casa apenas como amiga, dona Luiza as tratava com frieza, até ter certeza de que queriam apenas a amizade de seu filho, o que resultava numa grande mudança no comportamento dela.

Agora as que se apresentavam como namoradas...

- Oi Caio, tudo bem? Você viu a Andressa?

- Opa! Não vi não Jon! Acho que ela tava agora mesmo perto da porta de entrada...

Deixando o amigo a conversar com uma bela mulata, que Jonathan nem lembrava de conhecer, o rapaz logo saiu do apartamento, encontrando sua namorada sentada num dos degraus das escadas que levavam para o andar de cima.

- Oi moça... - Ele sentou ao lado dela, percebendo que ela limpava os olhos com as costas das mãos, tentando disfarçar o choro. - Ei... Não fica assim...

- Ela não gostou de mim Jon... Deu prá ver nos olhos dela que ela já me detestou de cara... Ai... O que eu vou fazer agora?

- Nossa... Calma Andressa... - Ele se levantou e esticou a mão na direção dela. - Vem comigo, vou te mostrar algo que sempre me ajudava, quando eu ainda morava com a minha mãe e me sentia triste.

Enquanto o casal começava a subir os degraus, não perceberam que alguém os seguia.

- Nossa! É demais mesmo!

- Eu te falei...

Jonathan estava atrás de sua namorada, abraçando-a com força o suficiente para que a mesma não sentisse frio, por causa do vento noturno que soprava mais forte no alto do prédio, ela acariciava a longa trança que o rapaz havia feito com seu cabelo. Andressa adorava fazer aquilo para se acalmar.

Ambos estava praticamente hipnotizados pela vista espetacular das estrelas, numa das raras ocasiões em que a poluição da cidade permitia um vislumbre de um céu quase limpo.

Sem que percebessem, a pessoa que os seguia abriu a porta que dava para o topo do prédio, pretendendo ficar nas sombras, sem ter certeza do que deveria fazer a seguir.

- Ei.. Olha só as horas! - O rapaz tirava seu celular do bolso e mostrava para a namorada. - Faltam alguns segundos para a hora exata do meu nascimento... Que tal uma contagem regressiva?

- Certo. Vamos lá.

“Oito!”. Sem que o casal percebesse, uma das estrelas parecia aumentar de brilho.

“Sete!”. A pessoa que se mantinha escondida acabou por ver o brilho e em desespero começou a sair de seu esconderijo.

“Seis!”. Andressa se virou fitando o namorado nos olhos e decidindo que chegara a hora de lhe contar o segredo que ela trazia a algum tempo.

“Cinco!”. O casal trocou um carinhoso beijo, ambos fechando os olhos e não percebendo a luz que parecia chegar cada vez mais perto deles.

“Quatro!”. Aos poucos os gritos de dona Luíza, que havia decidido seguir o casal, pareciam chegar aos ouvidos deles.

“Três!”. Ignorando o que achavam ser um ataque histérico, os dois continuaram se beijando, começando lentamente a se afastar. A luz estava ainda mais próxima.

“Dois!”. Andressa se aproximou do ouvido do rapaz, sussurrando seu segredo, o que fez com que Jonathan abrisse os olhos, percebendo finalmente o que parecia um cometa vindo na direção deles.

“Um!”. Tirando a namorada da trajetória da Luz, o rapaz se jogou contra a mesma, sendo atingido em cheio.

- NNNNNÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!!

Os gritos desesperados em uníssono de sua mãe e namorada foram a última coisa que Jonathan registrou antes de perder os sentidos.

XXX

Ele estava voando pelas profundezas do espaço.

Era o sonho que o rapaz vinha tendo nas últimas semanas, sempre envolvido em uma luz dourada e voando pelos anéis de Saturno, por entre nuvens de meteoros, mergulhando em sóis e saindo ileso do outro lado.

De repente ele acordava e se descobria caído no chão do quarto.

Conforme sentia que o sonho dava lugar à realidade e sua consciência ia voltando, ele tentava se lembrar do que acontecera antes de dormir. A festa de sua mãe, o modo como ela havia tratado sua namorada, a ida até o terraço do prédio, a revelação que Andressa lhe fizera.

Foi nesse ponto, enquanto ele remoía o que ela lhe sussurrara, que ele percebeu no corpo a sensação do sonho, de estar voando e imaginou por que ainda não tinha acordado.

Quando finalmente abriu os olhos, Jonathan começou a levar as mãos até seu rosto, pretendendo esfregar os olhos.

Ao perceber que estranhas luvas de aspecto metálico estavam encobrindo quase que inteiramente suas duas mãos, o terror tomou conta dele, ao perceber que não estava sonhando, mas que estava realmente voando pelo espaço, acabando por reagir como qualquer um em seu lugar.

Entrando em completo desespero.

- AAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

XXX

De volta à Terra, no terraço do prédio onde Jonathan estava a alguns segundos atrás.

- Não pode ser... Não... Meu filho...

Tanto Luiza quanto Andressa permaneciam de joelhos, nos exatos lugares onde estavam quando a luz atingiu o topo do prédio.

Onde Jonathan estava, agora se erguia um outro homem, aparentando estar na casa dos cinquenta anos, o corpo musculoso, que parecia pertencer a alguém que se exercitava regularmente, estava cheio de cicatrizes, o cabelo estava quase inteiro grisalho, com uma ou outra mecha negra, no rosto um farto bigode cobria a boca dele, que formou algo que parecia um sorriso, ao olhar para dona Luiza.

Andressa correu para junto da mãe de seu namorado e as duas acabaram deixando de lado as diferenças, se abraçando.

- Mas... - A garota se recuperou mais rápido. - O que aconteceu? Cadê o Jon? Quem é esse cara? E por que ele tá pelado?!!!

Luiza se ergueu, parecendo finalmente recuperada, tirou a blusa que usava e entregou ao homem, que prontamente a usou para esconder suas partes íntimas.

- Obrigado Luiza... - Finalmente ele pareceu encontrar as palavras. - Meu Deus... Era hoje? Ele finalmente fez vinte e um? Justo agora? Eu... Ai!

O homem recebeu um sonoro tapa no rosto, virando o mesmo e quando voltou a olhar para a mulher diante de si, percebeu que Luiza acariciava a mão que o acertou, os olhos estavam marejados.

- Andressa... - Sem olhar para a garota, que se aproximava dos dois, Luiza tratou de apresentar o recém-chegado. - Quero te apresentar o pai do Jonathan...

Os olhos tão abertos quanto a boca, numa expressão quase cômica de surpresa, foi a resposta da garota.

XXX

- Não!!! Para!! PARA!!!

Em resposta aos gritos do jovem, ele realmente parou de seguir em frente, flutuando à deriva, como vira tantos personagens dos filmes de ficção que costumava assistir.

- E-eu... E-eu... Meu Deus... O-o que está acontecendo?

“Você foi escolhido para ser o novo Antares.”

- Heim? Q-quem... Deus?

“Na verdade sou apenas a consciência de sua armadura... Mas Deus poderia ser um bom nome...”

- Armadura?

Jonathan, agora que não estava mais se movendo, pôde olhar mais detalhadamente para seu corpo e percebeu que realmente estava trajando o que parecia ser uma armadura.

Ela era dourada e vermelha, parecendo estar sobre uma roupa basicamente preta, a mesma cor de suas luvas, que ele levou ao rosto, percebendo que vestia também algo como um elmo, que deixava apenas sua boca à mostra.

- Co-como estou respirando?

“Seu poder estelar o permite voar pelo vácuo espacial sem precisar de um suprimento de oxigênio.”

- Você está falando direto na minha mente? O que é você afinal?

“Como disse anteriormente, sou a consciência de sua armadura, estou aqui para lhe ajudar a se ajustar à experiência de se tornar o novo Antares, assim como fiz com seu pai.”

- Meu pai? - A curiosidade despertada fez com que o rapaz esquecesse momentaneamente aquela situação bizarra. - Você conheceu meu pai?

“Sim... A exatos vinte e um anos atrás ele se tornou o segundo Antares de sua linhagem, assim como foi com o pai dele.”

- Meu avô? Mas eu... Minha mãe jamais falou algo sobre o meu pai, muito menos do meu avô paterno... E-eu... Deus... Preciso respirar... Estou sufocando...

“Essa é uma reação de pânico do seu corpo, se ajustando à realidade que lhe é apresentada... Seu pai passou por algo assim e...”

- Dane-se ele!!! Me leva de volta prá casa!!! Agora!!!

“Impossível. Depois que um Antares nasce, ele não pode voltar para seu planeta natal até que sua missão se complete, ou até que seu filho complete vinte e um anos, como aconteceu com seu pai.”

- O que?!!!! Ora eu... - De repente as palavras de Andressa ecoaram nos ouvidos do rapaz. - Me leva prá algum planeta onde eu possa tirar esse capacete!!!

“Não é necessário. Você pode tirá-lo aqui mesmo e...”

- Vai se ferrar!!!! Quero ir prá algum lugar onde eu possa respirar sem esse poder!!! Agora!!!

“Quer mesmo ir para o planeta mais próximo? O que tiver atmosfera parecida com a de seu planeta natal?”

- Sim! Agora mesmo!!!

Sem receber nenhuma resposta da estranha voz, Jonathan sentiu seu corpo ser quase que arrancado, enquanto voltava a voar numa velocidade alucinante e, poucos instantes depois, ele viu que se aproximava de um enorme planeta, lembrando em muito a própria Terra, nas cenas que o rapaz vira na televisão algumas vezes.

A entrada na atmosfera criou algo como um campo de fogo ao redor dele, mas ele não sentiu nada de calor e, depois de algumas manobras que fizeram seu estômago embrulhar, ele se via pousando lentamente no que lembrava um imenso vale.

Ao redor dele o rapaz percebeu algo que lembrava vagamente árvores e rochas, mas de nenhum tipo que ele já vira na vida, mas no momento aquilo não importava.

Assim que o brilho dourado se desfez ele arrancou o capacete com desespero e, assim que o jogou para o lado, curvou o corpo e vomitou.

- Arrgghh...

“Está melhor?”

- Você... Ainda está na minha cabeça?

“É assim que funciona nossa relação... Como eu disse estou aqui para ajudá-lo a se ajustar à sua nova existência.”

- Sei... Como Antares e blá-blá-blá... - Ele pegou o capacete e esperava que o mesmo se mexesse para falar com ele, mas nada acontecia. - Como seu eu soubesse que merda é essa... Eu...

Vozes desesperadas chegaram até onde ele estava e sem pensar ele tornou a vestir o capacete, percebendo que um grupo de pessoas surgia por um dos lados de um morro próximo.

Pareciam uma adolescente e algumas crianças normais, mas assim que se aproximavam do rapaz, este percebeu que elas tinham cabelos de várias cores indo do branco até ao verde, e suas peles tinham uma estranha coloração arroxeada, com várias manchas espalhadas pelo corpo.

- Nos ajude grande guerreiro!!! - Logo as crianças o cercavam, tentando abraçar suas pernas, apenas a adolescente o olhava com alguma suspeita e ele percebeu que o olho dela era branco, com o globo preto, no entanto ela não parecia ser cega. - Nos salva!!!

Jonathan não sabia o que dizer, era a primeira vez que se encontrava com seres de uma raça alienígena e ele mal entendia como eles pareciam falar português, quando a mais velha finalmente falou:

- Sou Thar-Tae... E quem é você?

- Eu... - “Tártaro? Que raio de nome é esse?” Jonathan pensou, enquanto procurava decidir como responder. - Eu vim em paz... Hã... Levem-me ao seu líder...

- Nosso Líder? Você está falando do líder da rebelião? Ou... É amigo da tirana? Crianças, se afastem dele e...

A frase foi cortada quando o que parecia uma nave surgiu nos céus, vinda de cima do morro, o que fez as crianças começarem a gritar em desespero, com a adolescente tentando reuni-las.

Um compartimento se abriu na parte de baixo da nave e então um raio foi disparado contra o grupo que estava no chão.

Jonathan reagiu sem pensar, se colocando diante do grupo de crianças e erguendo as mãos diante do corpo.

A explosão subsequente pôde ser vista a milhas de distância.

Continua?
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+ comentários + 3 comentários

Victor (FH)
29 de setembro de 2009 às 07:45

Simplesmente ótimo !!!
Como dizia um antigo desenho : Elétrico,atômico,genial !!!

15 de setembro de 2010 às 14:19

João, meu caro, está simplesmente de mais!
Depois de tanto prometer que ia ler, eu decidi largar tudo que eu estava fazendo e começar a acompanhar Antares. Essa primeira parte tá ótima! Te pende até o fim e deixa na curiosidade pra conferir o capítulo seguinte! A preocupação da mãe do Jon fica muito bem explicada no final e as pontas bem amarradas.
Parabéns, parceiro!

15 de setembro de 2010 às 16:26

Grande Lucas!!! Fico honrado por você ter arranjado um tempinho pro Antares cara!
E que bom que você gostou!!
Me esforcei pacas pro capítulo 1 ficar bem bacana, prá prender os leitores de cara...hehehe
E a mãe do Jon sempre sendo citada... Fiquei imaginando como ela se sentiria na situação em que se encontrava (que vai ficar ainda mais clara no futuro) e acho que realmente ela parece meio chata... Mas com motivo!
Valeu mesmo pelo comentário cara! Espero que continue gostando, um abração e até mais!!!

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