Com a equipe montada, é hora do Homem-Máquina levar adiante seus planos para combater a falange. A resistência humana está ansiosa para entrar na luta ao lado de seus novos aliados robóticos, porém, os aliens têm seus próprios planos e não querem dar tempo para os terrestres.
Acompanhe agora a luta da humanidade para retomar a terra.

SM2099 – HEAVY METAL 2099
CAPÍTULO 03 – Colheita
Por Alex Nery
O centro de comando da resistência japonesa, situado no fundo do lago Ashi, é um complexo bem disfarçado. Protegido não apenas por armadilhas físicas, como minas submarinas e sensores de movimento espalhados por todo o lago, a base também conta com um forte esquema de segurança lógico para impedir que os sistemas sejam infectados pelo tecnovírus da falange. A rede possui seu próprio ultra-servidor, isolado e autosuficiente, operando em uma linguagem antiga de modo que não seja suscetível à infecção remota.
Estes e outros detalhes de segurança tornam a vida dentro da estação minimamente confortável. Apesar de saberem estar cercados pelos terríveis alienígenas invasores, as duas centenas de humanos residentes ali conseguem alguns momentos de repouso da guerra insana que travam pela sobrevivência.
Hiroshi, um dos mais jovens tenentes da resistência terminou de calçar suas botas e rapidamente saiu pelo corredor em direção à oficina da base. Já fazia uma semana desde que ele havia resgatado seu hóspede mecânico das mãos da falange e, finalmente, a “equipe” estava pronta para uma ação na linha de frente.
- E aí, Aaron? Tudo tranqüilo? – perguntou o japonês ao entrar na oficina.
Aaron Stack, o conhecido herói Homem-Máquina, voltou-se e cumprimentou o companheiro com um aceno de cabeça, logo voltando a concentrar sua atenção sobre a placa de circuitos disposta na bancada de trabalho.
- Cuidado.
A voz chamou a atenção de Hiroshi ao mesmo tempo em que algo grande e pesado passou a poucos centímetros dele. Era “Andy”, o andróide construído pelo pensador louco, que carregava uma grande caixa de madeira através da oficina sem atentar para quem estivesse em seu caminho.
- Ei, grandão! Assim vai me esmagar!! – protestou Hiroshi.
Andy chegou ao fundo da oficina, deu meia volta e retornou com o caixote, passando novamente pelo humano.
- Ele tá bugado? – perguntou Hiroshi com curiosidade.
- Não – disse novamente a voz, desta vez saindo de trás das escadas, revelando a face do Superadaptóide, ou melhor, a falta de face do avançado andróide duplicador de poderes – Aaron mandou que ele carregasse isso sem parar.
- Para quê?
- Para fortalecer sua musculatura. Anos parado o deixaram “enferrujado” – explica o Superadaptóide.
- Ahm... e você também não tem o mesmo problema?
- Sim, mas bastou circular pela base e absorver o preparo físico dos humanos.
- Absorver o...?!
- Sim.
Hiroshi não conseguiu deixar de pensar naquele momento em como o Superadaptóide se assemelhava a um vampiro: a palidez de sua pele, seu rosto sem olhos visíveis, com apenas dois orifícios nasais e uma boca, compunham uma visão assustadora para alguém mais sensível. Ele se arrepiou por isso.
O humano caminhou até a mesa do Homem-Máquina e indagou:
- E então? Estamos prontos?
O Homem-Máquina cessou seu trabalho e encarou o japonês. Seus grandes olhos vermelhos causavam estranheza, mas quando ele falava, sua voz era demasiada humana, bem diferente daquela do Superadaptóide.
- Estou concluindo os reparos do Vigilante Kree. Ainda hoje ele deve estar operacional.
- Ótimo! Estamos precisando de vocês nas operações.
- Andei tendo algumas idéias. Mas precisaremos de tempo para pô-las em prática – respondeu Aaron.
- Tempo é o que menos temos, Aaron – lamentou Hiroshi.
- Sei disso. Mas avaliei os recursos que temos aqui e, sinceramente, eles não são suficientes para derrubar a falange.
- Juntamos todo o armamento que pudemos. Acho que não existe um único lugar ao nosso alcance que não tenha sido revirado.
- Existe um.
- Onde?
- O Superadaptóide conhece um local que, provavelmente, não foi revistado.
- Impossível. Se nós não o encontramos, ele já deve ser da falange.
- Adaptóide, poderia explicar à ele?
O andróide-vampiro se aproximou da mesa.
- Existe um depósito que possui os equipamentos de que precisamos – diz o andróide sem olhos.
- Onde fica? – perguntou Hiroshi ansioso.
- Ele foi construído por uma pessoa que achou que poderia tirar vantagem do cataclisma de 2012 e se preparou para o que viria depois.
- Uma pessoa? Quem?
- Victor Von Doom.
- O DOUTOR DESTINO? O que ele tem a ver conosco?
- Como eu disse, ele pensou em tirar vantagem da destruição e erguer o mundo após o caos. Para isso, ele sabia que precisaria de um exército. Então, ele criou um depósito para guardar suas máquinas – explica o Superadaptóide.
- Onde?
- A questão não é “onde”, mas sim “quando” – murmurou o Homem-Máquina.
- Não entendi.
- Doom sabia que seus inimigos não eram pessoas comuns. Apesar de nunca reconhecer a genialidade de seus rivais, ele não os subestimaria. Por isso ele colocou o depósito fora do tempo – disse Aaron.
- Fora? Quer dizer, em outra dimensão?
- Pode usar esse termo se quiser.
- E como teríamos acesso?
- Somente Von Doom pode ter acesso ao depósito.
- Então estamos perdidos, Aaron. Destino sumiu na confusão de 2012!
- Aí é que entra o nosso amigo Adaptóide. Explique, por favor.
- Por um breve período, - explicou o adaptóide - Destino fez negócios com a IMA e eu estive presente num destes encontros. Naquela ocasião eu pude, sutilmente, absorver algumas características dele.
- Quer dizer que...
- Sim, eu posso mimetizar a mente do Doutor Destino o suficiente para permitir nosso acesso ao depósito.
- Então o que estamos esperando? Vamos nessa!!
- Destino protegeu o caminho até o depósito com algo que seus inimigos provavelmente não esperariam. Ele o escondeu com encantos místicos. Precisamos preparar um ritual...
Um estrondo ensurdecedor seguido de um forte tremor jogou andróides e homem ao chão. Atônitos, eles se ergueram tão rápido quanto puderam, todos com a mesma certeza nos olhos.
- FOMOS DESCOBERTOS!! – grita Hiroshi.
- Com certeza! – concorda o Homem-Máquina.
O centro de comando fervilhava com a agitação dos rebeldes. As luzes de alerta davam um colorido sangrento à suas faces.
- Fomos bombardeados na ala sul!! – gritou o operador de radar.
- Quero detalhes! – ordenou o capitão Rocky, um dos líderes da resistência humana.
- Algo grande atingiu o setor. Estamos sendo inundados rapidamente! – tornou a informar o operador.
- Sele as comportas da área atingida – ordenou Rocky.
- Mas, senhor... ainda temos pessoas lá! – protestou o jovem no console de equipamentos.
- Se não selarmos, toda a base estará perdida. FAÇA! – gritou energicamente o capitão, maldizendo-se por ter que tomar decisão tão trágica.
Sem contestar mais nada, o operador aciona os comandos de selagem do setor inundado.
- Senhor...
- O que é?
- Os comandos não funcionam!
No ponto de impacto do ataque, uma monstruosa coluna negra com cerca de três metros de diâmetro jazia cravada na base, atravessando dois níveis e fincando a mesma no fundo do lago, semelhantemente a um arpão que atinge seu alvo marinho. Da coluna emergiram tentáculos finos como fios de cabelo, que se arrastaram pelas superfícies tateando em busca de todo o maquinário que pudessem encontrar. Ao menor contato, as máquinas da base passam a assumir a mesma aparência negra, pontuada por pequenas luzes amarelas. A estranha onda mecânica avança rapidamente, disseminando a infecção da falange pela base rebelde.
No hangar, as empilhadeiras foram atingidas pela contaminação e se transformaram em formas semi-humanóides para, em seguida, atacarem os humanos próximos. Os soldados lutam bravamente por suas vidas.
Hiroshi agarrou sua metralhadora com força enquanto corria em direção aos sons da batalha. O Homem-Máquina levantou-se também e correu atrás do amigo humano, sendo detido pelo Superadaptóide, que o agarrou fortemente pelo braço.
- Onde vai? – pergunta o ex-andróide da IMA.
- Vou ajudá-los! – responde o herói mecânico.
- É perda de tempo, Aaron.
- Saia da frente!
- Escute, temos 40% de chance de escaparmos se os deixarmos.
- Não pode estar falando sério.
- Estou. Ficar aqui é morrer.
- Eu morrerei com eles então.
O Homem-Máquina puxou seu braço rispidamente, deixando o Superadaptóide parado em frente à porta da oficina. Andy, o andróide criado pelo Pensador Louco, observa o movimento e grunhe algo incompreensível.
- Sim, Andy. Ele é louco como os humanos... – responde o adaptóide – Vamos. Não podemos deixa-lo morrer sozinho.
Dito isto, o adaptóide fez nascer asas em suas costas e saiu voando, sendo seguido por Andy, que correu a passos largos.
A batalha se estendeu por todas as áreas. O maquinário infectado converteu-se em soldados da falange e partiu para um ataque massivo contra os humanos. Vários grupos da resistência estavam encurralados em diversos pontos da base. Hiroshi e os membros do Heavy Metal se juntaram ao grupo emboscado mais próximo da oficina.
Seis soldados lutavam para conter o avanço dos recém-construídos soldados da falange. Os aliens haviam assumido uma forma humanóide, com tronco e cabeça arredondados, de onde pendiam dois braços e duas pernas finas e longas. Uma de suas mãos era uma arma cuspidora de finos projéteis de aço e a cada disparo, a morte chovia sobre os humanos.
- Como esses malditos nos acharam? – perguntou Hiroshi em voz alta enquanto diparava contra os inimigos.
- Isso importa? – contestou Jenna, uma das companheiras de Hiroshi enquanto disparava contra os aliens.
- Ah, droga! DROGA! – Hiroshi se entregou à fúria e disparou sem cessar sobre o inimigo.
Um objeto voador circular rasgou o recinto, decepando a cabeça de três soldados aliens antes de retornar às mãos do Superadaptóide. A réplica do lendário escudo do Capitão América havia cumprido sua função.
Andy avançou como um tanque pelo meio dos inimigos, arremessando vários deles para os lados.
O Homem-Máquina também tinha sua cota da ação. Munido com duas metralhadoras, uma em cada mão, ele ergueu seus braços-periscópicos e despejou tiros sobre as unidades-falange, alcançando-os.
Mesmo apavorada, Jenna sorri ao observar os andróides lutando.
- Ei! Seus amigos lutam bearrggghhh!!! – um tentáculo negro atravessou o peito de Jenna, interrompendo-a. A rebelde tomba para trás.
- JENNNAAAAA!!! – Hiroshi não conteve o grito de terror ao ver a amiga ser atingida. Em sua mente existia o pensamento de que agora era tarde demais para dizer coisas que deveria ter dito há muito tempo. O japonês agachou-se sobre o corpo da amiga em busca de algum sinal de vida.
Explosões fizeram a base tremer novamente.
- MERDA! Não consigo contato com ninguém!!! – gritou um dos soldados batendo um comunicador no chão.
- Tem certeza, Jamal? Isso significa que a rede foi comprometida! – constatou Hiroshi, ainda observando o corpo caído de Jenna.
- Se a rede caiu, então perdemos a base inteira! – esbravejou um terceiro soldado, chamado Sloan.
Cerca de vinte novos soldados-falange surgiram pela abertura do salão onde os homens estavam resistindo. Eles abriram fogo imediatamente, impedindo que os humanos conseguissem bloquear sua entrada. Atrás da primeira linha de ataque surgiram cinco unidades diferentes, com corpo cilíndrico sustentado sobre esteiras. No topo dos cilindros, quatro bicos apontavam para as quatro direções cartesianas.
- Isso não é bom, Aaron! – disse o Superadaptóide enquanto saltava sobre um soldado-falange.
- Vamos pará-los antes que ataquem! – O Homem-Máquina estendeu suas pernas hidráulicas ao máximo e atravessou o salão em quatro passadas, descendo sobre os inimigos implacavelmente.
O fiel Andy seguiu seu líder e avançou arrancando ferozmente os membros dos aliens ao seu alcance. O Superadaptóide utilizou a habilidade do Gavião Arqueiro e disparou flechas contra vários inimigos, abrindo caminho para o Homem-Máquina.
- Com eles nós temos uma chance! – gritou Jamal.
- Espero em Deus que sim! Fogo! Fogo! – gritou Sloan.
Hiroshi limpou as lágrimas do rosto e deu as costas para Jenna. O japonês apanhou sua metralhadora e tinha uma expressão selvagem no rosto.
Não conseguiu dar nem mais um passo.
Hiroshi foi atingido pelas costas pela mão tecno-orgânica de Jenna, que imediatamente iniciou a infecção com o vírus transmodal. Seu corpo convulsionou durante os poucos segundos que levou para ser totalmente assimilado. A nova Jenna, agora uma criatura-falange, sorriu.
Aquele que era Hiroshi levantou a arma e apontou para os soldados que estavam entrincheirados, totalmente concentrados na luta à sua frente.
Massacrou-os com uma única rajada de metralhadora. Os soldados não puderam sequer reagir ao ataque covarde e morreram sem nem mesmo entender o que se passara.
O Homem-Máquina destroçou o primeiro cilindro-falange. Os soldados tentavam agarra-lo e ele sentiu ser espetado milhares de vezes em cada toque. Concluiu que tentavam infectá-lo, mas não conseguiam. O vírus simplesmente não conseguia proliferar em seu corpo robótico. Era algo em que ele simplesmente não pensara até então. Por que o vírus não o afetava? E por que ele não se preocupara com isso até então?
O frenesi da batalha impediu que pensasse mais tempo sobre isso. O que importava era que isso se tornara uma tremenda vantagem. E ele iria explorá-la.
Disparou raios congelantes das pontas dos dedos, fragilizando as carapaças das unidades-falange, para em seguida acertar fortes golpes que os despedaçavam. Andy continuava a agir como um rolo compressor, literalmente passando por cima dos inimigos.
- AARON! – utilizando uma freqüência de rádio, o Superadaptóide mantinha o contato com o Homem-Máquina. Seu grito fez com que o herói robótico olhasse na direção em que o aliado apontava.
Aaron pôde ver a chacina dos soldados, assim como a contaminação de Hiroshi e Jenna. Ficou aturdido por alguns instantes. Saiu do torpor ao sentir água em seus pés. Olhou para o Superadaptóide e percebeu que ambos pensavam a mesma coisa: a base estava irremediavelmente perdida.
Os cilindros-falange começaram a expelir um pó verde e viscoso que rapidamente se espalhou pelo ar.
O Superadaptóide destruiu alguns inimigos e posicionou-se ao lado do Homem-Máquina.
- Meus sensores dizem que isto é uma arma química letal para qualquer forma de vida – informou o andróide sem face.
- Malditos! Eles estão esterilizando a base! – praguejou o Homem-Máquina.
- Temos que sair daqui. Esta base e os humanos estão perdidos.
Aaron olhou com fúria para seu aliado. Porém, a lógica do Superadaptóide não pode ser contestada, mesmo que retrate algo tão cruel.
- Tem razão... – murmurou o Homem-Máquina.
O herói abriu um compartimento em seu braço e digitou uma sequência de números no painel que surgira.
- Prepare-se – pediu o Homem-Máquina – Andy! Venha!
O bruto andróide construído pelo Pensador Louco arremessou contra as paredes os dois soldados-falange que segurava e aproximou-se de seus amigos artificiais. Os soldados-falange restantes reagrupavam-se preparando o ataque final contra os membros do Heavy Metal, e agora em suas fileira era possível ver as faces impassíveis de Hiroshi e Jenna.
Subitamente, uma explosão destruiu a parede atrás dos heróis mecânicos, revelando o surgimento do Sentinela Kree 459, que imediatamente dispara cargas explosivas pesadas sobre os aliens. Tomados pela surpresa, os inimigos recuam.
O Sentinela agarrou o Homem-Máquina e Andy, ergueu-se ativando seus potentes jatos e voou através do concreto e metal da base já destroçada, abrindo caminho para cima, sendo seguido de perto pelo Superadaptóide. Destroços caíram por todos os lados, mas o Sentinela protegia sua “carga” com o próprio corpo. Por sua vez, executando ousadas manobras aéreas, o Superadaptóide combinava as habilidades do mutante Anjo e a intangibilidade temporária do sintozóide Visão para seguir o enorme robô kree em direção à liberdade.
O Sentinela kree voou por cerca de 4 horas, sempre mudando sua rota e emitindo sinais legítimos da frota kree, a fim de ser confundido pelos sensores da falange como uma nave aliada. Felizmente o plano dera certo e os heróis conseguiram se refugiar nos destroços de uma pequena vila agrária. Dentro de uma das casa menos destruídas, os seres artificiais descansavam da luta ferrenha e ponderavam sobre seu futuro.
O Homem-Máquina permanecia calado, sentado próximo à uma velha mesa de madeira. Andy era obrigado a permanecer sentado ou poderia destroçar o telhado da pequena casa, enquanto o Sentinela havia sido guardado na densa floresta próxima. Apenas o adaptóide permanecia vigilante, observando qualquer movimento pelas frestas da janela de madeira.
- Queria saber como eles nos encontraram – murmurou por fim o Homem-Máquina.
- Acho que descobri. Quando a água me tocou, percebi que haviam nanitas nela. O lago inteiro estava cheio deles – disse o adaptóide.
- Usados para varrer o fundo do lago... – concluiu o herói.
- Sim. Talvez a falange finalmente tenha percebido que não tinham revistado aquele lago.
- Malditos!
- Só temos um caminho agora, Aaron...
- E qual seria?
- Deixarmos o planeta.
- Nem pensar.
- Podemos conseguir. Nossos recursos combinados...
- Escute, adaptóide... Não existe fuga. Temos que nos livrar da falange ou morrer tentando.
- Calculo em 99% a probabilidade de que vamos morrer se continuarmos nisso.
O Homem- Máquina respirou profundamente.
- Ainda temos uma chance.
- Chance de quê? Os humanos estão mortos ou assimilados, o que, de maneira prática, dá no mesmo.
Aaron levantou-se e deu um soco que destroçou a mesa.
- Temos uma chance de varrer esses malditos aliens do nosso planeta! NOSSO PLANETA, entende? Fomos criados pelos humanos, mas o planeta é nosso também e eu me recuso a deixá-lo para esses malditos!
O adaptóide permaneceu calado, refletindo sobre a situação. Por fim disse:
- Estou com você, Aaron. Você me deu escolha, algo que nunca tive. Então eu escolho ficar e lutar.
- Ótimo. Obrigado.
- Mas o que faremos?
- Vamos fazer aquele ritual e achar o depósito do Doutor Destino.
Acompanhe agora a luta da humanidade para retomar a terra.
SM2099 – HEAVY METAL 2099
CAPÍTULO 03 – Colheita
Por Alex Nery
O centro de comando da resistência japonesa, situado no fundo do lago Ashi, é um complexo bem disfarçado. Protegido não apenas por armadilhas físicas, como minas submarinas e sensores de movimento espalhados por todo o lago, a base também conta com um forte esquema de segurança lógico para impedir que os sistemas sejam infectados pelo tecnovírus da falange. A rede possui seu próprio ultra-servidor, isolado e autosuficiente, operando em uma linguagem antiga de modo que não seja suscetível à infecção remota.
Estes e outros detalhes de segurança tornam a vida dentro da estação minimamente confortável. Apesar de saberem estar cercados pelos terríveis alienígenas invasores, as duas centenas de humanos residentes ali conseguem alguns momentos de repouso da guerra insana que travam pela sobrevivência.
Hiroshi, um dos mais jovens tenentes da resistência terminou de calçar suas botas e rapidamente saiu pelo corredor em direção à oficina da base. Já fazia uma semana desde que ele havia resgatado seu hóspede mecânico das mãos da falange e, finalmente, a “equipe” estava pronta para uma ação na linha de frente.
- E aí, Aaron? Tudo tranqüilo? – perguntou o japonês ao entrar na oficina.
Aaron Stack, o conhecido herói Homem-Máquina, voltou-se e cumprimentou o companheiro com um aceno de cabeça, logo voltando a concentrar sua atenção sobre a placa de circuitos disposta na bancada de trabalho.
- Cuidado.
A voz chamou a atenção de Hiroshi ao mesmo tempo em que algo grande e pesado passou a poucos centímetros dele. Era “Andy”, o andróide construído pelo pensador louco, que carregava uma grande caixa de madeira através da oficina sem atentar para quem estivesse em seu caminho.
- Ei, grandão! Assim vai me esmagar!! – protestou Hiroshi.
Andy chegou ao fundo da oficina, deu meia volta e retornou com o caixote, passando novamente pelo humano.
- Ele tá bugado? – perguntou Hiroshi com curiosidade.
- Não – disse novamente a voz, desta vez saindo de trás das escadas, revelando a face do Superadaptóide, ou melhor, a falta de face do avançado andróide duplicador de poderes – Aaron mandou que ele carregasse isso sem parar.
- Para quê?
- Para fortalecer sua musculatura. Anos parado o deixaram “enferrujado” – explica o Superadaptóide.
- Ahm... e você também não tem o mesmo problema?
- Sim, mas bastou circular pela base e absorver o preparo físico dos humanos.
- Absorver o...?!
- Sim.
Hiroshi não conseguiu deixar de pensar naquele momento em como o Superadaptóide se assemelhava a um vampiro: a palidez de sua pele, seu rosto sem olhos visíveis, com apenas dois orifícios nasais e uma boca, compunham uma visão assustadora para alguém mais sensível. Ele se arrepiou por isso.
O humano caminhou até a mesa do Homem-Máquina e indagou:
- E então? Estamos prontos?
O Homem-Máquina cessou seu trabalho e encarou o japonês. Seus grandes olhos vermelhos causavam estranheza, mas quando ele falava, sua voz era demasiada humana, bem diferente daquela do Superadaptóide.
- Estou concluindo os reparos do Vigilante Kree. Ainda hoje ele deve estar operacional.
- Ótimo! Estamos precisando de vocês nas operações.
- Andei tendo algumas idéias. Mas precisaremos de tempo para pô-las em prática – respondeu Aaron.
- Tempo é o que menos temos, Aaron – lamentou Hiroshi.
- Sei disso. Mas avaliei os recursos que temos aqui e, sinceramente, eles não são suficientes para derrubar a falange.
- Juntamos todo o armamento que pudemos. Acho que não existe um único lugar ao nosso alcance que não tenha sido revirado.
- Existe um.
- Onde?
- O Superadaptóide conhece um local que, provavelmente, não foi revistado.
- Impossível. Se nós não o encontramos, ele já deve ser da falange.
- Adaptóide, poderia explicar à ele?
O andróide-vampiro se aproximou da mesa.
- Existe um depósito que possui os equipamentos de que precisamos – diz o andróide sem olhos.
- Onde fica? – perguntou Hiroshi ansioso.
- Ele foi construído por uma pessoa que achou que poderia tirar vantagem do cataclisma de 2012 e se preparou para o que viria depois.
- Uma pessoa? Quem?
- Victor Von Doom.
- O DOUTOR DESTINO? O que ele tem a ver conosco?
- Como eu disse, ele pensou em tirar vantagem da destruição e erguer o mundo após o caos. Para isso, ele sabia que precisaria de um exército. Então, ele criou um depósito para guardar suas máquinas – explica o Superadaptóide.
- Onde?
- A questão não é “onde”, mas sim “quando” – murmurou o Homem-Máquina.
- Não entendi.
- Doom sabia que seus inimigos não eram pessoas comuns. Apesar de nunca reconhecer a genialidade de seus rivais, ele não os subestimaria. Por isso ele colocou o depósito fora do tempo – disse Aaron.
- Fora? Quer dizer, em outra dimensão?
- Pode usar esse termo se quiser.
- E como teríamos acesso?
- Somente Von Doom pode ter acesso ao depósito.
- Então estamos perdidos, Aaron. Destino sumiu na confusão de 2012!
- Aí é que entra o nosso amigo Adaptóide. Explique, por favor.
- Por um breve período, - explicou o adaptóide - Destino fez negócios com a IMA e eu estive presente num destes encontros. Naquela ocasião eu pude, sutilmente, absorver algumas características dele.
- Quer dizer que...
- Sim, eu posso mimetizar a mente do Doutor Destino o suficiente para permitir nosso acesso ao depósito.
- Então o que estamos esperando? Vamos nessa!!
- Destino protegeu o caminho até o depósito com algo que seus inimigos provavelmente não esperariam. Ele o escondeu com encantos místicos. Precisamos preparar um ritual...
Um estrondo ensurdecedor seguido de um forte tremor jogou andróides e homem ao chão. Atônitos, eles se ergueram tão rápido quanto puderam, todos com a mesma certeza nos olhos.
- FOMOS DESCOBERTOS!! – grita Hiroshi.
- Com certeza! – concorda o Homem-Máquina.
O centro de comando fervilhava com a agitação dos rebeldes. As luzes de alerta davam um colorido sangrento à suas faces.
- Fomos bombardeados na ala sul!! – gritou o operador de radar.
- Quero detalhes! – ordenou o capitão Rocky, um dos líderes da resistência humana.
- Algo grande atingiu o setor. Estamos sendo inundados rapidamente! – tornou a informar o operador.
- Sele as comportas da área atingida – ordenou Rocky.
- Mas, senhor... ainda temos pessoas lá! – protestou o jovem no console de equipamentos.
- Se não selarmos, toda a base estará perdida. FAÇA! – gritou energicamente o capitão, maldizendo-se por ter que tomar decisão tão trágica.
Sem contestar mais nada, o operador aciona os comandos de selagem do setor inundado.
- Senhor...
- O que é?
- Os comandos não funcionam!
No ponto de impacto do ataque, uma monstruosa coluna negra com cerca de três metros de diâmetro jazia cravada na base, atravessando dois níveis e fincando a mesma no fundo do lago, semelhantemente a um arpão que atinge seu alvo marinho. Da coluna emergiram tentáculos finos como fios de cabelo, que se arrastaram pelas superfícies tateando em busca de todo o maquinário que pudessem encontrar. Ao menor contato, as máquinas da base passam a assumir a mesma aparência negra, pontuada por pequenas luzes amarelas. A estranha onda mecânica avança rapidamente, disseminando a infecção da falange pela base rebelde.
No hangar, as empilhadeiras foram atingidas pela contaminação e se transformaram em formas semi-humanóides para, em seguida, atacarem os humanos próximos. Os soldados lutam bravamente por suas vidas.
Hiroshi agarrou sua metralhadora com força enquanto corria em direção aos sons da batalha. O Homem-Máquina levantou-se também e correu atrás do amigo humano, sendo detido pelo Superadaptóide, que o agarrou fortemente pelo braço.
- Onde vai? – pergunta o ex-andróide da IMA.
- Vou ajudá-los! – responde o herói mecânico.
- É perda de tempo, Aaron.
- Saia da frente!
- Escute, temos 40% de chance de escaparmos se os deixarmos.
- Não pode estar falando sério.
- Estou. Ficar aqui é morrer.
- Eu morrerei com eles então.
O Homem-Máquina puxou seu braço rispidamente, deixando o Superadaptóide parado em frente à porta da oficina. Andy, o andróide criado pelo Pensador Louco, observa o movimento e grunhe algo incompreensível.
- Sim, Andy. Ele é louco como os humanos... – responde o adaptóide – Vamos. Não podemos deixa-lo morrer sozinho.
Dito isto, o adaptóide fez nascer asas em suas costas e saiu voando, sendo seguido por Andy, que correu a passos largos.
A batalha se estendeu por todas as áreas. O maquinário infectado converteu-se em soldados da falange e partiu para um ataque massivo contra os humanos. Vários grupos da resistência estavam encurralados em diversos pontos da base. Hiroshi e os membros do Heavy Metal se juntaram ao grupo emboscado mais próximo da oficina.
Seis soldados lutavam para conter o avanço dos recém-construídos soldados da falange. Os aliens haviam assumido uma forma humanóide, com tronco e cabeça arredondados, de onde pendiam dois braços e duas pernas finas e longas. Uma de suas mãos era uma arma cuspidora de finos projéteis de aço e a cada disparo, a morte chovia sobre os humanos.
- Como esses malditos nos acharam? – perguntou Hiroshi em voz alta enquanto diparava contra os inimigos.
- Isso importa? – contestou Jenna, uma das companheiras de Hiroshi enquanto disparava contra os aliens.
- Ah, droga! DROGA! – Hiroshi se entregou à fúria e disparou sem cessar sobre o inimigo.
Um objeto voador circular rasgou o recinto, decepando a cabeça de três soldados aliens antes de retornar às mãos do Superadaptóide. A réplica do lendário escudo do Capitão América havia cumprido sua função.
Andy avançou como um tanque pelo meio dos inimigos, arremessando vários deles para os lados.
O Homem-Máquina também tinha sua cota da ação. Munido com duas metralhadoras, uma em cada mão, ele ergueu seus braços-periscópicos e despejou tiros sobre as unidades-falange, alcançando-os.
Mesmo apavorada, Jenna sorri ao observar os andróides lutando.
- Ei! Seus amigos lutam bearrggghhh!!! – um tentáculo negro atravessou o peito de Jenna, interrompendo-a. A rebelde tomba para trás.
- JENNNAAAAA!!! – Hiroshi não conteve o grito de terror ao ver a amiga ser atingida. Em sua mente existia o pensamento de que agora era tarde demais para dizer coisas que deveria ter dito há muito tempo. O japonês agachou-se sobre o corpo da amiga em busca de algum sinal de vida.
Explosões fizeram a base tremer novamente.
- MERDA! Não consigo contato com ninguém!!! – gritou um dos soldados batendo um comunicador no chão.
- Tem certeza, Jamal? Isso significa que a rede foi comprometida! – constatou Hiroshi, ainda observando o corpo caído de Jenna.
- Se a rede caiu, então perdemos a base inteira! – esbravejou um terceiro soldado, chamado Sloan.
Cerca de vinte novos soldados-falange surgiram pela abertura do salão onde os homens estavam resistindo. Eles abriram fogo imediatamente, impedindo que os humanos conseguissem bloquear sua entrada. Atrás da primeira linha de ataque surgiram cinco unidades diferentes, com corpo cilíndrico sustentado sobre esteiras. No topo dos cilindros, quatro bicos apontavam para as quatro direções cartesianas.
- Isso não é bom, Aaron! – disse o Superadaptóide enquanto saltava sobre um soldado-falange.
- Vamos pará-los antes que ataquem! – O Homem-Máquina estendeu suas pernas hidráulicas ao máximo e atravessou o salão em quatro passadas, descendo sobre os inimigos implacavelmente.
O fiel Andy seguiu seu líder e avançou arrancando ferozmente os membros dos aliens ao seu alcance. O Superadaptóide utilizou a habilidade do Gavião Arqueiro e disparou flechas contra vários inimigos, abrindo caminho para o Homem-Máquina.
- Com eles nós temos uma chance! – gritou Jamal.
- Espero em Deus que sim! Fogo! Fogo! – gritou Sloan.
Hiroshi limpou as lágrimas do rosto e deu as costas para Jenna. O japonês apanhou sua metralhadora e tinha uma expressão selvagem no rosto.
Não conseguiu dar nem mais um passo.
Hiroshi foi atingido pelas costas pela mão tecno-orgânica de Jenna, que imediatamente iniciou a infecção com o vírus transmodal. Seu corpo convulsionou durante os poucos segundos que levou para ser totalmente assimilado. A nova Jenna, agora uma criatura-falange, sorriu.
Aquele que era Hiroshi levantou a arma e apontou para os soldados que estavam entrincheirados, totalmente concentrados na luta à sua frente.
Massacrou-os com uma única rajada de metralhadora. Os soldados não puderam sequer reagir ao ataque covarde e morreram sem nem mesmo entender o que se passara.
O Homem-Máquina destroçou o primeiro cilindro-falange. Os soldados tentavam agarra-lo e ele sentiu ser espetado milhares de vezes em cada toque. Concluiu que tentavam infectá-lo, mas não conseguiam. O vírus simplesmente não conseguia proliferar em seu corpo robótico. Era algo em que ele simplesmente não pensara até então. Por que o vírus não o afetava? E por que ele não se preocupara com isso até então?
O frenesi da batalha impediu que pensasse mais tempo sobre isso. O que importava era que isso se tornara uma tremenda vantagem. E ele iria explorá-la.
Disparou raios congelantes das pontas dos dedos, fragilizando as carapaças das unidades-falange, para em seguida acertar fortes golpes que os despedaçavam. Andy continuava a agir como um rolo compressor, literalmente passando por cima dos inimigos.
- AARON! – utilizando uma freqüência de rádio, o Superadaptóide mantinha o contato com o Homem-Máquina. Seu grito fez com que o herói robótico olhasse na direção em que o aliado apontava.
Aaron pôde ver a chacina dos soldados, assim como a contaminação de Hiroshi e Jenna. Ficou aturdido por alguns instantes. Saiu do torpor ao sentir água em seus pés. Olhou para o Superadaptóide e percebeu que ambos pensavam a mesma coisa: a base estava irremediavelmente perdida.
Os cilindros-falange começaram a expelir um pó verde e viscoso que rapidamente se espalhou pelo ar.
O Superadaptóide destruiu alguns inimigos e posicionou-se ao lado do Homem-Máquina.
- Meus sensores dizem que isto é uma arma química letal para qualquer forma de vida – informou o andróide sem face.
- Malditos! Eles estão esterilizando a base! – praguejou o Homem-Máquina.
- Temos que sair daqui. Esta base e os humanos estão perdidos.
Aaron olhou com fúria para seu aliado. Porém, a lógica do Superadaptóide não pode ser contestada, mesmo que retrate algo tão cruel.
- Tem razão... – murmurou o Homem-Máquina.
O herói abriu um compartimento em seu braço e digitou uma sequência de números no painel que surgira.
- Prepare-se – pediu o Homem-Máquina – Andy! Venha!
O bruto andróide construído pelo Pensador Louco arremessou contra as paredes os dois soldados-falange que segurava e aproximou-se de seus amigos artificiais. Os soldados-falange restantes reagrupavam-se preparando o ataque final contra os membros do Heavy Metal, e agora em suas fileira era possível ver as faces impassíveis de Hiroshi e Jenna.
Subitamente, uma explosão destruiu a parede atrás dos heróis mecânicos, revelando o surgimento do Sentinela Kree 459, que imediatamente dispara cargas explosivas pesadas sobre os aliens. Tomados pela surpresa, os inimigos recuam.
O Sentinela agarrou o Homem-Máquina e Andy, ergueu-se ativando seus potentes jatos e voou através do concreto e metal da base já destroçada, abrindo caminho para cima, sendo seguido de perto pelo Superadaptóide. Destroços caíram por todos os lados, mas o Sentinela protegia sua “carga” com o próprio corpo. Por sua vez, executando ousadas manobras aéreas, o Superadaptóide combinava as habilidades do mutante Anjo e a intangibilidade temporária do sintozóide Visão para seguir o enorme robô kree em direção à liberdade.
O Sentinela kree voou por cerca de 4 horas, sempre mudando sua rota e emitindo sinais legítimos da frota kree, a fim de ser confundido pelos sensores da falange como uma nave aliada. Felizmente o plano dera certo e os heróis conseguiram se refugiar nos destroços de uma pequena vila agrária. Dentro de uma das casa menos destruídas, os seres artificiais descansavam da luta ferrenha e ponderavam sobre seu futuro.
O Homem-Máquina permanecia calado, sentado próximo à uma velha mesa de madeira. Andy era obrigado a permanecer sentado ou poderia destroçar o telhado da pequena casa, enquanto o Sentinela havia sido guardado na densa floresta próxima. Apenas o adaptóide permanecia vigilante, observando qualquer movimento pelas frestas da janela de madeira.
- Queria saber como eles nos encontraram – murmurou por fim o Homem-Máquina.
- Acho que descobri. Quando a água me tocou, percebi que haviam nanitas nela. O lago inteiro estava cheio deles – disse o adaptóide.
- Usados para varrer o fundo do lago... – concluiu o herói.
- Sim. Talvez a falange finalmente tenha percebido que não tinham revistado aquele lago.
- Malditos!
- Só temos um caminho agora, Aaron...
- E qual seria?
- Deixarmos o planeta.
- Nem pensar.
- Podemos conseguir. Nossos recursos combinados...
- Escute, adaptóide... Não existe fuga. Temos que nos livrar da falange ou morrer tentando.
- Calculo em 99% a probabilidade de que vamos morrer se continuarmos nisso.
O Homem- Máquina respirou profundamente.
- Ainda temos uma chance.
- Chance de quê? Os humanos estão mortos ou assimilados, o que, de maneira prática, dá no mesmo.
Aaron levantou-se e deu um soco que destroçou a mesa.
- Temos uma chance de varrer esses malditos aliens do nosso planeta! NOSSO PLANETA, entende? Fomos criados pelos humanos, mas o planeta é nosso também e eu me recuso a deixá-lo para esses malditos!
O adaptóide permaneceu calado, refletindo sobre a situação. Por fim disse:
- Estou com você, Aaron. Você me deu escolha, algo que nunca tive. Então eu escolho ficar e lutar.
- Ótimo. Obrigado.
- Mas o que faremos?
- Vamos fazer aquele ritual e achar o depósito do Doutor Destino.
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