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Drakoniana #2




Dragão contra Dragão. Poderá Fafnir, o Dragão exilado fazer a balança pender para o lado de Drake e Alex? Existe um artefato sagrado, que pode ser utilizado para debelar o mal dos Dragões Negros. Mas Fafnir concordará em dar esse artefato, para ajudar uma raça que ele odeia por matarem sua companheira?



Por Marcelo Moro

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Norte da Escócia

Já era muito tarde, quando Drake e Alex chegaram às montanhas que seriam a casa de Fafnir. As últimas semanas tinham sido muito sofridas, para ambos. Alex, que no pouco tempo que estava com John já o tinha praticamente adotado com pai. Drake o tinha como companheiro fiel e amigo há muitos anos. Agora ambos perderam um grande amigo, mas não estavam sozinhos, tinham um ao outro.

- Drake?

- Sim, Alex.

- Você conhece Fafnir?

- Sim, mas John não sabia.

- Como?

- John não sabia. Há alguns anos, num dos meus passeios ao norte, eu o encontrei.

- E o que aconteceu? - Alex esta terminando de trazer a lenha, e fazendo a pilha para a fogueira.

- Ele me contou a história verdadeira – Drake deu uma baforada, para acender o fogo – sobre a morte de sua companheira.

- Verdade? Como foi isso?

- Ele nunca me contou a sua origem, mas ele realmente não era um dragão de nascença. Sua companheira era. Eles se conheceram num encontro de dragões. Lá decidiram viver juntos, por isso vieram para o norte. Aqui chegando, se estabeleceram perto de uma vila, que sempre soube da existência dele, e se davam muito bem, pelo velho código. Um dia, um cavaleiro, chamado Sir Eddward Kuwyk, chegou a essa vila. Ele era um porco maldito. Sabendo da existência do dragão com uma dragonesa, ele começou a incutir história na cabeça dos aldeões. Ele dizia que eles teriam uma ninhada, e a cidade serviria de comida para os filhotes. Fez o trabalho tão habilmente, que todos eles se revoltaram. Fafnir é o mais velho de todos os dragões. Ele existe a muito tempo. Talvez seja o primeiro, talvez realmente ele fosse um feiticeiro. Bem, Sir Eddward incitou uma rebelião aos dragões, e na primeira descida que a Dragonesa fez a cidade, que eles faziam regularmente, pelo menos uma vez a cada lua, ela foi capturada e morta. Quando dissecaram seu corpo, para retirar seu sangue, que o porco queria beber para ter para si a nossa suposta imortalidade, eles descobriram que ela estava prestes a por um ovo, e o quebraram, deixando a casca ao lado do seu corpo. Fafnir, estranhando a demora, desceu para ver onde ela estava. Quando ele viu o corpo, ele foi a cidade, para ver o que tinha acontecido. Era uma noite chuvosa, então os aldeões não escutaram sua chegada. A praça daquela cidade ficava perto de um lago, muito grande. Fafnir estranhou que houvesse gente na praça com aquela tempestade, e se aproximou por dentro d’água. Ele escutou Sir Eddward se vangloriando por ter bebido o sangue da dragonesa, e quebrado seu ovo, o que o havia tornado imortal. Fafnir ficou louco com essa revelação. Ele saiu do lago, e agarrou o cavaleiro, esmagando seus ossos. Depois disso, ele destruiu a vila, com seus habitantes. Todos morreram. Se isso ainda não bastasse, ele saiu chacinando todos a sua volta, tamanho era sua decepção. Bem, aqui está o problema. Ele largou o corpo do cavaleiro, nos restos mortais da companheira, e amaldiçoou o cavaleiro a viver dentro de um corpo do dragão, para sempre, mas sem controlar.

- Mas, então. Os dragões negros...

- Sim. Fafnir os criou. Esse dragão atacou uma dragonesa vermelha, e começaram a nascer os filhotes. Naquele tempo não preocupou os dragões, como hoje, pois não se matava dragões vermelhos. Mas agora, por culpa dos negros, muito dragões vermelhos foram mortos, e não há como reverter isso. Então, ele deve ter uma maneira de reverter esse quadro.

- Mas, falta muito?

- Não. Amanhã cedo eu vou ao seu encontro. Você fica aqui.

- Não.

- Fica sim.

- Nunca. Eu vou junto e fico escondido.
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Amanhecer

Alex solta seu cavalo numa pradaria, junto com o que era do John. Sobe nas costas de Drake, que alça vôo. Ele se enrolara em várias peles, pois o norte estava enfrentando um inverno rigoroso, e voar nas costas de um dragão não tornava o tempo mais quente. Depois de algumas horas de vôo, Drake pousa numa clareira.

- Alex, fique aqui.

- Não.

- Fique aqui, é mais seguro. Fafnir não aceita humano nenhum. Se ele me vir com você, nem a mim ele vai escutar, e eu não vou conseguir dete-lo quando ele resolver matar você.

- Mas você não pode ir sozinho.

- É nossa única chance. Ela mora naquela caverna, perto do topo. Se ele sair, e eu não, se esconda, e fuja quando ele desaparece.

Alex nem teve tempo de falar mais nada. Drake já alçara vôo em direção à caverna, localizada entre as gélidas nuvens, no topo da montanha. Em questão de minutos ele já sumira de sua vista, que o fez tomar rapidamente uma decisão: a de não ficar esperando. Ele amarrou as peles, e começou a escalada.

Chegando topo, Drake se anuncia para Fafnir, e não escutando nenhuma resposta, entra na caverna. Era um lugar amplo, realmente grande. O teto da caverna, cheio de estalactites, era alto, mas tinha uma abertura, onde passava a luz do luar. Assim Drake podia contemplar o ninho do dragão. Estava com várias pilhas de ossos, e o dragão pode constatar que não havia ossada humana, somente de animais.

- Bem, pelo menos ele não está caçando humanos – diz Drake.

Do fundo da caverna, ele ouve uma voz, rouca e baixa.

- Humanos tem um péssimo gosto. Fedem, e além do mais, são pequenos. Precisaria de vários para me alimentar.

- Quem? Drake se vira para o escuro.

- Quem você veio procurar, pequenino? Se está em minha casa, é por que precisa de mim.

- Fafnir? Por que se esconde no escuro? Venha para a luz.

Drake estava esperando o gigantesco dragão com quem conversara por diversas vezes. Mas por fim. um velho dragão, cansado e arqueado aparece, não muito maior que Drake.

- Fafnir? É você? O que aconteceu?

- Estou voltando para casa, pequenino. Para tanto. Preciso me livrar desse velho corpo.

- Mas...

- Você não veio aqui para falar de mim, veio? Que conselhos você busca?

- Você está certo. John morreu. A praga dos Dragões negros está se alastrando cada vez mais. Precisamos de sua ajuda.

- Precisamos? Quem precisa? Os Dragões?

- Não. Restam poucos de nós. Os humanos...

- Não me fale em humanos. Se forem eles, que morram, todos.

- Fafnir, você sabe...

- Não sei. Humanos não me interessam mais.

- Pelo velho código, eu...

- Não invoque o velho código, Drake. Não existem mais cavaleiros que o respeitem. Por que devemos respeitá-lo?

- Por que não é o que os humanos fazem. Mas o que nós, dragões, fazemos.

- Não me interessa. Meu tempo agora é curto. Logo deixarei essa esfera, para junto de minha amada.

- Mas...

- Não. Deixe-me agora, Drake. Parta de volta para de onde veio, e se defenda.

- Não. Ele não pode fazer isso, e você deve nos ajudar – Alex finalmente chegara ao topo, e estava na entrada.

- Um humano? Você trouxe um humano a minha casa?

- Não, Fafnir. Alex ...

- Não, Drake. Pode deixar que eu me defendo. Fafnir, eu era um matador de dragões, até conhecer Drake e John. Você conheceu John?

- Não, eu odeio os humanos.

- Mas antes de odiar-nos, você tinha um amigo humano, não tinha?

- Claro, mas foi há muito tempo. Muito antes do seu tempo.

- Eu sei. E ele matou sua dragonesa, não foi?

- Claro que não? Como pode pensar uma coisa dessas? Ele era um amigo leal. Nunca fez mal a um dragão, e sempre estava disposto a nos defender.

- Então, nem todos os humanos era maus?

- Claro que não.

- Só que eles ficaram maus depois que você perdeu sua dragonesa. Drake deveria ter mais ódio dos humanos que você, pois ele não conheceu sua mãe, mas ele no odeia?

- Claro que não, responde Drake. John me ensinou a viver pelo velho código.

- Escutou, Fafnir? Você pode ter raiva de mim, pode até me matar, mas por que você tem raiva de mim? Eu posso ter matado outros dragões, mas não fui a mão que golpeou sua dragonesa. Os filhos dos aldeões que você matou, poderiam ter crescido para defenderem os dragões, mas o que você fez? Se vingou, como um humano faria. É isso que o torna melhor que nós?

- Humano. Você está brincando com sua vida.

- Não, Fafnir. Você que está brincando com a sua. Você morreu no dia que sua dragonesa o deixou. Poderia ter lutado, pela sobrevivência de outros dragões, mas o que fez, amaldiçoou até os amigos que você tinha, transformando Sir Kuwyk no monstro.

- Como...

- Drake me contou sua história. Como você criou o monstro dos dragões negros. Ele me contou como VOCÊ se tornou o maior mostro da história da humanidade. É uma pena que você tenha vivido tanto tempo. Você não merece essa dádiva.

- Alex... pare – Diz Drake, já temendo pela fúria de Fafnir. O velho dragão já estava recuperando a altivez de outrora.

- Não, Drake. Deixe o humano falar. Eu sinto verdade em suas palavras. Na minha dor, eu não pensei nas conseqüências do meu ato.

O velho dragão estava parado no meio da caverna. Ao seu lado, Drake estava numa posição que o facilitaria salvar Alex se Fafnir o atacasse. Ele agarraria o amigo e fugiria dali. Mas algo que Fafnir fez o surpreendera no momento. O velho dragão deitara, para conversar com Alex.

- Diga-me pequenino. Agora que prendeu minha atenção, e sua vida está em jogo. O que eu deveria fazer?

- Drake me falou que você pode destruir os dragões.

- Claro. Até você, um Matador de Dragões pode. É só atravessar uma lança em seus dois corações.

- Isso nós já sabemos. Precisamos de mais.

- Por que precisam de mais? Isso já não é suficiente?

- Não. Precisamos que eles desçam dos céus, para podermos atingi-los.

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Será que Fafnir irá ajudá-los? Não perca a emocionante conclusão, aqui mesmo nesse bat-canal (ops).

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